\"CARTA DO NORTE PIONEIRO\"
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Santo Antonio da Platina, 2 de abril de 2005.
Na oportunidade em que a Comissão de Agricultura da Câmara Federal se reúne em Santo Antônio da Platina, as entidades que representam as cooperativas e os produtores rurais do Paraná desejam levantar alguns problemas que julgam de grande importância para a agropecuária.
Apoio à
Agropecuária
A agropecuária está atravessando uma série crise devido
ao aumento dos custos de produção superiores a 20% na safra que
está sendo colhida, da queda dos preços internacionais das commodities
atrelada ao câmbio com o Real valorizado, que resulta num preço
desfavorável para o produtor, agravado com os problemas advindos da estiagem
que reduziu a produção de soja em 23,40 % e do milho em 7,01 %,
além de prejudicar o plantio do milho safrinha cuja redução
de área deverá ser superior a 20%. O Governo Federal adotou medidas
que foram importantes para amenizar as perdas, mas que não foram suficientemente
abrangentes.
1. Contemplar o setor da pecuária na prorrogação dos financiamentos
de investimentos com recursos do BNDES;
2. Conceder direito de prorrogação para os investimentos do BNDES
que tem a última parcela vencendo em 2005 e que estão em municípios
não reconhecidos como em estado de emergência, mas que sofreram
perdas com a seca. Com a resolução 3.269 do CMN, estes mutuários
ficaram de fora das medidas anunciadas;
3. Prorrogar o financiamento do custeio do algodão de forma similar ao
concedido para os produtores de trigo, nas regiões onde não foi
decretado estado de emergência, mas sofreu perdas significativas com a
estiagem;
4. Liberar recursos para permitir a realização de PEP de algodão
e contratos de opção de venda;
5. Definir urgentemente a política de cereais de inverno com a correção
dos preços mínimos em vista do aumento dos custos de produção;
6. Não realizar os leilões via Conab para retirar do Estado 400
mil toneladas de milho pertencentes ao Governo Federal, estocados em Cooperativas
e armazéns do Paraná, com o intuito de não afetar o futuro
abastecimento interno paranaense;
7. Agilizar o lançamento do Programa de Capitalização das
Cooperativas Agropecuárias e de Crédito (PROCAP), objetivando
apóia-las em vista que muitos cooperados não terão condições
de pagar os insumos adquiridos com prazo de pagamento na colheita, devido às
perdas pela estiagem.
8. Prorrogar para o final do contrato as parcelas de Securitização,
Pesa, Recoop e Prodecoop que vencem em 2005, devido a falta de capacidade de
pagamento pelos motivos já elencados.
9. Disponibilizar recursos para armazenagem e comercialização
(PEP, AGF, EGF, LEC, Contrato de opção de venda) visando dar sustentação
aos preços no mercado permitindo escalonar a comercialização
e garantir uma renda média maior para o setor produtivo que já
foi seriamente castigado pela estiagem.
Em nível da Câmara Federal existem algumas matérias que
são importantes para o setor agropecuário e que solicitamos apoio
da comissão de agricultura da câmara Federal.
Código
Florestal
O Congresso Nacional deverá apreciar proximamente o substitutivo
do deputado Moacir Micheletto à Medida Provisória nº 2.166-67
de 2001, que altera o Código Florestal.
Os produtores rurais não podem concordar com os parâmetros em vigor,
que, além das áreas de preservação permanente, inutilizam
mais 20% da propriedade. Isto significa uma redução de 20% da
produção e, conseqüentemente, da renda dos agropecuaristas.
Os produtores rurais não são contra a adoção de
restrições em favor do meio ambiente, desde que elas guardem coerência
com a realidade. Assim, se dispõem efetivamente a recuperar e manter
as matas ciliares e as de encostas, mas insurgem-se contra exageros como os
de abandonar parte significativa de suas propriedades, reduzindo a produção.
Isto não interessa à sociedade, que precisa do setor para se alimentar
e para obter divisas. Como está hoje o Código Florestal, um grande
número de propriedades terá até metade de suas áreas
comprometidas com reservas florestais intocáveis, o que não tem
absolutamente qualquer sentido econômico e social.
Desta forma, nossa solicitação é no sentido de serem introduzidas
mudanças no Código Florestal que não prejudiquem a produção
agropecuária, evitando-se os exageros nele contidos. O bom senso deve
prevalecer ao radicalismo ambientalista.
Infra-estrutura
Uma substancial parte do valor bruto da produção gerado pela agropecuária
é perdido em rodovias sucateadas, pedágios caros, ferrovias ineficientes,
portos obsoletos que cobram tarifas exorbitantes. O Governo Federal, contudo,
retém em seus cofres recursos da CIDE, contribuição instituída
com a finalidade única de investimento na infra-estrutura de transporte.
