IBGE: Paraná amplia dependência da renda da soja

De 2010 para 2011, houve salto de 27% na renda agrícola nacional (de R$ 154 bilhões para R$ 195 bilhões), muito em função da aposta do agronegócio na soja. O dado é da Pesquisa Agrícola Municipal (PAM) que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou na sexta-feira (26/10). Além da ampliação da arrecadação, a PAM revela que o peso da oleaginosa na renda do campo aumentou, principalmente no Paraná, estado apontado como referência em diversificação de atividades agrícolas. A comparação usa os dados acumulados desde a explosão dos preços da commodity registrada cinco safras atrás.

Aumento da importância - A importância da soja em grão na arrecadação dos produtores – também um índice da vulnerabilidade do agronegócio ante a commodity – aumentou mais no Paraná do que em Mato Grosso, onde a oleaginosa tem seu maior espaço. Entre 2009 -- primeiro ano de expansão depois de a soja ter atingido US$ 10 por bushel – e 2011, a oleaginosa passou de 40,8% para 46,4% da área total colhida pelos agricultores paranaenses, que alcançou 9,82 milhões de hectares. No Valor Bruto da Produção (VBP) agrícola, o movimento foi similar. A participação da soja foi de 40,3% para 44,4%.

Outras culturas - Em Mato Grosso, apesar da contínua expansão da oleaginosa, houve também aumento no cultivo de milho e salto na cotação do algodão. Assim, no mesmo período de três anos, a soja perdeu importância em área (de 66,6% para 64,9%) e também no VBP estadual ( de 65,7% para 61,6%), mesmo tendo passado de 5,83 milhões para 6,45 milhões de hectares, mostrou o IBGE.

Nacional - A dependência da soja é nacional. Das 68 milhões de hectares que o Brasil cultiva em lavouras temporárias (grãos, cana, verduras) e permanentes (frutas, erva-mate, borracha), 35,6% são referentes às lavouras da oleaginosa, conforme os dados de 2011. Esse índice era de 33,7% em 2009, segundo o IBGE. A importância da cultura no Valor Bruto da Produção (VBP) agrícola teve queda pequena, passou de 27% para 25,7% no período, seguindo mais o que ocorre em Mato Grosso do que no Paraná.

Preços - Desde que os preços da soja ultrapassaram US$ 10 por bushel no mercado internacional, em 2007/08, as apostas do agronegócio no cultivo da oleaginosa dispararam no Brasil. Mato Grosso e Paraná, os maiores produtores de grãos do país, destinam à sojicultura áreas 20% maiores.

Números - Os números referentes a 2011, que pegam os resultados ainda da safra 2010/11, retratam a situação do agronegócio antes da última temporada, que foi de seca no Sul e expansão, principalmente na produção de milho, nas demais regiões do país. Ou seja, foram superados na temporada 2011/12 e devem ficar ainda mais distantes na temporada 2012/13, que já começou e tende a ser a maior safra de soja da história. (Gazeta do Povo)