CENÁRIOS II: Horizonte favorece avanço do Brasil
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O Brasil aumentará as exportações de praticamente todas as suas principais commodities agropecuárias, apesar da tendência de o real valorizado limitar o aumento dos embarques a um nível inferior ao de anos recentes, afirmam OCDE e FAO no relatório conjunto "Perspectivas Agrícolas 2011-2020". O aumento das vendas brasileiras ocorrerá em um cenário no qual o comércio agrícola mundial deverá crescer apenas 2% ao ano, em média, metade da taxa da década passada. As entidades acreditam que haverá aumentos modestos de produção nos exportadores tradicionais, de um lado, e maior produção doméstica por importadores para atender suas demandas, de outro.
Expansão substancial - Em todo caso, haverá uma expansão substancial no comércio de alguns produtos agrícolas até 2020. A expectativa é que o volume de exportação cresça mais de 20% nos casos de açúcar, arroz, grãos forrageiros e oleaginosas, principalmente o óleo de palma produzido em grande escala por Indonésia e Malásia, em mais um exemplo de que mesmo que alguns países desenvolvidos continuem exportadores dominantes de vários produtos, as fatias de mercado estão gradualmente aumentando para os emergentes.
Tendência - Exportadores dos principais cereais, como Rússia, Ucrânia, Cazaquistão e outros da Europa do Leste e da Asia Central tendem a avançar rapidamente, embora a partir de uma base relativamente baixa. O crescimento do comércio de carnes de alto valor agregado pelos EUA também está previsto. Já as exportações da União Europeia vão estagnar por causa da baixa produção e do euro forte. No lado das importações, espera-se um rápido crescimento na Africa do Norte e no Oriente Médio, em razão da maior renda do petróleo. Na África subsahariana, a demanda adicional não será atendida pela produção doméstica.
Cereais - Mas também surge um novo "ambiente" no comércio de cereais. Para o trigo, o comércio mundial é relativamente estável. Mas o grupo de exportadores tradicionais - como EUA, Canadá, Austrália, Argentina e União Europeia - está diminuindo e poderá representar menos de 60% até 2020. Já a fatia da Rússia e de outros fornecedores novos tende a aumentar para 30%.
Oleaginosas - A exportação de oleaginosas, por sua vez, continuará crescendo mais rapidamente do que a de outros produtos, com a América do Sul reforçando sua posição de líder mundial. No entanto, a Argentina, baseada na soja, poderá perder fatias de mercado em óleos vegetais justamente para Indonésia e Malásia, já que destina parte de sua produção para biodiesel.
Açúcar - As exportações de açúcar continuarão dominadas pelo Brasil, com sua fatia de mercado superior a 50% do comércio mundial e, na prática, o grande formador dos preços internacionais.
Carnes - No comércio de carnes, o Brasil é igualmente o exportador dominante. Mas os EUA deverão aumentar sua presença no mercado de carne bovina e se tornarem o maior exportador de carne suína. As exportações de produtos lácteos continuarão a crescer a partir da Oceania, mas outras fontes vão entrar no mercado.
Pescados - Os pescados, finalmente, continuarão a ser amplamente comercializados internacionalmente, com 38% da produção sendo exportada até 2020. Os países desenvolvidos serão os principais importadores, e os países em desenvolvimento, os maiores vendedores. (Valor Econômico)