DIA DO COOPERATIVISMO IV: Oportunidades que fazem a diferença

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Oportunidade. A realização pessoal e profissional de uma pessoa, em muitos casos, pode ser traduzida nesta única palavra. Um sorisso no rosto, a satisfação de ter um emprego, a independência financeira... Coisas simples - e até banais - para quem está acostumado a tudo isso, mas importantes para quem lutou e demorou para conquistar. Edna Santana, por exemplo, foi cortadora de cana-de-açúcar durante 23 anos. Aos 40 anos, seu destino finalmente mudou: há dois meses foi contratada como tratorista da Cooperativa Agroindustrial Cofercatu, cuja sede está localizada em Porecatu (Região Norte).

Rotina dura - ''Queria sair do 'facão', era muito cansativo. Trabalhava em baixo do sol quente e de chuva'', lembra Edna. A rotina era dura: saía às 5h40 de casa e chegava entre 17h30 e 18 horas. E o trabalho não parava. À noite cuidava do pai - doente de Alzheimer - e ainda preparava a comida para o dia seguinte. Aos domingos trabalhava como faxineira para complementar sua renda, que era de um salário mínimo bruto. A entressafra também não era motivo para descanso e, mais uma vez, a lida era difícil: capina, colheita de café ou o serviço que aparecia. Não havia descanso. Ela mora com os pais e dois filhos: de 14 e 9 anos.

Oportunidade - Sua renda garante o sustento da casa, uma vez que o pai recebe apenas um salário mínimo, dinheiro gasto na compra de medicamentos. A oportunidade de mudar de vida definitivamente veio por meio de uma vizinha, que a convidou para fazer o curso de tratorista, promovido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). Agarrou a chance. Andava oito quilômetros em estrada de terra para chegar às aulas mas, mesmo assim, a qualificação falou mais alto e optou por faltar oito dias no trabalho que, na época, era período de plantio. Um ano depois chegou a oportunidade definitiva.

Mudança de vida - ''Minha vida mudou tudo, é mais tranquila, ganho três vezes mais do que ganhava. Agora nada mais me segura, só Deus'', afirma Edna, confiante. A auto-estima também pode ser observada facilmente na expressão e nos olhos de Franciele Furlaneto dos Santos. Com 30 anos, formada em Pedagogia com curso de especialização em Orientação e Supervisão, ela nunca havia conseguido um emprego fixo, com registro em Carteira de Trabalho. As experiências foram inúmeras: babá, empregada doméstica, estagiária em creches. Agora, empregada formalmente como tratorista da Cofercatu, ela diz ter descoberto sua verdadeira vocação. ''Agora sei do que sou capaz, mas ainda quero ver onde posso chegar'', afirma. Casada e mãe de uma menina de 7 anos, ela dá um conselho: ''Todas as mulheres devem encontrar sua vocação. Fazer serviço de casa todas fazem, mas é importante a nossa realização''.

Qualificação - A contratação de mulheres para exercer funções até então masculinas faz parte de uma nova etapa da Cofercatu. Com foco na qualificação dos funcionários, respeito ao meio ambiente e melhoria das condições de vida da comunidade onde estão suas unidades (Porecatu, Florestópolis, Prado Ferreira e Centenário do Sul), a cooperativa passou a oferecer oportunidades a todos os interessados em um emprego, desde que tenham qualificação. Ao todo são seis mulheres - cinco tratoristas e uma motorista - entre os cerca de 3 mil funcionários, que agora dão um certo charme ao ambiente de trabalho.

Qualidade - ''O que nos interessa é que a pessoa tenha condições de executar a atividade. As mulheres podem várias coisas, talvez, a única limitação é a força física'', afirma Ariane Denise Romagnoli, gerente de Recursos Humanos da Cofercatu. Ela acrescenta que já foi percebido uma melhora qualitativa no desempenho das mulheres na atividade, entre elas, um maior cuidado com o equipamento de trabalho e o comprometimento com a atividade desenvolvida, como o cumprimento do horário de trabalho e a frequência. (Folha de Londrina)

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