CELEBRAÇÃO: Cocamar, passado, presente e futuro em seis décadas

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Na última sexta-feira (14/07), a Cocamar celebrou seus 60 anos de fundação, com evento que contou com a presença de 800 convidados, no Paraná Expo, em Maringá, na região Noroeste do Estado. Na ocasião, os seus três principais líderes fizeram um discurso criativo, em que cada um falou um pouco do passado, presente e futuro da cooperativa nessas seis décadas de existência e das que ainda estão por vir.

Passado - O primeiro a falar foi o presidente do Conselho de Administração, Luiz Lourenço, que está na cooperativa desde a década de 1970 e teve o desafio de contar um pouco do que foi a história nesses 60 anos. Lembrou que a cooperativa iniciou suas atividades alicerçada na produção de café. “O aeroporto de Nova Esperança era o terceiro em número de aviões no Paraná, devido às condições que a cafeicultura proporcionava na época aos produtores. O Estado era um grande produtor, mas o preço era baixo a qualidade ruim, o produtor estava quebrado, mesmo com o preço de garantia do governo. Nessa época, surgiram cooperativas de cafeicultores em várias regiões do Noroeste e Norte do Paraná. E assim que 46 produtores resolveram fundar a Cocamar em 1963 e já em 1967 estava quebrada, não havia possibilidade de resolver um problema daquele tamanho”, destacou.

Alternativas - Lourenço recorda que então foi trocada a diretoria e três novas lideranças assumiram com a missão de liquidar a cooperativa. “Não conformados com essa missão, eles começaram a ver quais alternativas seriam possíveis para a cooperativa continuar e foi aí que ela entrou na produção de algodão. Com uma excelente safra e um bom corretor, conseguimos pagar todas as dívidas com os produtores de café e fornecedores. Em seguida, surgiu o cultivo da soja na região, que foi tomando espaço. Nessa época, em 1972, entrei para trabalhar na cooperativa”, lembrou. Foi nessa ocasião que a cooperativa construiu o primeiro armazém graneleiro com fundo em “V” do Paraná e com capacidade de 500 mil sacas.

Paolinelli - Lourenço fez questão de registrar o apoio importante que o ex-ministro da Agricultura, Alysson Paolinelli, deu para a cooperativa. “Paolinelli era mineiro igual o presidente Constâncio Pereira Dias e aconselhou a cooperativa realizar novos investimentos, entre os quais uma indústria de esmagamento de soja e, na época, os juros eram baratos e os subsídios eram grandes do governo. Gastamos 10 milhões de sacas de soja para fazer a indústria e pagamos apenas com 2 milhões de sacas, 80% do investimento da indústria desapareceu com os subsídios”. Em seguida, a cooperativa passou a entrar na fiação, refino de óleo, projeto da laranja, cana-de-açúcar etc. “No projeto laranja, levamos uma lambada, pois o governo nos incentivou a investir e depois mudou o governador e fomos esquecidos. Mesmo assim, deixamos a marca da produção da laranja na região Noroeste do Paraná”.

Década perdida - “Nos anos 1980, conhecido por todos como a década perdida, tínhamos um câmbio paralelo 220% maior que o oficial. Lembro que colocávamos cinco sacas de café numa camionete que ia até o Paraguai vender porque valia a pena. Tudo isso nos levou a uma crise e, em 1989, fui convidado a me candidatar à presidente da cooperativa e ganhei a eleição. O desafio foi reestruturar a cooperativa, ter que mandar funcionários embora, desligar cooperados. Teve uma época que nem podia sair de casa, era uma pessoa não grata”, comentou Lourenço. Na sequência, 1990, veio o Plano Real, “quando os preços foram fixados, mas os juros não, então encarei outra crise e acabamos resolvendo e negociando tudo com o Recoop, programa de revitalização criado pelo governo”, disse.

Sucessão - Segundo Lourenço, o grande desafio do cooperativismo é o processo sucessório. “Precisamos e devemos fazer esta transformação na gestão das cooperativas, preparar as pessoas para transformar a estrutura cada vez mais profissional, com gestores contratados. Fomos a primeira cooperativa do Brasil a fazer essa mudança estatutária e que deu certo e hoje temos uma diretoria executiva e trabalhando muito duro para o crescimento da Cocamar”, frisou o dirigente.

Presente - Já o momento atual vivido pela cooperativa foi apresentado pelo presidente-executivo da Cocamar, Divanir Higino, o Didi. “Chegamos nos 60 anos no melhor momento vivido pela cooperativa, com uma maturidade ímpar, com posição de solidez, rentabilidade, faturamento, relacionamento, identificação de parceiros legítimos. Tivemos um início de 2023 muito bom, com recorde de recebimento da soja, apesar dos preços não estarem ajudando muito e, nos próximos dias, iniciaremos a colheita da safra de milho que, tudo indica, será uma supersafra, mesmo com tantos desafios, como armazenamento e comercialização”, lembrou.

