Brasil controlará gado e plantações via satélite
Motivado pelos recentes surtos de febre aftosa em rebanhos de dentro e fora do País, o Brasil vai usar a tecnologia espacial para mapear e supervisionar o trânsito de animais nas fronteiras com Argentina, Paraguai, Bolívia e Peru. O projeto, encomendado pela Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, utilizará imagens de satélite de alta resolução para tentar enxergar, do espaço, aquilo que os técnicos nem sempre conseguem ver da janela de seus veículos aqui na Terra. Ao todo, serão fotografados cerca de 450 mil km quadrados numa faixa de 100 km de cada lado da fronteira do Acre até o Rio Grande do Sul. "Nossa fronteira hoje é como uma casa desarrumada. E o primeiro passo para arrumá-la é saber o que tem dentro dela", diz o chefe da Embrapa Monitoramento por Satélite, Evaristo Eduardo de Miranda, encarregado da execução do projeto.
Monitoramento - O foco será nos primeiros 25 km de cada lado da fronteira. Com até 10 metros de resolução, as imagens de satélite permitirão identificar onde estão as fazendas, pastagens, pontes e estradas rurais que podem servir para o trânsito de animais entre os países. O monitoramento não funcionará em tempo real, mas servirá como ferramenta estratégica para orientar os trabalhos de controle e fiscalização, especialmente em situações de risco, como no caso da aftosa. Originalmente, o mapeamento seria feito de Mato Grosso do Sul até o Acre, com ênfase na fronteira com o Paraguai. Com o aparecimento de um surto recente de aftosa na Argentina, entretanto, o projeto foi estendido até o Rio Grande do Sul. A doença é altamente contagiosa e exige a eliminação do rebanho e isolamento das fazendas. Brasil e Paraguai já firmaram acordo para implementação do projeto, incluindo o cadastramento de todas as fazendas de gado ao longo da fronteira. Fora a aftosa, o sistema servirá para o controle de todo tipo de doença animal contagiosa - inclusive da gripe aviária, caso o vírus chegue à América do Sul. E, até mesmo, para defesa vegetal, caso haja risco de contaminação entre lavouras próximas ou pelo transporte de sementes. (Folha de Londrina).