Biodiesel: mistura compulsória pode vigorar em 2004

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O biodiesel deve entrar em uso no mercado brasileiro a partir de 2004, disse hoje o presidente da Associa-ção Brasileira de Agribusiness (Abag), Carlo Lovatelli, em palestra no Seminário Mensal do Pensa (Pro-grama de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial), na Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA/USP). De acordo com ele, que também preside da Associação Brasi-leira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove), o projeto já é um sucesso sob os pontos de vista político e técnico, mas ainda precisa ser viabilizado economicamente. O debate em torno da viabilidade econômica do biodiesel está centralizado no Ministério de Minas e Energia, segundo Lovatelli, e uma das propostas viáveis é a determinação da mistura compulsória ao diesel mineral, tal como já ocorre com o álcool anidro adicionado à gasolina.


Demanda - De acordo com o dirigente, a substituição de 5% do diesel mineral por biodiesel no Brasil ge-raria uma demanda adicional de 7 milhões de toneladas de soja por ano, o que representa aumento de área de plantio em 2,5 milhões de hectares, e produção do grão 15% superior à atual. "O óleo de soja é o único ainda produzido em larga escala no Brasil, mas óleos de outras origens também estão sendo pesquisados, como os de palma e mamona", ressaltou. O interesse do governo pelo uso do óleo de mamona como com-bustível é grande, segundo ele, pelo forte apelo social representado pelas condições adequadas de cultivo no Nordeste, e pela possibilidade de integração da pequena agricultura familiar no segmento agroindustri-al.

Álcool - Além dos aspectos econômicos e ecológicos (menos poluente e renovável), o projeto do biodiesel toma por base o sucesso do álcool combustível. Segundo Lovatelli, a exportação de álcool é promissora para o Brasil. "Se o Japão adotar a mistura de álcool à gasolina à taxa de 10%, a demanda anual será equivalente a 70% de toda a produção brasileira de álcool hoje", destacou, lembrando que a exportação para o mercado japonês está em negociação. A oportunidade representada pela tendência mundial de adoção de biocombus-tíveis (Protocolo de Kyoto) pode levar o Brasil a produzir 400 milhões de toneladas de cana-de-açúcar em 2012, segundo cálculo da Abag.

Soja - Para 2012, a estimativa da Abag, é de que a colheita brasileira atinja 85 milhões de toneladas de soja e 72 milhões de toneladas/ano de milho. "Até 2010 vamos adicionar 55 milhões de toneladas de grãos à sa-fra anual brasileira, isso apenas em soja e milho", disse Lovatelli. Ele demonstrou que espaço e capacidade não faltam para tamanho crescimento, considerando que o Cerrado ainda dispõe de 90 milhões de hectares propícios para o cultivo de grãos e cana. "A capacidade produtiva do Brasil está demonstrada na taxa de crescimento anual da produção em 6%, contra um aumento também anual da área plantada de 0,7%".

Brasil deve liderar mercado - O Brasil reúne as melhores condições para se firmar como o maior player mundial no segmento de álcool quando a demanda começar a se intensificar nos próximos anos, em conse-qüência dos programas de proteção ambiental que vêm sendo adotados em todo o mundo. Essa foi a conclu-são dos especialistas que participaram do debate "As perspectivas dos biocombustíveis e os seus efeitos so-bre as cadeias do agronegócios", promovido hoje pela Câmara Americana de Comércio de São Paulo e pela consultoria Prospectiva. O País terá pela frente, porém, o desafio de enfrentar ou contornar as regras prote-cionistas impostas pelos Estados Unidos e Europa e definir políticas públicas que estimulem a produção e proporcionem a abertura de novos mercados no Exterior. (Fonte: Abiove)

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