COMO A CRISE DA RGENTINA PODE AFETAR O BRASIL

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Ainda é cedo para prever como se comportará, nas próximas semanas e meses, a economia da Argentina, que será gerenciada pela equipe do presidente eleito Eduardo Duhalde. Analistas temem que se depender da experiência de Duhalde, o futuro será sombrio. Durante seus oito anos como governador da província de Buenos Aires (1991 a 1999), o déficit fiscal da província passou de US$ 340 milhões para US$ 1,564 bilhão e o número de funcionários públicos pulou de 282 mil para 404 mil, enquanto o governo federal tem apenas 250 mil empregados. Cresceu o emprego público, enquanto o nível desemprego, em geral, subiu de 5,3% para 14,4% na província que governou. Essa experiência tira um pouco da necessária credibilidade do novo presidente. Veja as principais medidas do novo governo e como podem influenciar na economia brasileira.

Paridade - O fim da paridade entre o peso e dólar, com a conseqüente desvalorização do peso na ordem de 30 a 40%, por enquanto não deve causar maiores impactos nas relações comerciais entre Brasil e Argentina. Os negócios entre as duas principais forças do Mercosul seguem com o freio de mão puxado. As exportações brasileiras para a Argentina caíram 50%, em 2001. A participação das vendas para a Argentina, que era de 13% em 1998, estão hoje em torno de 10%. Porém, há preocupações quanto ao percentual de desvalorização do peso pois, caso os 30 ou 40% especulados não sejam suficientes, e o percentual suba para mais de 40%, as importações serão facilitadas e as exportações ficam mais complicadas.

Exportações - As exportações do Paraná para a Argentina encolheram 17% até outubro do ano passado. Mesmo assim, a Argentina ainda é o segundo principal destino dos produtos paranaenses. Fica atrás apenas dos Estados Unidos. Para os argentinos, o Paraná vende automóveis, papel, bombas injetores, café e carne suína. Compra principalmente trigo, petróleo e derivados, que fazem com que a balança comercial seja favorável aos portenhos.

Avaliação da Fiep - Apesar de a paridade entre o dólar e o peso ter acabado apenas em algumas operações bancárias, o novo governo do peronista Eduardo Duhalde já deixou claro que vai desvalorizar a moeda nacional entre entre 30% e 40%. Depois, a flutuação será livre. O presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), José Carlos Gomes Carvalho, em entrevista à Gazeta do Povo desta quinta-feira, comemorou a medida: "Tudo o que os argentinos fizeram até agora foi paliativo. Somente a desvalorização vai resolver a crise". Para Carvalho, agora os argentinos terão de experimentar um remédio mais amargo porque demoraram muito para mexer no câmbio.

Ocepar - Na avaliação do gerente Técnico e Econômico da Ocepar, Nelson Costa, ?a agricultura brasileira já sofreu reflexos negativos, principalmente de 1994 a janeiro de 1999, quando a taxa de câmbio estava controlada artificialmente e os produtos de origem agrícola argentinos tomaram o lugar dos produtos brasileiros, desestimulando a produção nacional de trigo, algodão, leite, feijão e uma série de outros produtos?. Costa afirma que ?é importante ficarmos atentos para as mudanças que deverão ser anunciadas nos próximos dias. O restabelecimento da Argentina, o mais rápido possível, interessa muito ao Brasil?. Acrescenta, no entanto, que ?a agricultura brasileira não deve funcionar, neste momento, como moeda de troca, como ocorreu na implantação do Plano Real, quando o mercado brasileiro foi invadido por alimentos argentinos em detrimento dos nossos?.

Faep - O coordenador do departamento técnico e econômico da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Carlos Augusto Albuquerque, disse que não tem notícia de produtores em dificuldade por conta de falta de pagamento de importadores argentinos. Além disso, a desvalorização do peso não muda a relação entre os dois países. "No futuro pode até melhorar. Continuaremos comprando o trigo argentino mas, com o restabelecimento da economia, a tendência é que eles aumentem as importações dos nossos produtos", acredita Albuquerque. (Fonte: Gazeta do Povo).

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