AGRO: Cocari orienta sobre manejo de pastagens e estratégias nutricionais para o gado no período de seca
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Dentre os vários desafios do pecuarista, o período da seca pode ser considerado um dos maiores. Para o pasto continuar fornecendo os nutrientes necessários aos animais, mesmo após períodos de estiagem, o pecuarista precisa adotar práticas de manejo da pastagem. Para auxiliar o cooperado, profissionais do Departamento Veterinário da Cocari (Devet) elencaram algumas estratégias que podem ser adotadas durante o período da seca.
Absorção - Animais mantidos em pastagem de baixa qualidade não conseguem absorver toda demanda de nutrientes necessária para manter uma boa taxa de crescimento e produção, o que acaba impactando em muitos aspectos produtivos como queda de condição corporal dos animais, atraso na idade de abate bem como na reprodução das fêmeas.
Estratégias de manejo - O gerente de Pecuária da Cocari, Wanderlei Batista Bicalho, destaca que no manejo de pastagem existem alguns pontos a serem levados em consideração, como o tipo da atividade, corte ou leite, material (variedade de capim ou grama) implantado na área, qualidade do solo, nível de fertilidade do solo, característica climáticas de cada região, valores nutricionais, bromatológicos, características físicas de cada material.
Informações - Segundo ele, quando se tem essas informações, entre outras, é possível definir estratégias quanto à altura de entrada e saída dos animais, de acordo com as alturas de pastejo indicadas para cada cultivar. “Ressalto também que para termos êxito com nossas pastagens devemos controlar a invasão de ervas daninhas, que disputam espaço físico e nutricional com as pastagens. Temos que ter em mente que algumas delas são prejudiciais e nocivas aos animais e quando ingeridas podem reduzir ganho de peso, diminuir produção de leite, queda de imunidade em consequentemente, abertura para doenças segundarias oportunistas ou até mesmo levando o animal a morte e uma perda financeira expressiva”, alerta o gerente.
Manejo racional das pastagens - Conforme explica o consultor técnico do Devet da Cocari em Goiás, Elimar Abreu, no inverno há redução no volume e na frequência das chuvas, menor incidência de luz por dia e queda da temperatura, as pastagens tropicais apresentam queda acentuada na produção e na qualidade nutricional, apresentando um elevado teor de fibra indigestível e teores de proteína bruta muito baixo, limitando desta forma o seu consumo. “Por isso é imprescindível adotar estratégias nutricionais e de manejo que amenizem as limitações produtivas da pecuária nessa estação do ano e que proporcionem resultados satisfatórios de acordo com o sistema de produção. Neste caso, devemos primeiramente ter conhecimento das exigências nutricionais dos animais, da oferta de alimentos disponíveis na propriedade, tendo em vista o manejo racional das pastagens”.
Vedação/diferimento de pastagens - A vedação das pastagens é uma das técnicas mais adotadas pelos produtores. O sistema consiste em selecionar algumas áreas de pasto da fazenda e impedir, temporariamente, o acesso dos animais, o objetivo é acumular massa para consumo dos animais no período seco. Os pastos indicados para o uso dessa técnica são aqueles formados em áreas mais férteis ou que foram recuperados recentemente, pois são pastagens mais produtivas.
Período - O período para ser feita a vedação e de 40 a 60 dias antes do fim das chuvas. As plantas forrageiras mais indicadas para as áreas de vedação são as do gênero Brachiaria e Cyndon, e deve-se evitar as plantas com crescimento reto do gênero Panicum como mombaça e tanzânia. Estas últimas formam touceiras que são difíceis de serem pastejadas, além de sofrerem acamamento, resultando em pisoteio e grande perda de alimento.
Recomendado - Recomenda-se vedar em média 1 hectare para cada unidade animal (1 unidade animal = 450 Kg). Para aumentar a eficiência de pastejo da área vedada, recomenda-se a rotação de piquetes, pois esse sistema ajuda na gestão do rebanho e permite um melhor aproveitamento do pasto na seca.
Modelo - O modelo consiste na divisão da área total de pastejo, promovendo momentos de pastejo e descanso em cada subdivisão, permitindo a recuperação e rebrota do pasto.
Análise de solo e adubação estratégica - A análise de solo é o principal instrumento para o diagnóstico da fertilidade do solo, permitindo a recomendação das quantidades de adubos e calcário necessárias para obter rendimentos elevados das culturas. O ideal e que este processo seja feito anualmente, para diagnosticar as deficiências da pastagem e assim realizar a correção.
Forragem - A adubação da pastagem como preparação para acumular forragem para seca é também uma estratégia para aumentar a oferta de forragem para os animais nesse período. A adubação permite acelerar o crescimento da forrageira e acumular maior quantidade de forragem na pastagem. Pesquisas brasileiras estimam que para cada 1 kg de nitrogênio aplicado por hectare na forma de fertilizante seja incrementado em torno de 50 Kg de matéria seca de forragem por hectare de pastagem. Dessa forma a adubação estratégica também é uma prática que pode ser aplicada para o período de estiagem.
