Encontro Cooperjovem reúne mais de 300 educadores em Curitiba

Para debater educação, o ensino da cooperação em sala de aula e a autonomia de crianças e adolescentes, o Encontro Estadual do Programa Cooperjovem reúne mais de 300 professores, em Curitiba. O evento começou na tarde dessa terça-feira (16/09) e segue na manhã desta quarta-feira (17/09), na sede da Federação das Indústrias do Parana (Fiep-PR).

O evento foi conduzido pela coordenadora de cooperativismo, Eliane Goulart Festa. A fala inicial do superintendente da Fecoopar, Nelson Costa, destacou a relevância do programa. "No Paraná, o Cooperjovem foi instituído em 2001, pelo Sescoop/PR (Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo). Hoje, são mais de 2.800 professores no programa, com 28 mil estudantes, em 60 municípios do Paraná, e o apoio de 26 cooperativas paranaenses. O aluno que hoje tem de 6 a 10 anos, será protagonista no mundo. Estamos fortalecendo a cultura da cooperação, educando jovens com princípios cooperativistas, de empreendedorismo e transformação social através da educação", afirmou.

Programação

A primeira palestra foi com o professor, mestre em literatura e bacharel em artes cênicas, Anderson Novelo. O profissional trouxe o tema "A arte da escutatória: a escuta de si, do outro e do mundo". Novelo provocou: "estamos treinando pessoas para falarem bem, mas não estamos treinando pessoas para ouvir bem. Escuta é algo ensinado. A escola não pode partir do princípio que a criança vem com a habilidade de escutar de casa."

O palestrante reforçou que é importante que o diálogo ocorra dentro de um contexto de compreensão mútua. "Nosso mundo é do tamanho da nossa linguagem. Entre o que eu digo e o que a pessoa entende existe um abismo, o abismo do entendimento. Porque você fala com o seu repertório e ela entende com o dela. Se os repertórios não forem iguais, há abismo."

Após a palestra, a coordenadora de desenvolvimento profissional do Sescoop/PR, Fabianne Ratzke, apresentou as conclusões de sua dissertação de mestrado em Gestão de Cooperativas, com o tema "A influência do comprometimento dos educadores no alcance do propósito do programa Cooperjovem". A coordenadora explicou que a pesquisa escutou os educadores para compreender como os princípios cooperativistas são trabalhados. 

Segundo ela, foi possível identificar aplicação do 5° e do 7° princípios, que são educação, formação e informação e interesse pela comunidade. "Quando eu estava na coordenação do Cooperjovem eu sentia o comprometimento dos professores, mas precisava provar. A pesquisa científica conseguiu isso, com grupos focais. Reunimos pessoas para roda de conversas, que chamamos, cientificamente, de grupo focal."

Fabiane disse que o resultado da pesquisa mostrou que o comprometimento dos educadores é predominantemente afetivo e que a metodologia do programa gera mudança comportamental nos alunos. "O programa tem cumprido seu propósito ao fomentar comportamentos cooperativos, protagonismo e empatia entre alunos, contribuindo para cidadãos mais solidários e conscientes", concluiu.

A apresentação que fechou a programação do primeiro dia foi das professoras Sabrina Soares Gozzi e Jaqueline Santos Medeiros, sobre a implantação do Cooperjovem na Apae de Mandaguari.

Elas contaram sobre o projeto "Codorninhas na escola", que deu a oportunidade para os estudantes criarem codornas, auxiliarem na produção de ovos e na posterior venda à comunidade. Com auxílio dos professores, os alunos decidiram produzir ovos em conserva.

As professoras afirmaram que foi possível observar muita evolução dos estudantes, tanto no aspecto cognitivo quando emocional. 

O primeiro eixo do trabalho foi o da cooperação. O segundo, do empreendedorismo. Na sequência, vieram os eixos financeiro e ambiental.

A professora Jaqueline afirmou que foram muitos desafios, mas que os resultados foram perceptíveis. "Muitas vezes a gente acaba se limitando, achando que porque são estudantes da Apae não são capazes. A gente tinha expectativa, mas foi muito melhor do que esperávamos. Quando chegou a metodologia (do Cooperjovem) a gente foi adaptando. Se o aluno não conseguia ler, a gente falava, por exemplo. Eles foram verdadeiros protagonistas", concluiu.

O coral do Sistema Ocepar realizou apresentação para encerrar a noite. Durante o coquetel de encerramento, a analista técnico do Sescoop/PR, pedagoga Jane Carla Claudino, realizou sessão de autógrafos do seu livro "Onde se Desliga essa criança?". Para ela, a publicação ajuda a todos que têm a missão de educar um ser humano.

"O texto apresenta orientações, dicas e sugestões para quem já é ou deseja ser pai ou mãe, abordando a grande responsabilidade que é educar uma pessoa e zelar por seu desenvolvimento integral. Aborda temáticas atuais como o uso das telas e cuidados nas redes sociais. Promove reflexões sobre o processo educativo de uma pessoa como um grande projeto dos pais ou responsáveis, lembrando que uma criança não vem com manual de instruções", pontuou.

A publicação pode ser adquirida por meio do perfil da autora: @ondedesliga.

Segundo dia de programação

A quarta-feira começou com palestra do professor, escritor, consultor, mestre e doutor em educação, Júlio Furtado. Ele abordou o tema "A gestão da sala de aula: construindo caminhos para uma aprendizagem significativa". Para ele, é essencial que o professor construa vínculo afetivo com os alunos. "Como fazer isso? É preciso se informar sobre a cultura dos alunos, transitar nessa cultura. É necessário ter postura apreciativa, com olhar inclusivo. Nós somos o adulto da relação e o adulto qualificado, estudamos para isso. Eu preciso sair da posição em que estou para entender o processo e construir a relação afetiva", afirmou. 

Após a palestra, foi realizada a atividade "Bingo Cooperativo", com a instrutora e apoiadora do Cooperjovem Izabel Bento. Para finalizar, houve a apresentação com o tema "A magia da educação", com o palestrante Marco Zanqueta, que trabalha como mágico há mais de 30 anos, tendo sido premiado com o oscar internacional de mágica pela Internacional Magicians Society.

FOTOS: Gisele Barão, Iara Maggioni e Júlia Duda / Assessoria de Comunicação Sistema Ocepar