Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga. Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga.

CARNES: Depois da crise, avicultura tenta se recuperar

carnes 17 12 2012Ainda que 2012 tenha sido um ano de grave crise para a avicultura – devido ao aumento significativo dos custos de insumos -, o setor encerra o ano em recuperação no País. O Paraná, maior produtor e exportador brasileiro de frango – entre janeiro e outubro deste ano abateu 1,18 bilhão de aves - enfrenta cenários contraditórios: por um lado, grandes grupos somam resultados positivos nos últimos meses do ano, enquanto pequenas empresas ainda aguardam apoio do governo para regularizar a situação financeira.

Difícil - "2012 foi um ano extremamente difícil", avalia o presidente executivo da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Francisco Turra. Segundo ele, a continuação da crise financeira mundial de 2008, as oscilações cambiais e os entraves logísticos brasileiros já comuns em anos anteriores foram somados ao aumento expressivo no preço dos insumos ocorrido a partir dos primeiros meses de 2012.

Grãos - A forte estiagem que afetou os campos de soja e milho dos Estados Unidos reduziu drasticamente a oferta de grãos no mercado internacional e, consequentemente, impulsionou as cotações a valores recordes na Bolsa de Chicago. O farelo de soja sofreu elevação de mais de 100% e a cotação do milho subiu 40%. Principais matérias-primas da ração ofertada aos frangos, a soja e o milho valorizados inflacionaram o custo de produção em 40% e reduziram a margem de lucro dos produtores e empresas.

Crise financeira - Turra argumenta que a impossibilidade de repassar o aumento dos custos de produção para o consumidor final deixou empresas em crise financeira. Como medida para conter os prejuízos, empresas fecharam plantas ou reduziram turnos de produção. As consequências foram sentidas em toda a cadeia produtiva.

Números - Levantamento da Ubabef indica que, em todo o País, 18 empresas apresentaram crise de crédito e mais de 10 mil trabalhadores ficaram desempregados. Segundo a Ubabef, o setor responde hoje por 3,5 milhões de empregos diretos e indiretos e pela movimentação de 1,5% no Produto Interno Bruto (PIB). Mesmo com as perdas, Turra vê perspectivas positivas para os próximos meses. "A recuperação da safra vai acontecer e os preços devem se normalizar. Mesmo com a redução da produção não perdemos mercados no exterior e a demanda continua aquecida", avalia.

Oferta menor - A redução da oferta fez com que os preços mais elevados fossem, então, repassados ao consumidor e a valorização do dólar trouxe ganhos nas exportações, mesmo sem aumento no volume comercializado. "Há sinais de acomodação e recuperação do setor e a atividade em algumas plantas está sendo retomada", relata Turra. Segundo ele, o setor deve começar 2013 com perspectivas positivas: estoques menores, provável regularização dos preços dos grãos, desoneração da folha de pagamento, fim do embargo russo e possível expansão do número de plantas autorizadas a exportar para mercados asiáticos.

Paraná - "Esse foi o pior ano da avicultura nos 25 em que trabalho com abatedouros", resume Domingos Martins, presidente do Sindicato da Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar). Segundo ele, em todo do Estado, apenas cerca de três grupos grandes conseguiram enfrentar as intempéries sem grandes prejuízos, enquanto o restante das empresas vivenciaram, e ainda vivenciam, série crise financeira. "As empresas desaceleraram a produção e contribuíram para que os preços do frango subissem um pouco recentemente. Essa aproximação entre custos e preços finais melhorou a situação, mas o balanço do ano ainda é vermelho", analisa Martins.

Falta de crédito e de apoio - A falta de crédito e de apoio do governo para prorrogação das dívidas dos produtores e empresas, complicou ainda mais a situação da avicultura paranaense. O presidente do Sindiavipar estima que o ano será de crescimento pífio do setor e que o ritmo deve se manter lento em 2013. "O alojamento de matrizes foi menor este ano e, por isso, não vamos conseguir produzir no mesmo ritmo que anteriormente", explica. Para Martins, a cotação das commodities não deve reduzir facilmente no próximo ano e o setor precisará se adaptar aos custos mais altos. (Folha Rural / Folha de Londrina)

Conteúdos Relacionados