Fórum aborda desafios do Programa Jovem Aprendiz Cooperativo
- Artigos em destaque na home: Nenhum
Na manhã dessa quinta-feira (19/09), 116 profissionais participaram do Fórum de Aprendizagem, promovido e organizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop/PR). O evento consolida o Programa Jovem Aprendiz Cooperativo, que tem como objetivo atender a Lei n° 10.097, que determina a contratação de jovens de 14 a 24 anos na condição de aprendiz.
O Fórum foi transmitido através da plataforma Microsoft Teams e contou com a participação de agentes, RHs e jurídicos de cooperativas, bem como instituições formadoras parceiras. Para o superintendente do Sescoop/PR, Leonardo Boesche, o evento reforçou o trabalho para buscar os melhores resultados das cooperativas. “Nós contribuímos para que as cooperativas possam operar esse programa com o melhor resultado possível. O que a gente busca é ser um programa de referência, dando maior suporte pela relevância que o tema da aprendizagem tem como porta de entrada para novos talentos”, reforçou.
Em 2024, o Programa contemplou 25 cooperativas no Paraná, com 206 turmas, mais de 78 mil horas/aula com participação de, aproximadamente, 9.400 jovens em turmas presenciais e em formato EAD (Educação a Distância), formadas em parceria com 10 instituições formadoras, que apoiam a aprendizagem profissional e dão suporte às cooperativas no cumprimento da cota de aprendizagem.
O analista técnico do Sescoop/PR, Eduardo Bogucheski Iongblood, contou sobre sua experiência concreta no programa de aprendizagem. “Minha história profissional começa na aprendizagem. Aos 17 anos eu comecei o programa. Tenho satisfação de ter atuado no Jovem Aprendiz e ter chegado aonde estou dentro do Sescoop/PR”, refletiu.
Especialistas em Aprendizagem
O Fórum contou com a palestra de duas especialistas no tema de Aprendizagem. A primeira a falar foi a doutora e mestra em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Leila Andressa Dissenha, com o tema "Contrato de Aprendizagem em Cooperativas: cautelas e oportunidades".
Durante sua fala, Leila afirmou que é preciso enfrentar os desafios, que vão além do cumprimento da cota estabelecida em lei. “As cooperativas do Paraná podem fazer o melhor programa do país. É preciso um novo olhar sobre a aprendizagem. É tempo de inovação”, desafiou.
A doutora pontuou que é necessário pensar na reputação da organização e, por isso, o cuidado com o aprendiz deve ser específico. “A linguagem com que falamos com esse público precisa ser diferenciada, deve ser mais gentil, mais leve. A forma como eu falava, há 20 anos, com os jovens de 17 anos é diferente de agora. Além disso, é preciso cuidar com questões como apelidos, nome social. Minha dica é perguntar como esse jovem quer ser chamado (a) e seguir dessa forma”, pontuou. Outra orientação é que o jovem aprendiz seja informado sobre o setor de compliance da empresa, especialmente o canal de denúncia.
“As cooperativas têm que mostrar que o aprendiz tem oportunidade. Hoje são muitos exemplos de aprendizes que ocupam altos cargos nas cooperativas. Quando a organização identificar um talento, é preciso valorizar. Quando você tem um programa robusto, você prepara mão de obra para entender a realidade cooperativista”, concluiu.
A segunda palestra foi com Ana Carolina Tiene Andrade, advogada e gestora institucional da Organização Encontro Fraterno Lins de Vasconcellos, em Maringá. O tema foi "Aprendizagem sob a perspectiva interdisciplinar: um convite para a transformação social".
Em sua explanação, Ana Carolina reforçou a necessidade de atuação em rede: família, escola, sociedade, instituições públicas, além das cooperativas e instituições parceiras. “A aprendizagem é reconhecida como política pública. Isso significa que toda sociedade precisa observar para que seja integrada na educação, trabalho, em todas as outras. Como a gente faz política pública? É através das discussões coletivas. Quando a gente discute de forma coletiva, a gente consegue fazer movimento de mudança, ainda que haja dificuldade”, destacou.
A palestrante trouxe dados sobre a contratação de aprendizes em 2024: 602 mil jovens no Brasil e 58 mil no Paraná. Informou, ainda, que o aprendiz tem taxa de conclusão do ensino médio superior à taxa nacional. “Quando a gente tem taxa de evasão de 500 mil jovens por ano, em média, no país, nós estamos trabalhando com impacto para o mercado de trabalho. Quando eu tenho um jovem que não estuda, tenho impacto para o meu trabalho no futuro. Educação é a base do conhecimento. Com formação, eu garanto um cidadão e um profissional melhor”, pontuou.
Ana Carolina reforçou que o jovem precisa de vínculo, de conexão, da sensação de pertencimento. Nesse sentido, a abordagem interdisciplinar pode trazer benefícios, pois conecta conhecimento e aprendizagem metodológica de maneira integrada. Uma forma de ação é contar com monitores específicos para os jovens, que fazem o papel de facilitador do processo. A especialista terminou a palestra com uma frase que tem como lema: “que os jovens possam encontrar um lugar onde o amor é ferramenta de trabalho, o abraço é método pedagógico, o sorriso é o uniforme e o BEM é o único resultado esperado”.
Planejamento 2025
A partir da próxima semana, o Sescoop/PR orienta que as cooperativas encaminhem pedidos sobre os processos de aprendizagem programados para 2025. No próximo dia 25 de setembro, pela manhã, haverá agenda para esclarecimentos das cooperativas sobre o tema. Mais informações podem ser solicitadas à analista do Sescoop/PR, Bianca Carolina Liteka Schneiker, pelo e-mail
Na finalização do Fórum, a coordenadora de Cooperativismo, Eliane Lourenço Goulart Festa, agradeceu a presença das palestrantes convidadas e a participação dos presentes. “A aprendizagem não é fácil, temos inúmeros desafios, mas ela pode ser bonita, útil e trazer novos cooperativistas. O movimento só traz coisa boa paro o nosso estado. O futuro do cooperativismo passa pelo aprendizado e a gente tem que cuidar dessa moçada”, pontuou.