ALGODÃO: Brasil faz acordo com EUA e adia retaliação
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Após acordo
com os Estados Unidos, o governo brasileiro adiou para até o fim do ano
a decisão sobre retaliações em represália aos subsídios
ilegais ao algodão americano, condenados pela Organização
Mundial do Comércio (OMC). O adiamento é conseqüência
da decisão do governo Bush, anunciada ontem, de enviar ao Congresso americano
uma proposta de eliminação do programa de subsídios ao
algodão conhecido como "Step 2". O Brasil já pediu na
OMC autorização para as retaliações, mas, em acordo
com o governo americano, que não tem autorização para eliminar
os subsídios sem aprovação do Congresso, decidiu esperar
a decisão dos parlamentares dos EUA. "Temos a intenção
e o desejo de que os Estados Unidos cumpram o que determinou a OMC; mas resguardamos
os direitos para o caso de termos de utilizá-los", disse ontem o
ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
Retaliação - No próximo dia 15, o Brasil
formaliza na reunião do Órgão de Solução
de Controvérsias o direito de retaliar os EUA no valor de US$ 2,9 bilhões.
Os EUA devem contestar a cifra ou a maneira como o país pretende fazer
a retaliação. Como sempre ocorre em casos de divergência,
será instalado automaticamente um ''comitê de arbitragem'' para
determinar o montante apropriado da sanção. Só que neste
caso, os trabalhos do comitê serão imediatamente suspensos, conforme
o acordo bilateral entre Brasília e Washington. O prazo dado pelo Brasil
aos EUA é o final deste ano.
Direito de aumentar tarifas - No pedido de autorização
para retaliações, o Brasil, além de resguardar o direito
de aumentar tarifas de importação para mercadorias americanas,
pede também autorização para, se desejar, suspender os
direitos concedidos a empresas americanas, em matéria de prestação
de serviços ou de proteção à propriedade intelectual
- um pedido inédito nos contenciosos brasileiros na OMC, como antecipou
o Valor. Se houver autorização da OMC, o Brasil poderia, como
retaliação, suspender direitos de patentes e de autor (copyright),
por exemplo; ou criar barreiras para prestação de serviços
por empresas americanas no país, em valor equivalente aos subsídios
ilegais concedidos. (Jornal Valor).