Com mais de 500 inscritos, tem início a Semana da Produção e Sanidade Animal das Cooperativas do Paraná

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Na manhã desta terça-feira (23/09), começou a 2ª Semana da Produção e Sanidade Animal das Cooperativas do Paraná, promovida pelo Sistema Ocepar. O evento ocorre de forma online, com discussões relevantes para os setores de produção agropecuária: avicultura, bovinocultura, suinocultura e piscicultura. São mais de 500 inscritos, que poderão conferir três dias de debates com especialistas em produção e sanidade animal.

A abertura do evento contou com a presença de 150 pessoas. O presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, fez a fala inicial. “Nós não podemos separar a produção da sanidade animal. Talvez esse seja o assunto que mais tenha despertado interesse atualmente. No caso das cooperativas, praticamente metade do que a gente faz está relacionado à produção animal. É importantíssimo que possamos, ainda mais, transformar grãos em produção animal e oferecer para 150 países do mundo”.

Presença de autoridades

O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, parabenizou a iniciativa, lembrando da importância do tema, especialmente para enfrentar desafios como o da recente identificação de Influenza Aviária no estado do Rio Grande do Sul. “Os problemas de produção machucam, mas a sanidade mata. Nós precisamos manter nosso plantel rígido. O que vale é biosseguridade. Temos que manter o Brasil campeão nesse aspecto, manter o Brasil como protagonista”, pontuou. Santin destacou o papel do cooperativismo paranaense e dos produtores “Sanidade não é ação é exercício diário. Não dá para hoje dizer ‘troquei minha bota hoje pra entrar no aviário’. É todo dia lavar a mão, trocar a bota, revisar processos.”

O diretor-presidente da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Otamir Martins, destacou o crescimento econômico do Paraná, impulsionado pela participação agropecuária. Para ele, um grande diferencial do estado é o trabalho integrado. “Aqui trabalhamos de maneira conjunta, com a Ocepar, com as indústrias, com a Faep (Federação da Agricultura do Paraná). Isso nos traz muita tranquilidade. A palavra de ordem no mundo hoje é biosseguridade. Nós temos que ter essa preocupação e chamar atenção dos nossos produtores. Na Adapar, vamos fazer um programa de reciclagem, com quatro turmas, na questão da biosseguridade e questão da influenza. Temos determinação do governador para que se cuidemos disso”, finalizou.

O médico-veterinário da Faep, Fábio Peixoto Mezzadri, pontuou a importância da biosseguridade também nas criações menores, de subsistência. “O maior problema não é a gente ter o vírus, claro que há prejuízos enormes, mas o grande avanço é a gente conseguir barrar a transmissão desse vírus como foi feito recentemente.”

O coordenador técnico do ramo agropecuário da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), João José Prieto Flávio, destacou a relevância do Paraná em agropecuária e cooperativismo. “Quando a gente fala de cooperativismo, o Paraná é exemplo para todo cooperativismo nacional. Uma palavra que é muito inerente ao movimento é a integração e o Paraná também é referência. A gente também tem que fazer a lição de casa na representação em Brasília. Essa integração entre entidades do setor produtivo, a gente não pode só colocar como tarefa do governo: a gente tem que mostrar que tem unicidade, tem rastreabilidade, tem sanidade e que quando tem adversidade local nosso sistema está pronto para agir. Discussões como a que temos aqui hoje auxiliam para que a gente tenha essa unificação nacional.”

A superintendente do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) no Paraná, Juliana Bianchini, agradeceu o convite para o evento e destacou a relevância do espaço de discussão. “Essa oportunidade de diálogo em torno de temas estratégicos para produção e sanidade animal só fortalece nosso compromisso. Isso é essencial para garantir sustentabilidade e segurança da nossa agropecuária. Quero elogiar a programação, que contempla diversidade e relevância de desafios importantes que estamos enfrentando, aliada com as metas do Mapa, inclusive. Também quero destacar a ampliação da rede de adidos agrícolas que o Mapa vem buscando - e que é fundamental para negociar nossos protocolos sanitários, conquistar regionalização dos nossos acordos. Isso é essencial para abertura de novos mercados e para dar segurança para nossa produção.”

