IBGE: Após dois meses em alta, setor de serviços varia -0,1% em janeiro
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O setor de serviços variou -0,1% na passagem de dezembro para janeiro, após acumular um ganho de 4,7% nos dois últimos meses do ano passado. Com o resultado de janeiro, o setor ficou 7,0% acima do patamar pré-pandemia, registrado em fevereiro de 2020, e está operando em nível pouco abaixo de agosto de 2015. No entanto, o setor ainda se encontra 5,2% abaixo do pico da série, registrado em novembro de 2014. Os dados são da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada nesta quarta-feira (16/03) pelo IBGE.
Taxas positivas - “Nesse processo de recuperação que o setor de serviços vem apresentando desde junho de 2020, há um predomínio absoluto de taxas positivas: são 15 positivas contra 5 negativas, ou seja, uma larga base de comparação, o que faz com que, vez ou outra, o setor mostre algum tipo de acomodação”, explica o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo. Ele destaca, no entanto, que ainda não é possível saber se o resultado marca um ponto de inflexão da série ou apenas uma tomada de fôlego.
Retração - Três das cinco atividades investigadas tiveram retração no mês de janeiro, com destaque para serviços de informação e comunicação (-4,7%), que recuaram pelo segundo mês consecutivo. Com isso, a atividade se coloca num patamar 7,3% acima de fevereiro de 2020 e 4,9% abaixo do ponto mais alto da série, em novembro de 2021. Nessa atividade, o segmento de tecnologia da informação caiu 8,9%, e o de telecomunicações, -1,1%.
Tecnologia da informação - “O segmento de tecnologia da informação contribuiu decisivamente para o resultado de -0,1% do setor de serviços. É o segmento que mais se destaca desde janeiro de 2011, com aumento do ritmo de crescimento a partir de maio de 2020, alcançando em dezembro de 2021 o ponto mais alto da série. Apesar dessa queda, o saldo dos últimos 3 meses ainda é positivo em 2,4% e, em relação ao patamar pré-pandemia, o segmento está 35,9% acima”, contextualiza Lobo.
Telecomunicações - Por outro lado, ainda dentro do setor de serviços de informação e comunicação, o segmento de telecomunicações não só se encontra abaixo do nível de fevereiro de 2020 (-5,6%) como também atingiu, em janeiro, o piso de sua série, isto é, está 18,1% abaixo de outubro de 2014. Lobo destaca que esse segmento é o de maior peso na pesquisa, dentre as 166 atividades de serviços investigadas.
Famílias - O segundo impacto negativo, em termos setoriais, veio dos serviços prestados às famílias. “O setor foi o mais afetado pela pandemia em função de seu caráter de atividades presenciais e vem mostrando um processo de recuperação consistente. Mesmo com a queda de 1,4% em janeiro, o saldo ainda é largamente positivo desde que se iniciou o processo de recuperação, em junho de 2020”, avalia Lobo. A atividade emplacou uma sequência de nove taxas positivas, com um crescimento acumulado de 60% entre abril e dezembro do ano passado. Apesar disso, ainda se encontra 13,2% abaixo de fevereiro de 2020 e 23,3% abaixo do ponto mais alto da série, em outubro de 2013.
Outros - Com queda de 1,1%, os outros serviços tiveram o terceiro impacto negativo, com destaque para administração de fundos por contrato ou comissão e corretoras de seguros, de previdência complementar e de saúde. A atividade está 0,6% abaixo do patamar pré-pandemia e 11,5% abaixo do ponto mais alto da série, registrado em agosto de 2011 e em janeiro de 2012.
Altas - Já pelo lado das altas, o destaque ficou com os transportes, que cresceram 1,4% em janeiro, terceiro resultado positivo seguido, acumulando aumento de 6,6%. A atividade, que atingiu o ponto mais baixo da série em abril de 2020, está 13,1% acima de fevereiro de 2020 e 2,7% abaixo do pico da série, em fevereiro de 2014. “Esse crescimento vem do transporte rodoviário de carga e da parte de logística de transporte e armazenagem de mercadoria, muito por conta do boom do comércio eletrônico, trazendo o setor de transporte para o maior nível desde novembro de 2014”, destaca Lobo.
Crescimento - Também com alta, os serviços profissionais, administrativos e complementares cresceram 0,6%, com uma sequência de três taxas positivas, acumulando ganho de 5,3%. A atividade encontra-se 1,4% acima do patamar de fevereiro de 2020 e 19,5% abaixo do ponto mais alto de sua série, em julho de 2012 e setembro de 2014
Janeiro de 2021- Em relação a janeiro de 2021, o setor de serviços cresceu 9,5%, com alta em todas as atividades. “Essa é a 11ª taxa positiva seguida, ainda em função de uma baixa base de comparação”, complementa Lobo.
Região - Regionalmente, 12 das 27 unidades da federação tiveram retração no volume de serviços entre dezembro e janeiro, com impacto mais importante vindo do Distrito Federal (-9,1%), Rio de Janeiro (-1,2%) e Minas Gerais (-1,9%). Em contrapartida, São Paulo (0,6%) e Goiás (4,5%) registraram os principais avanços.
Atividades turísticas crescem 1,1% em janeiro - O índice de atividades turísticas cresceu 1,1% frente a dezembro, oitava taxa positiva nos últimos nove meses, acumulando ganho de 69,6%. Contudo, o segmento de turismo ainda se encontra 9,7% abaixo do patamar de fevereiro do ano retrasado
Perfil semelhante - O índice tem um perfil semelhante ao dos serviços prestados às famílias, pois muitas das atividades que compõem o indicador vêm desse segmento. “Esse mês, no entanto, as atividades turísticas não seguiram o movimento de queda dos serviços prestados às famílias, devido ao crescimento do segmento de transporte aéreo, que mais que compensou as perdas vindas dos restaurantes”, observa o pesquisador.
Mais sobre a PMS - A PMS produz indicadores que permitem acompanhar o comportamento conjuntural do setor de serviços no país, investigando a receita bruta de serviços nas empresas formalmente constituídas, com 20 ou mais pessoas ocupadas, que desempenham como principal atividade um serviço não financeiro, excluídas as áreas de saúde e educação. Há resultados para o Brasil e todas as unidades da Federação. Os resultados podem ser consultados no Sidra. (Agência IBGE de Notícias)
FOTO: Licia Rubinstein / Agência IBGE