ABMR e A diz de quem é amigo e inimigo do produtor rural

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O produtor rural de hoje valoriza a informação e a boa administração, recorre mais ao crédito rural para despesas de custeio e investimento, considera o governo o maior inimigo do agronegócio, mas vê no ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, o melhor nome para representar o setor. O perfil está traçado na pesquisa "Hábitos de Mídia do Produtor Rural Brasileiro", desenvolvida pela Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMR&A), e que foi apresentada nesta semana em São Paulo em evento pelo Dia da Mídia do Agronegócio.

Busca de informação - A pesquisa ouviu 2428 produtores, entre grandes, médios e pequenos de 11 culturas, além de pecuaristas e criadores de aves e suínos. Os dados foram coletados de janeiro a março de 2005 e retratam o comportamento da safra 2003/04. No levantamento passado, a busca de tecnologia era considerada pelo entrevistado a principal característica do produtor moderno, com 82% das respostas. Seis anos depois, ter informação é o principal item apontado por 27% dos entrevistados, seguido de "possuir tecnologia", com 24% das respostas, boa administração, 24%, e acompanhar o mercado, 15%. A procura por orientação de técnicos, agrônomos e veterinários subiu de 49% em 98/99 para 60% neste ano. O combate a pragas e doenças agrícolas é o principal motivo para procurar essa assessoria, com 51% das respostas, seguido de informações sobre características de produto, com 46%.

Procura pelo crédito rural - A pesquisa mostra um aumento no uso do crédito rural. Em 98/99, 84% dos entrevistados utilizavam recursos próprios para despesas de custeio e 33% recorriam ao crédito rural. Seis anos depois, o uso de recursos próprios caiu para 78% dos entrevistados e o crédito rural passou a ser usado por 52% dos produtores para despesas de custeio. O mesmo se verificou quanto às despesas de investimento. 78% dos ouvidos no levantamento passado usavam recursos próprios para investimento e apenas 20% deles recorriam ao crédito rural. Hoje os recursos próprios compõem, segundo a pesquisa, 66% dos investimentos e o crédito rural é usado por outros 31%. A venda da produção diretamente para a indústria subiu de 38% para 44%. A comercialização via cooperativa caiu de 30% para 29% e via cerealistas subiu de 7% para 15%.

O inimigo - Atravessadores e comerciantes comissionados também têm maior presença agora, com 13% de participação contra 7% no levantamento anterior. A exemplo da pesquisa anterior (de 98/99) o governo foi apontado como o inimigo número um do agronegócio. Dos 2050 entrevistados, 43% têm essa opinião, seguido da comercialização, com 15% das respostas, e dos custos e preços, com 7%. A surpresa, no entanto, é que o ministro Roberto Rodrigues não é relacionado a essa queixa, sendo apontado como o melhor representante do setor, por 15% dos entrevistados, ou 23% deles, se desconsideradas as respostas dos entrevistados que não souberam opinar.

Lideranças do setor – O governador do Mato Grosso, Blairo Maggi, é o segundo a ser lembrado, com 10% das respostas ou 15% das respostas válidas. O ex-ministro da Agricultura e atual presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec), Pratini de Moraes, é o melhor representante do setor para 6% dos ouvidos ou 10% deles, se consideradas apenas as respostas afirmativas. "A indicação dessas três lideranças chama a atenção. Havia uma carência de lideranças até há pouco tempo, com indicações apenas de nomes regionais", diz José Tejon Megido, presidente da ABMR&A. Segundo ele, a pesquisa atual mostra um produtor mais preparado, que valoriza a tecnologia e a informação, além da correta administração do negócio. Ele ressalta que hoje o produtor rural tem melhor exposição à informação e desenvolve a atividade de olho no mercado internacional e no câmbio, cenários que explicam as mudanças de comportamento na exploração da atividade nesses últimos anos.

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