O representante da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Everton Krabbe, também falou no evento. “Reforço o quanto a gente atua sinergicamente, o quanto o Brasil está alcançado maturidade enquanto uma nação que pode produzir alimento para nação e para o mundo. Queria aqui fazer menção especial ao estado do Paraná e como ele tem se mostrado eficiente na produção. Isso certamente passa pela organização das cooperativas e a Ocepar tem participação extremamente importante. Somos muito competitivos como país produtor de alimentos, mas ser competitivo somente sem ter sanidade nos planteis não nos traz oportunidade de negócios. Esses três dias de programação técnica são absolutamente importantes, relevantes e a gente tem que prestigiar para avançar.

Programação

Após a fala das autoridades, o Analista de Desenvolvimento Técnico da Ocepar, o médico veterinário Alexandre Amorim Monteiro, falou sobre a programação dos três dias de evento. Ele explicou que os painéis vão contar abordar a diversidade dos segmentos de produção animal com especialistas e que todos estão convidados para acompanhar as discussões. Monteiro também agradeceu a presença de todos os presentes.

O superintendente da Ocepar, Robson Mafiolleti, apresentou os números do cooperativismo do Paraná e as projeções futuras. “Para continuarmos crescendo, precisamos falar sobre esse tema tão importante que é a sanidade. Hoje representamos 227 cooperativas no Paraná, com faturamento de quase R$ 206 bilhões em 2024. Segundo levantamentos recentes, das cinco maiores empresas do estado, três são cooperativas. As cooperativas participam com cerca de 66% da produção de grãos e de 45% da produção de carnes e lácteos do estado”. O superintendente demonstrou detalhes do PRC, que é o Planejamento Estratégico do Cooperativismo Paranaense. “O tema 11 do nosso projeto é Sanidade e Meio Ambiente. O projeto 28 trata de sanidade agropecuária e meio ambiente. Esse tema é muito relevante para nós”, finalizou.

Palestra de abertura

O primeiro painel teve como tema “Sanidade Animal como Passaporte para Mercados Competitivos”, com a diretora técnica da ABPA, Sula Alves. A profissional afirmou que o Brasil tem um dos “passaportes mais fortes do mundo, dando acesso a mais de 170 países”, em referência à exportação de produtos.

Alves destacou que o país é um grande especialista em atender requisitos e personalizar as demandas de acordo com o cliente. “Temos desafios para além do sanitário. Existem requisitos em que a gente se vê na condição e necessidade de atender e que trazem dificuldades e possibilidades. A gente trabalha com requisitos religiosos, como grande player para mercados islâmicos, por exemplo, atendemos requisitos filosóficos e culturais, que são alguns princípios de comunidades e pessoas preocupadas com o bem-estar animal, para além da sanidade.”                 

A especialista reforçou que, em momentos de crise, são muitas as variáveis que impactam a produção. “Quando a gente fala de saúde animal a gente pensa nessas perdas visíveis que se configuram quando a gente tem como a influenza aviária, por exemplo: a situação voltada à morte de animais, gastos com medicamentos, vacinas, tempo que se perde com descarte do que se produziu. Mas a maior parte dessas perdas e custos são ocultos, como redução da fertilidade animal, mudança na estrutura da população animal, aumento de custos trabalhistas, mais custos com alimentação, impacto ambiental e emissões de gases de efeito estufa, além de acesso limitado a mercados e subutilização da tecnologia.”              

Para finalizar, a diretora técnica da ABPA pontuou que sanidade não é custo, mas investimento. “É o que nos diferencia e nos garante acesso a mercados de alto valor agregado. Tem que ser pensado como investimento, que traz retorno direto e indireto. Sanidade é passaporte que permite a entrada e a consolidação do Brasil nos mercados mais competitivos e exigentes do mundo. E a chave para o sucesso é atuação proativa e organizada do setor. A colaboração público-privada como modelo de governança para manter a sanidade e a credibilidade do Brasil no mercado global é essencial”, finalizou.

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