(*) João
Paulo Koslovski
Através
de suas lideranças, o cooperativismo paranaense foi extremamente
feliz ao implementar em 1972 um programa de pesquisa agropecuária.
O primeiro passo desta decisão foi um convênio entre a Ocepar
e na época o Ipeame, onde as cooperativas disponibilizaram recursos
para que o instituto realizasse pesquisas específicas de interesse
dos cooperados.
Na seqüência, já em 1974, criou-se na Ocepar um departamento
específico para realizar experimentos e pesquisas na área
do trigo e soja. Os primeiros profissionais foram contratados e a estrutura
física alugada estava instalada em Londrina. Adquiriu-se então
uma área em Cascavel, onde a partir de 1976 foram concretizados
os primeiros investimentos para a estruturação mínima
com vistas ao desenvolvimento dos trabalhos experimentais e de pesquisa.
Na época, os experimentos de cultivares de trigo e soja eram realizados
em todo o Estado, sempre levando em consideração as peculiaridades
regionais. Em seguida, foi adquirida uma nova área, desta vez em
Palotina.
Com o apoio do BRDE a Ocepar conseguiu financiar a estrutura de administração
e os laboratórios utilizando recursos de financiamento do Finep.
A estruturação ganhava corpo e a equipe foi sendo montada
com forte apoio de um grupo de profissionais que não media esforços
para que o programa avançasse. O trabalho evoluiu e foi ampliado
para o milho e algodão e também para áreas específicas
correlatas às culturas pesquisadas.
Em 1995, já com relevantes serviços prestados ao cooperativismo
paranaense, por sugestão do então presidente Dick Carlos
de Geus e por decisão unânime dos presidentes e representantes
das cooperativas em Assembléia Geral da Ocepar, se deliberou pela
transformação do Departamento de Pesquisa numa cooperativa
central, surgindo assim a Coodetec (Cooperativa Central Agropecuária
de Desenvolvimento Tecnológico e Econômico), que mais tarde
teve sua razão social alterada para Cooperativa Central de Pesquisa
Agrícola. A cooperativa cresceu, expandiu sua atuação
para outras regiões do País e hoje atua em 6 estados com
uma participação extremamente importante na pesquisa agrícola
do Brasil. Sua receita bruta, que em 2001 era de pouco mais de R$ 17,5
milhões, passou para R$ 39,1 milhões em 2003 e deverá
atingir R$ 53,4 milhões em 2004, numa demonstração
da importância que vem apresentando a Coodetec para milhares de
cooperados. São mais de 110 profissionais pesquisadores, assistentes
e auxiliares que têm prestado um serviço relevante no campo
da pesquisa.
As variedades lançadas pela Coodetec no mercado têm sido
referência no que tange a qualidade, produtividade e resistência
a doenças e, por isso mesmo, têm abocanhado significativo
percentual do mercado brasileiro. Só para exemplificar, em 2002/2003,
17% de todo o trigo produzido no Brasil foi de variedade Coodetec; na
soja 16,7% e no algodão 13,3%. No caso do Paraná, no trigo
as variedades Coodetec representaram 34,1%; soja 50,4%; e algodão
60,6%.
Não resta dúvida de que a Coodetec é motivo de orgulho
para todos nós, cooperativistas, e que três fatores foram
fundamentais para que ela atingisse tal nível de qualidade. O primeiro
foi a determinação dos dirigentes cooperativistas em manter
uma estrutura própria de pesquisa (bancada pelos cooperados); o
segundo pela visão estratégica da diretoria da Coodetec
no direcionamento de abertura e linha de pesquisa adotada; e terceiro
pelo nível de profissionalização que se implementou
na Coodetec. Tudo isto, aliado ao comprometimento dos dirigentes e profissionais
das cooperativas e da Coodetec, que possibilitou que se atingisse um estágio
altamente satisfatório na pesquisa cooperativada desenvolvida no
País.
Este patrimônio, especialmente o genético, construído
ao longo dos mais de 30 anos da Coodetec, significa autonomia a milhares
de cooperados, que se sentem defendidos e representados por uma pesquisa
feita com os recursos dos próprios agricultores brasileiros e,
sobretudo, uma garantia de que terão sempre participação
na geração de novas tecnologias. Assim, cabe a todos nós,
em especial aos nossos dirigentes, apoiar incondicionalmente este magnífico
trabalho realizado pela Coodetec.
(*) Presidente
da Ocepar
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