Ajuste da lotação animal - Elimar esclarece que a taxa de lotação representa o número de animais dividido pela área pastejada. “Ela determinará a capacidade de suporte da pastagem exercida naquela área e deve ser mantida sempre dentro de uma faixa de amplitude ótima de utilização”, orienta o consultor.
Ferramenta essencial - Ajustar a carga animal é uma ferramenta essencial no período das secas. Manter uma alta taxa de lotação durante o período crítico diminui a capacidade de suporte do pasto, reduzindo os ganhos por animal. O correto e reduzir a taxa de lotação para concentrar seus esforços no manejo dos animais de interesse.
Indicado - Para isso, o indicado é que seja feito um levantamento sobre a situação dos animais, optando pela venda dos machos que podem atingir o peso de abate com a terminação intensiva a pasto, de vacas vazias ou dos bezerros que estão na fase de desmama, por exemplo. O ideal é que o uso das pastagens e o investimento seja concentrado em categorias que permitam à propriedade atingir seus objetivos produtivos e financeiros.
Segunda alternativa - A segunda alternativa para diminuir a pressão de pastejo, é o arrendamento de pasto, mas isso também não é uma solução simples, o local pode não ser próximo à propriedade, o que pode levar a custos adicionais com transporte, além disso, encontrar um pasto adequado, com boas divisões em cerca e oferta de água para o gado nesse período pode estar indisponível, já que outros pecuaristas também estarão interessados no arrendamento durante a seca. “Mesmo com essa estratégia, as pastagens de vedação ainda oferecem baixa qualidade. Para atender às necessidades nutricionais dos animais nesse período, é primordial o ajuste nutricional por meio da suplementação, formuladas de modo que possa atender a demanda de cada categoria animal”, reitera.
Suplementação animal - Outra medida necessária quando o solo sofre a redução de reservas de água que prejudicam a umidade é se preparar para a necessidade de suplementação do rebanho. Wanderlei Bicalho argumenta que as informações necessárias são as mesmas utilizadas para adoção de estratégias de manejo de pastagem, mas é preciso levar em consideração o período do ano e assim definir pela melhor suplementação, seja energética (Eurotop 23%) seja proteica (Eurotop 34%). “A suplementação deve sempre objetivar a melhor conversão animal para que atenda às necessidades nutricionais dos animais e aumento na produtividade de leite ou carne”, aponta.
Tipo - O tipo de suplementação a ser utilizada deve sempre baseada na operação do produtor: confinamento, semi-confinamento, área de sequestro, categoria animal, vacas com bezerros ao pé, vacas solteiras, primíparas, segundarias, multíparas, novilhas, garrotes recrias, desmamas, vacas produtoras de leite com ou sem bezerros. “Tudo isso deve estar sob o olhar do técnico para que haja sucesso nas recomendações”, pondera o consultor.
Principal nutriente - Elimar Abreu acrescenta que o principal nutriente limitante na seca é a proteína e a sua suplementação tem como objetivo adequar os teores de nitrogênio para melhorar a digestibilidade, taxa de passagem e consumo de forragem. “Para a suplementação proteica devemos fornecer proteína de alta degradabilidade, podendo-se utilizar fontes de nitrogênio não protético ‘ureia’ e fontes de proteína verdadeira, farelos protéticos, objetivando atender aos microrganismos ruminais e ao adequado suprimento de minerais.
Categorias de suplemento - De maneira geral, os suplementos para o período de seca podem ser divididos em três categorias. Inicialmente, misturas de sal mineral com ureia, protético de baixo consumo (1g/Kg de Peso Vivo) promovem ganhos moderados de 200 a 300 g/cab./dia. Já para os suplementos proteicos de alto consumo (3 a 4 g/ Kg de peso vivo), espera-se ganhos de peso de até 600g/cab./dia, sendo que em todos os casos o desempenho está ligado diretamente à disponibilidade de forragem.
Formulação - Outro fator importante e que as formulações contenham também minerais quem possuam aditivos, como promotores de crescimento, o que proporcionara um ambiente ruminal melhor e assim garantindo desempenho dos ruminantes. “Os suplementos minerais ureados e proteinados permitem melhorar o aproveitamento da forragem seca no rúmen, auxiliando a fermentação ruminal e suprindo a necessidade proteica do animal.
Importante - As estratégias nutricionais no período de seca proporcionam ao pecuarista bons resultados no campo, pois permite a manutenção do escore corporal dos animais, garantindo ganho de peso nas diversas categorias, melhora a condição das fêmeas na parição e consequentemente o desempenho reprodutivo na estação de monta.
Mais - Para saber mais sobre essas e outras orientações e fazer bons negócios, o produtor pode visitar uma das unidades da Cocari e aproveitar Campanha Veterinária, em vigor durante todo o mês de agosto, no Paraná, Goiás e Minas Gerais. (Assessoria de Imprensa Cocari)