Crescimento - Higino lembrou que a cooperativa vem investindo e crescendo em sua base territorial. “Este é um dos pilares do nosso planejamento. Primeiro trabalhar mais perto de onde nós estamos, em especial na região do arenito e, depois, em outros estados, como Mato Grosso do Sul e São Paulo, onde nós já estamos. Mais recentemente, demos um salto maior ao abrirmos nossa primeira unidade em Goiás e no Mato Grosso. Sem deixarmos de dar toda atenção ao nosso cooperado aqui perto, mas pensando em conquistar resultados adicionais em outros estados. Em cada localidade que chegamos, somos reconhecidos pelas mudanças que proporcionamos, seja para o cooperado, para o colaborador ou para a comunidade no entorno”. Ele destaca que a cooperativa também tem tido um crescimento vertical na agroindustrialização, agregar valor cada vez mais para a produção e gerar mais renda aos cooperados. Entre esses investimentos destacou biodiesel, fertilizantes foliares, ração, moinho de trigo, concessão da John Deere na região.

Recursos Humanos - O presidente-executivo destacou todos os investimentos realizados pela cooperativa na capacitação e no melhor preparo não só dos seus gestores, mas também para cooperados e colaboradores. “Criamos nossa universidade coorporativa no desenvolvimento e no preparo dessas pessoas para que ocupem posições de destaque na cooperativa. Estamos hoje também com todo o time de superintendentes e diretoria formados aqui mesmo, com foco em nosso negócio”.

Indutora - Uma das características marcantes da Cocamar é incentivar a criação de novas cooperativas na região. Segundo Higino, ao longo do tempo, “foram várias cooperativas constituídas com nosso apoio”. “Aqui dentro nasceu a Unimed Maringá, Uniodonto, Credimar, que hoje é o Sicredi Dexis, ou seja, a maior cooperativa singular de crédito do país nasceu dentro da Cocamar. A Unicampo, Pluricoop, Coopesoli e tantas outras também tiveram origem ligada a nós. Por isso, temos essa característica de ajudarmos e de que as pessoas sejam valorizadas”, destacou.

Gestão - Há 10 anos, a Cocamar implantou o novo modelo de gestão, onde o Higino tomou posse como presidente-executivo, ao lado do vice-presidente, José Cícero Aderaldo. “Nos inspiramos no modelo do sistema de crédito, que era uma exigência do Banco Central, mas não tinha sido testado nas cooperativas do agro e nós tivemos a ousadia de implementar aqui. Ousadia sempre foi uma marca da cooperativa, desde sua fundação, com Cassiano Gomes dos Reis, Constância Pereira Dias e tantos outros dirigentes que por aqui passaram. Luiz Lourenço, uma liderança visionária, inspiradora e que sempre enxerga algo além daquilo que estamos vendo, trazendo toda essa base de capacitação e de formação. Ele nos disse: ‘vamos fazer essas mudanças, separar o que é estratégico daquilo que é de interesse do cooperado e contratar novos executivos para colocar em prática as decisões e estimular novas oportunidades e novos negócios para garantir este crescimento que vivemos atualmente’”. Higino finalizou: “a cooperativa está aqui para servir ao cooperado!”

Futuro - O vice-presidente executivo da cooperativa, José Cicero Aderaldo, o Zico, falou sobre o futuro da cooperativa, projetos e novos desafios para as próximas décadas. “Se você está aqui hoje, com certeza de alguma forma você ajudou a assentar um tijolo nessa grande construção que é a Cocamar. Somos muito privilegiados por podermos comemorar esta data, afinal, são poucas empresas que chegam aos 60 anos”, frisou. Ele comparou este momento a uma série de TV, “onde estamos terminando uma temporada, concluindo essa década, superando de longe todas as outras que a Cocamar já viveu. A história da cooperativa é contada em muitos capítulos e coube a nós escrever o de agora e preparar os próximos enredos, para o futuro. Preparar a cooperativa e os cooperados para os desafios das próximas décadas. O Luiz falou do passado o Didi do presente e eu tenho a missão de tentar falar sobre o nosso futuro, o que nos enxergamos a longo prazo”, frisou.

China - “Nos últimos 20 anos o mundo dobrou o consumo de soja, mas a China multiplicou por cinco, devido ao crescimento da economia e da renda da sua população. Por isso ela é hoje a maior importadora de alimentos do mundo. E foram os avanços da agricultura brasileira e dos cooperados da Cocamar que os colocaram de prontidão aproveitar essas oportunidades”, comentou Zico. Segundo ele, “este mesmo cenário já está acontecendo na Índia, na Indonésia, Tailândia, Rússia, México e vai acontecer no Brasil também”.

