COMPLIANCE DAY: ESG não é tendência, já é realidade, diz especialista

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Empresas listadas na B3 (Bolsa de Valores do Brasil) que adotam boas práticas ESG (governança ambiental, social e corporativa) tiveram um retorno financeiro 615% superior ao Ibovespa nos últimos 12 anos. Oito dos dez maiores riscos à propriedade econômica futura estão ligados às questões socioambientais (dados do Fórum Econômico Mundial). Quatro, em cada cinco brasileiros, consideram importante a atuação de empresas em ações relacionadas à ESG e 69% dos executivos C-Level (aqueles que ocupam as maiores posições dentro de uma empresa) afirmam que conhecer temas sobre sustentabilidade é necessário para o sucesso.

Palestra - Os dados e informações foram apresentados por Flavia Feliz, mestre em Ciências em Empreendedorismo Social pela University of Southern California (EUA) na palestra “Compliance e ESG, o que isso tem a ver?”, apresentada no 4º Compliance Day do Sistema S, realizado na manhã desta quarta-feira (24/3), na sede da Federação da Agricultura do Paraná (Faep/Senar), em Curitiba. “Tudo isso comprova que ESG não é mais tendência, mas, sim, já é realidade”, disse a palestrante, que tem experiência desde 2009 em projetos de impacto socioambiental em instituições públicas, organizações sem fins lucrativos, empresas e universidades. Além do Brasil, ela já atuou na Itália, Ilhas Maurício e Estados Unidos.

Regra do jogo - Chamando a atenção da plateia sobre a relevância e urgência da adoção das práticas de ESG dentro das organizações, a palestrante destacou que “mudou a regra do jogo”. Segundo ela, quem não faz espontaneamente, agora terá que fazer por obrigação. “Os bancos não liberam crédito para quem não tem compromisso com ESG. E há linhas específicas, mais vantajosas, para quem tem esse comprometimento. O risco vai além, segundo ela. “Já vi empresas perderem a chance de fechar contrato por conta da não conformidade”, declarou, acrescentando que não é preciso (e nem é possível) fazer tudo de uma vez, há etapas, mas é importante começar e avaliar sempre a relação custo/benefício. “Às vezes, o barato sai caro. Há o risco da perda reputacional, de processos trabalhistas e da perda de clientes”, acrescentou. 

Impacto - O tema da 4ª edição do Compliance Day foi escolhido pelas entidades que integram o Sistema S - Fecomércio (Sesc, Senac), Sistemas Fiep (Sesi, Senai), Faep (Senar), Sistema Ocepar (Sescoop/PR), Fetranspar (Sest e Senat) e o Sebrae – pela relevância no dia a dia das organizações e no impacto nos negócios e em toda a sociedade.

Descomplicar - Na palestra, Flavia falou sobre a relação direta do Compliance com ESG e como descomplicar esse conceito e incorporar na vida profissional. “Não é nada de muito diferente do que cada empresa já está fazendo. A grande questão é passar a olhar de que forma se pode gerar um impacto mais positivo do que negativo”, observou. Ela citou a criação de recentes leis que já tornam obrigatórias práticas diretamente ligadas à ESG, como o mercado de carbono (ambiental), a igualdade salarial e critérios remuneratórios entre gêneros e o combate ao assédio sexual e outras violências (essas duas ligadas à questão social) e a lei anticorrupção (ligada à governança).

Legado - Conhecer políticas e códigos de conduta das organizações, agir com ética e integridade, reportar irregularidade, questionar práticas duvidosas, buscar mais conhecimento sobre compliance são algumas das iniciativas que os trabalhadores de uma organização podem adotar para fazer a sua parte, de acordo com a palestrante. Nessa linha, Flavia elogiou a iniciativa do Sistema S do Paraná por ter um dia no ano dedicado ao tema – o Compliance Day. “Ter um dia no ano que mobiliza toda a comunidade do Sistema S é muito importante” declarou.

Degenerativo e Regenerativo - “A grande ideia aqui é passar a questionar o sistema como ele sempre foi (e ainda é) – degenerativo – e buscar um modelo regenerativo”, pontuou Flavia. “Compliance não é só sobre seguir regras. É sobre construir um legado de integridade”, completou.

Grupo de Trabalho - Falando em nome do presidente da Faep, Ágide Meneguette, o diretor da entidade Livaldo Gemin informou que “desde 2020, quando as entidades do Sistema S no Paraná montaram um grupo de trabalho sobre Compliance, o tema vem sendo trabalhado e a cultura da governança e gestão faz parte do nosso dia a dia, com o compartilhamento de iniciativas e boas práticas”. Gemin acrescentou que mais de 8 mil colaboradores estão envolvidos no Compliance Day, evento que já faz parte do calendário do Sistema S.

Participações - O superintendente da Fecoopar, do Sistema Ocepar, Nelson Costa, participou da 4ª edição do Compliance Day. Foi Costa quem sugeriu a criação do grupo de trabalho sobre o tema, em 2020, em função de, na época, o assunto já estar em pauta nas cooperativas do Paraná.  Também participaram do evento o presidente da Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Paraná (Fetranspar/Sest/Senat), Sérgio Malucelli, e a diretora de Sustentabilidade do Sistema Faep, Fabiana Campos.

FOTOS: Assessoria Sistema Faep

 

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