Coodetec produz inseticida biológico em laboratório

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A Cooperativa Central Agropecuária de Desenvolvimento Tecnológico e Econômico Ltda. (Coodetec), de Cascavel (PR), está desenvolvendo em laboratório o baculovirus anticarsia, um dos principais inseticidas biológicos usados no combate à lagarta da soja. O projeto piloto começou neste ano e a empresa espera produzir em escala comercial a partir de 2004, segundo Ivo Carraro, superintendente da cooperativa. A técnica de usar o baculovirus no controle da lagarta foi descoberta pela Embrapa Soja, de Londrina, na década de 1980, mas até agora todas as tentativas de produzir o vírus em laboratório - o que pode garantir maior escala - se mostrou viável economicamente. Hoje, empresas e agricultores produzem o inseticida a partir da coleta de lagartas doentes encontradas no campo, que são processadas e transformadas em um produto que contém o vírus e serve para eliminar as lagartas sadias.

Volume insuficiente - Hoje, porém, o volume que se recolhe no campo não consegue atender toda a demanda de mercado. "Na última safra, pelo menos 700 mil hectares não foram atendidos por falta de produto", diz Flavio Moscardi, pesquisador da área de entomologia da Embrapa Soja. Segundo os pesquisadores, a preocupação ambiental, o aumento da área plantada com soja orgânica e o preço atrativo - em média 30% menor do que os inseticidas químicos - ampliam o mercado do baculovirus. De acordo com dados da Embrapa, que recebe royalties de 5% sobre a venda do produto, esse tipo de inseticida biológico, vendido na forma de pó, já é usado em 1,6 milhão de hectares. O que equivale a cerca de 10% da área cultivada com soja no país. Para a Embrapa, o volume pode ser muito maior.

Produção em laboratório - Com a produção em laboratório e a montagem de um "criadouro" de lagartas, a Coodetec acredita ser possível elevar o percentual de participação do produto nas lavouras para 30% em cinco anos. "Cada 1 milhão de hectares de soja tratados pelo inseticida biológico significa uma redução de 500 mil litros de produtos químicos no campo, o que mostra um potencial de mercado enorme para esse tipo de controle biológico nos próximos anos", afirma Carraro. A intenção da cooperativa, que detém 60% do mercado nacional de baculovirus, é vender inicialmente 50 mil doses produzidas em laboratório para a próximas safra. A lagarta da soja, que se alimenta das vagens e das folhas da planta, é muito comum nas lavouras das regiões centro e sul do Paraná, onde ataca principalmente entre outubro e junho, com picos nos meses de janeiro a março.

Demanda - O inconveniente, segundo Carraro, é que enquanto não houver escala, o preço do produto feito em laboratório será entre 20% e 30% mais caro. Além da demanda das lavouras brasileiras, a Coodetec acredita que o aumento das vendas para outros países da América do Sul, onde também há a incidência da praga, pode elevar a escala de produção em um curto espaço de tempo. A cooperativa já exporta pequenos volumes para Paraguai, Argentina e Bolívia. Com 34 cooperativas associadas em diversos estados, a Coodetec prevê fechar 2003 com faturamento de R$ 32 milhões, 28% acima do registrado no ano passado. Criada em 1995 a partir do departamento de pesquisa interno do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), a empresa atua também na área de melhoramento genético, comercialização e produção de sementes.

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