Demanda mundial - “Todas as consultorias internacionais colocam que as maiores economias do mundo em 2040 serão todas essas que acabei de citar anteriormente. Não serão os países europeus. E qual é a semelhança desses países? Seu enorme contingente populacional, que virão para o mercado de trabalho, que terão seu primeiro salário e que vão ganhar melhor, virão para a cidade, ganharão dinheiro e vão comer melhor. Por isso precisamos estar preparados para atender toda esta demanda mundial por alimentos”, frisou o vice-presidente executivo.

Desafios - “Os desafios são enormes” – frisou Zico – “mas, enormes também são as oportunidades. Uma coisa é fato, o mundo precisa do nosso trabalho, do nosso otimismo. Estamos fazendo um bom trabalho, afinal dobramos a produção de soja, triplicamos a de milho e nós mais do que dobramos o tamanho da Cocamar a cada cinco anos. Foi um grande feito, mas que não mais será suficiente para as próximas demandas. A gente fala para nossos cooperados, ajusta o banco, afivela o cinto e vamos acelerar, porque o futuro é a gente que faz e nós temos uma oportunidade de ouro na mão e que a gente possa ter sucesso nesta nova jornada e que a Cocamar possa comemorar seus próximos anos com esta vitalidade, que conjuga a experiência do seu passado e a ousadia inovadora que sempre foi a principal marca da cooperativa”, finalizou.

Sistema Ocepar - O presidente José Roberto Ricken, que não pode estar presente na celebração dos 60 anos da Cocamar, devido sua participação em evento da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), em Bruxelas, gravou uma mensagem em vídeo que foi apresentada para todos os presentes. Ricken afirmou que “é um grande orgulho ter a Cocamar como uma das integrantes do Sistema Ocepar e quero agradecer, de uma forma especial, por tudo que ela já fez em prol do cooperativismo brasileiro. Não são muitas empresas ou cooperativas que conseguem completar 60 anos de história. E, para chegar a esse patamar, essas empresas têm algumas características importantes. A primeira é que elas são necessárias no ambiente onde estão atuando e a segunda é que tem muita gente interessada no que ela faz. E os cooperados têm muitos interesses nos negócios e que ela é viável e traz resultados, esta sua terceira característica. E o quarto motivo é que, técnica, jurídica e tributariamente ela está muito bem e tem um excelente modelo de gestão. Essas combinações de fatores levam ao sucesso da cooperativa, mesmo tendo passado por algumas crises ao longo de sua história. Então, parabéns a todos e longa vida para Cocamar”, destacou.

Cooperativa - Fundada em 27 de março de 1963, atualmente a cooperativa conta com cerca de 19 mil cooperados e quatro mil funcionários e por um faturamento em 2022 de aproximadamente R$ 11 bilhões, um avanço superior a 15% no comparativo com 2021 e números altamente positivos em todas as suas áreas. Dona de um dos maiores e mais diversificados parques industriais do cooperativismo brasileiro, em Maringá e região, a Cocamar opera com indústria de processamento de soja, refino e envase de óleos vegetais, biodiesel, rações, fertilizantes foliares, fios têxteis, produção de bebidas à base de soja, néctares de frutas, maioneses, mostarda, catchup, café torrado e moído, álcool doméstico e farinha de trigo. Presente nos estados do Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul, conta com 110 unidades que prestam atendimento aos cooperados produtores de soja, milho, trigo, café, laranja e pecuária e realizam, também, o envolvimento de suas famílias no sistema cooperativista.

ILPF - Sempre na vanguarda, a Cocamar começou, há duas décadas, a incentivar o programa de integração lavoura-pecuária floresta (ILPF) – ainda uma de suas principais bandeiras. Por meio da ILPF, pastagens degradadas são incorporadas ao moderno processo produtivo, promovendo uma transformação econômica nas regiões. As práticas sustentáveis são muitas e incluem a cogeração de energia elétrica no parque industrial, suprindo a maior parte de sua demanda.

Presenças - O evento foi prestigiado por diversas autoridades, entre as quais o vice-governador Darci Piana, o prefeito de Maringá, Ulisses Maia, a ex-governadora Cida Borghetti, o representante do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, Wilson Vaz de Araújo, os deputados federais Ricardo Barros e Luiz Nishimori e o secretário da Agricultura do Paraná, Norberto Ortigara. O Sistema Ocepar foi representado na ocasião pelo superintendente Robson Mafioletti e pelo coordenador de Comunicação, Samuel Milléo Filho.

Pronunciamentos - Clique nos links abaixo para conferir os pronunciamentos feitos durante a comemoração dos 60 anos da Cocamar.

Luiz Lourenço

Divanir Higino

José Cicero Aderaldo

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