CÂMBIO: Brasil quer ação conjunta do G-20 contra capital especulativo

  • Artigos em destaque na home: Nenhum
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, pretende articular com os demais representantes dos países que integram o G-20 Financeiro a adoção de medidas conjuntas para evitar que a entrada de capitais especulativos agrave a apreciação da taxa de câmbio. O encontro será realizado na primeira semana de novembro em Saint Andrews, Escócia, e ele adiantou que, atualmente, há consenso sobre o diagnóstico do excesso de liquidez decorrente das fortes medidas anticrise que o mundo adotou, mas advertiu para o fato de que esse cenário não pode prejudicar as economias dos países.

Economia - Mantega afirmou que "o câmbio mata a economia", repetindo frase de Mario Henrique Simonsen. Na visão do ministro, a China deve seu desempenho nos últimos 20 anos, em grande parte, ao trabalho que fez tendo como base a moeda desvalorizada. Também disse que a mesma estratégia valeu para outros casos de sucesso como os da Coreia do Sul, da Alemanha no pós-guerra e no Japão. "O Brasil se deu mal com o câmbio controlado, mas não podemos fazer papel de bobo e deixar nossa economia ser desequilibrada por excessos", disse, garantindo que será mantida a política de câmbio flutuante.

IOF - Nesse contexto, Mantega defendeu a recente tributação de 2% de IOF sobre a entrada de capitais estrangeiros de curto prazo. Admitiu que a cobrança do imposto não é a "salvação da lavoura" e que apenas "jogou água na fervura". "Queremos que a panela continue quente sem que haja na economia um descolamento dos seus bons fundamentos, com desequilíbrio entre produção e os ativos financeiros que a representam", disse.

Distorções - O que vem agravando o ambiente de excesso de liquidez nos mercados, segundo Mantega, é que alguns países asiáticos não têm câmbio flutuante, o que provoca distorções. Daí, há espaço para apostas na valorização de algumas moedas locais e nas bolsas de países mais seguros. Como exemplo citou que estão nessa situação Brasil, Austrália e Nova Zelândia.

Flutuante - Para o ministro, o câmbio flutuante funciona bem quando todos o praticam e o Brasil é muito interessante porque tem perspectiva de crescimento sólido, mercado interno grande e normas claras. Ele comentou que a Bolsa de Valores reflete essas boas condições. "Alguns analistas já dizem que o Brasil deixou de ser um país emergente. Há consenso sobre o forte crescimento que teremos nos próximos anos e a crise não afetou nossos bons fundamentos."

Mercado de capitais - Sobre as críticas que a tributação da entrada de capitais recebeu, Mantega respondeu que a medida não vai provocar a perda do mercado de capitais. Ele disse acreditar que a opção pelos recibos de companhias brasileiras negociados na Bolsa de Nova York (ADR) não serve para todas as empresas. "Nos interessa continuar recebendo esse aporte de capital estrangeiro para irrigar nossas empresas." A cobrança de uma alíquota de 2% de IOF sobre a entrada de recursos no país não vai desestimular investidores, porque os ganhos com o Brasil são muito maiores, na sua interpretação. (Valor Econômico)

Conteúdos Relacionados