São exemplares algumas ocorrências recentes, como a queda de uma
ponte na rodovia Regis Bittencourt, entre Curitiba e São Paulo - que
por sinal ainda tem um longo trecho em pista única -; a queda de uma
ponte no trecho ferroviário Curitiba-Paranaguá e inúmeros
acidentes provocados pela falta de manutenção e de investimentos,
problemas operacionais sérios no porto de Paranaguá onde o Governo
Federal não investe um só tostão há mais de 15 anos,
embora seja o segundo porto em importância do País.
São problemas graves, que encarecem o transporte de produtos agropecuários
no Paraná, razão pela qual solicitamos a intervenção
dessa Comissão no sentido de exigir do Governo Federal a correta aplicação
dos recursos da CIDE e atendimento às demandas de infra-estrutura do
Paraná, cujos pontos principais são:
- Recuperação da malha rodoviária;
- Conclusão da duplicação do trecho da Regis Bittencourt
entre Curitiba e São Paulo;
- Programa de investimentos ferroviários para:
* Eliminar o gargalo entre Guarapuava e Ponta Grossa, que reduz a capacidade
de escoamento ferroviário da região oeste do Estado;
* Construção de novo traçado Curitiba-Paranaguá;
* Revisão do contrato de concessão com a ALL;
- Viabilização de recursos para investimentos no porto de Paranaguá
para torná-lo mais ágil e atender à crescente demanda.
Reforma
Sindical
O Governo Federal encaminhou ao Congresso Nacional projeto - de emenda constitucional
e de lei - de Reforma Sindical. As duas proposições são
inaceitáveis pelos motivos que expomos a Vossa Excelência.
O Governo diz no encaminhamento dos projetos que eles são o resultado
de consenso entre as partes envolvidas - o governo, trabalhadores e empregadores.
Tal fato não é verdadeiro, uma vez que os projetos não
refletem o que foi acordado nas inúmeras reuniões realizadas pelos
Fóruns Trabalhistas.
Ao prometer reformas, o Governo Federal havia se comprometido a encaminhar por
primeiro a reforma das Relações de Trabalho. Somente após
a aprovação da nova legislação trabalhista é
que se poderia erguer o edifício sindical que lhe deve corresponder.
Sem reforma trabalhista não se pode cogitar seriamente de mudanças
no sistema sindical.
Além disso, o Projeto de Emenda Constitucional tem, em seu bojo, propostas
inadmissíveis, tais como:
* Retorno à ingerência do governo nos sindicatos (inciso I-B da
nova redação do artigo 8º), eliminada pela Constituição
Federal de 1988;
* Quebra da unicidade sindical - que repercutirá no projeto de lei dando
força extraordinária às centrais sindicais e enfraquecendo
os sindicatos de base e que já foi repudiada pelos fóruns que
discutiram o assunto.
Obrigatoriedade de representação nas empresas com menos de 200
empregados.
Se aprovada a PEC, será dado curso ao projeto de lei que simplesmente liquida com o sindicalismo de base, não apenas pela multiplicação de sindicatos, mas também por atribuir às Centrais Sindicais o direito de criar os "sindicatos de representação derivada" em qualquer base territorial, sem respeitar os parâmetros exigidos dos sindicatos comuns; serão os sindicatos "chapa branca" mas que terão maior poder que os sindicatos legítimos. E mais, atribui às Centrais o direito de estabelecer negociações coletivas a nível nacional, tirando todo o poder dos sindicatos de base.
Estas são algumas das muitas distorções que a PEC e o Projeto de Lei introduzem na vida sindical brasileira que, se aprovadas pelo Congresso Nacional, representarão um retrocesso. Por esta razão, manifestamos a posição contrária à aprovação das duas propostas. Aperfeiçoar o atual sistema, dando-lhe mais transparência, é necessário, mas sem destruir uma construção que vem dando resultados há mais de 60 anos.
MP - 232
Em relação ao Projeto de Lei que vai ser elaborado pelo governo
e encaminhado ao Congresso Nacional em substituição a MP 232,
o setor não aceita que se impute qualquer alíquota a titulo de
antecipação do imposto de renda.
Reforma
Tributária
Está em discussão no Congresso Nacional a reforma tributária
que tem como objetivo a unificação da legislação
e das alíquotas do ICMS.
Ocorre todavia, que existem posições no sentido de se incluir
na discussão da referida reforma a exclusão dos benefícios
advindos da Lei Kandir.
Estes senhor Presidente, são alguns dos problemas que afligem o setor
agropecuário do Estado do Paraná, embora a Comissão de
Agricultura esteja realizando um extraordinário trabalho em favor dos
produtores rurais. Por este nosso reconhecimento é que tomamos a liberdade
de chegar até Vossa Excelência e a seus pares as reivindicações
aqui expostas, na certeza de que o setor agropecuário terá o apoio
necessário da parte de nossos representantes.
Atenciosamente,
João Paulo
Koslovski
Presidente da 0cepar
Ágide Meneguette
Presidente da FAEP