CLIMA II: UE estuda elevar corte de emissões para 30%
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As metas europeias de redução de emissões de gases do efeito estufa deveriam ser elevadas drasticamente, defenderam três dos países mais influentes na União Europeia (UE), em um anúncio surpreendente que deverá ser muito mal recebido por empresas da região. Ministros da Alemanha, França e Reino Unido assinam na edição de hoje do jornal britânico "Financial Times" um artigo no qual defendem que a UE reduza as emissões em 30% até 2020, em vez da atual meta, de 20%. É a primeira vez que os três governos veem a público defender juntos a ideia.
Unilateral - Elevar a meta de forma unilateral não seria difícil, dizem os ministros, e evitaria que a Europa ficasse para trás na corrida mundial por tecnologias "limpas". "Se ficarmos com o corte de 20%, a Europa provavelmente perderá a corrida para concorrer num mundo de baixas emissões de carbono para países como China, Japão ou EUA, que buscam criar um cenário mais atraente a investimentos para reduzir as emissões", diz o texto.
Pesquisa - Uma pesquisa da Bloomberg New Energy Finance mostrou nesta semana que a China saltou à frente nos investimentos em tecnologia "limpa", atraindo US$ 40,3 bilhões nos últimos 12 meses, contra US$ 29,3 bilhões da Europa. A decisão dos três países reabre, porém, um debate que a maioria das empresas considerava resolvido. Em maio, a Comissão Europeia informou que uma redução de 30% custaria €22 bilhões a menos do que se imaginava, pois a recessão havia reduzido as emissões. Mas, diante de protestos das empresas, a CE admitiu que uma elevação da meta teria de aguardar "o momento apropriado".
Reviravolta - A iniciativa de hoje marca uma reviravolta para a Alemanha, que se opunha à iniciativa unilateral de elevar a meta a 30%, preferindo a promessa anterior da UE, de só elevar sua meta se outros países mostrassem ambições semelhantes, o que não aconteceu na cúpula do clima do ano passado em Copenhague. A França também manifestou fortes reservas, mas o Partido Liberal Democrático do Reino Unido conseguiu que a coalizão de governo apoiasse a mudança.
Oposição - Influentes grupos empresariais europeus se opõem à meta mais alta. "Uma medida unilateral por parte da UE poderá colocar os produtores em situação desfavorável, submetendo-os a custos mais altos em relação a seus concorrentes internacionais", disse Neil Bentley, diretor da CBI, no Reino Unido. Gordon Moffat, diretor-geral da Eurofer, a associação de siderúrgicas europeias, disse: "Seria absurdo tomar a recessão econômica como justificativa para metas mais ambiciosas e mudança climática". Alguns setores, no entanto, incluindo os que têm interesse em tecnologia verde, apoiam a meta mais rigorosa. (Financial Times/Valor Econômico)