Artigo: É preciso agir rápido

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João Paulo Koslovski (*)

As perdas agrícolas experimentadas pelos agricultores brasileiros, ocorridas em função da estiagem que assolou diversas regiões do país, já se refletem no desempenho econômico de significativo número de municípios que dependem do agronegócio. É certo que o governo, através do Ministério da Agricultura, Abastecimento e Pecuária e das resoluções do Banco Central está permitindo a renegociação das dívidas amparadas pelo crédito rural. No entanto, a burocracia e a própria pressão de gerentes e funcionários de significativa parcela de agentes financeiros tem colocado obstáculos às negociações que, se efetivadas, dariam tranqüilidade para o agricultor que perdeu parte de sua produção.

Sabemos também que o crédito rural é uma parcela do volume total dos recursos aplicados no setor. Segundo o Banco do Brasil, cerca de 30% é de crédito rural, 30% é de outras fontes e com custos mais elevados, e cerca de 40% é de recursos do agricultor ou crédito tomado através de fornecedores de insumos. É neste particular que a preocupação aumenta, pois nenhuma medida adotada até agora permite que o agricultor e suas cooperativas possam se agrupar numa linha especial de crédito para garantir a solução de suas pendências imediatas, dando segurança para o plantio da próxima safra.

As entidades de classe como a Ocepar e a Faep, os parlamentares que compõem a Frencoop, as comissões da agricultura da Câmara e do Senado, a OCB e a CNA, têm trabalhado exaustivamente para que tenhamos uma linha especial de crédito para atender aqueles que ficaram à margem das negociações dentro das regras já divulgadas. O próprio Ministério da Agricultura, através do ministro Roberto Rodrigues, vem gestionando uma solução rápida para o assunto. Contudo, a área econômica do governo ainda não conseguiu entender que esta é uma questão vital para um setor que tem sido fundamental para o equilíbrio de nossa economia.

Os bons resultados experimentados em relação ao superávit da balança comercial brasileira, a dinamização da economia local e regional, o crescimento da produção e produtividade brasileira, e tantos outros fatores, foram fundamentais nos últimos anos para todo o país. Será que agora, exatamente no momento de dificuldade, o governo não pode dar o amparo para que o setor não sofra solução de continuidade em seu processo de gerar riquezas e empregos?

É preciso sensibilidade neste momento. Alocar recursos emergenciais e permitir a recomposição das dívidas daqueles que prorrogaram seus débitos sem que sejam computadas em seus limites futuros de financiamento, são condições fundamentais e imprescindíveis para o setor. É preciso considerar que além das perdas de mais de 12 milhões de toneladas de produtos em relação à previsão inicial de 131 milhões de toneladas, os preços dos produtos agrícolas despencaram, o real foi valorizado frente ao dólar e houve um elevado aumento percentual dos custos de produção da safra, penalizando os agricultores.

Essa dramática situação exige uma ação governamental para ajudar não apenas os agricultores, mas o próprio País a sair desta dificuldade, o que trará reflexos a toda a economia brasileira. Mas é preciso agir rápido, pois o agricultor precisa urgentemente de um crédito emergencial.

(*) Presidente do Sistema Ocepar

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