Consumidor está pagando menos pelo leite
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A queda do dólar, o aumento das importações e o crescimento da produção leiteira do Brasil contribuíram para uma redução de preço do leite. Para o consumidor, o preço do litro caiu, em média, 15% nos últimos dois meses. A caixa de um litro do leite longa vida - o campeão de consumo - que em maio chegou a ser comercializada por R$ 1,40 (a marca mais barata do mercado), atualmente, custa R$ 1,25 nos supermercados. Para os produtores, a queda foi ainda maior: cerca de 10% no preço do litro. Durante o ano passado e no início de 2005 o leite estava valorizado no mercado interno. O custo no Brasil chegou, inclusive, a ser superior aos praticados na Argentina e no Uruguai, países vizinhos e concorrentes. ''O mercado interno não suportou o preço alto e com a desvalorização do dólar frente ao real, as importações cresceram'', explica Elias José Zydek, diretor-executivo da Cooperativa Frimesa, de Medianeira (58 quilômetros ao norte de Foz do Iguaçu).
Importações - No primeiro semestre deste ano, as importações de leite em pó e derivados foram 52% maiores do que no mesmo período do ano passado. Além deste fator, a produção nacional aumentou entre 6% e 8% nos primeiros seis meses do ano, enquanto o consumo interno não acompanhou o crescimento. ''O consumo de leite não acompanhou o crescimento vegetativo da população. Além disso, de um modo geral o comércio de derivados de leite caiu 8% neste primeiro semestre do ano'', afirma Zydek. Ele acrescenta ainda que as vendas de iogurte caíram 30%, e as de queijo, 12%.
Produção - A produção brasileira de leite é de 23 bilhões de litros por ano. O Paraná é o quarto maior produtor nacional e responde por cerca de 10% da produção. São mais de 50 mil produtores de leite. Os três maiores Estados produtores são Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Goiás, respectivamente. Segundo dados do Conselho Paritário de Produtores e Indústrias de Leite do Paraná (Conseleite), em maio, do total da produção estadual, 47% foram de leite UHT (longa vida); 13,3% leite em pó; 9,7% comércio de leite cru entre as indústrias; 6,6% para queijo prato; e o restante para fabricação de outros produtos.
Previsão de queda - A tendência é que o preço do leite caia ainda mais para o atacado. Se isso ocorrer, o custo também vai refletir para o consumidor. Entre março e abril, o preço variava entre R$ 1,17 e R$ 1,20; já em meados de junho, houve uma queda para R$ 1,07. ''A tendência é que o preço caia para próximo de R$ 1'', avalia Marcos Barreto Vaz, responsável técnico de Qualidade do Leite e Logística da Cooperativa Castrolanda, de Castro (41 quilômetros ao norte de Ponta Grossa). Na região, o custo de produção é de R$ 0,51. Em junho, o preço pago era de R$ 0,61 o litro; neste mês, já caiu para R$ 0,54. ''Em agosto ficaremos com déficit. Mas acreditamos que em agosto o mercado vai reagir'', prevê Vaz. Na região de Medianeira, em épocas de pico, os produtores chegaram a receber R$ 0,60 por litro, mas a tendência é que o valor recebido fique entre R$ 0,40 e R$ 0,42 por litro.
Exportações - Neste ano, de país importador de leite e derivados, o Brasil passou a exportador. No primeiro semestre do ano, foi comercializado leite em pó, queijo e leite condensado para países da Europa, América do Sul, Ásia e para o México. Esse comércio contribuiu para que os preços permanecessem estáveis e acompanhassem a cotação dos últimos dois anos. ''Mas a queda do dólar - que inviabilizou as exportações - aliada ao aumento na produção de leite está gerando um excedente interno há três meses'', afirma Wilson Thiensen, presidente do Sindicato da Indústrias do Leite e de Laticínios do Paraná (Sindileite). (Folha de Londrina)