DIA DO COOPERATIVISMO III: Empregos dobram em uma década

O salto foi de 545 mil para 1,25 milhão. O número de empregos diretos e indiretos ligados às cooperativas do Paraná cresceu 129% nos últimos oito anos, segundo balanço da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar). A entidade estima que, para cada posto de trabalho que existe dentro de uma cooperativa, são gerados 20 empregos indiretos nos mais diferentes elos da cadeia produtiva. Essa relação estaria se ampliando com a abertura de agroindústrias e outras empresas que não são braços das cooperativas, mas dependem delas enquanto fontes de matéria-prima ou clientes.

Crescimento - Os empregos diretos cresceram de 30 mil para 55 mil no mesmo período e devem atingir cerca de 60 mil em 2010. O aumento vai de 1 mil a 8 mil por ano, mostrando a solidez do setor. Mesmo no período de crise, entre 2004 e 2006, houve ampliação. O histórico sustenta a previsão de que, mesmo neste ano, quando o setor enfrenta restrições de crédito e vem de uma safra de verão com quebra de 20%, haverá novo crescimento.

Agroindustrialização -  "A agroindustrialização, em especial no setor de carnes, demanda cada vez mais mão-de-obra", avalia o gerente técnico e econômico da Ocepar, Flávio Turra. O frigorífico de suínos inaugurado em dezembro de 2007 pela Frimesa em Medianeira (Oeste), por exemplo, gerou 500 empregos imediatos e 500 vagas em aberto, que devem ser preenchidas até 2012. Nesse período, a capacidade de abate da central passará de 1,5 mil para 6 mil suínos ao dia. O investimento no projeto é de R$ 52 milhões.

Expansão de atividades - A ordem é expandir as atividades. A Coasul, de São João (Sudoeste), anunciou investimento de R$ 150 milhões na construção de um frigorífico de aves e 1.200 empregos diretos. Prestes a completar 40 anos, a cooperativa de grãos está entrando na área de frango. A indústria deve abater, a partir do ano que vem, 120 mil aves por dia, capacidade que pode ser ampliada até 300 mil, dependendo do comportamento do mercado nos próximos anos.

Mão-de-obra qualificada - Para algumas cooperativas, falta mão-de-obra qualificada. A C. Vale busca trabalhadores até em Mato Grosso do Sul para manter o frigorífico de aves instalado em Palotina (Oeste) funcionando. O foco é nas exportações e, devido às exigências sanitárias, mesmo os trabalhadores que exercem funções repetitivas precisam de ensino médio e de cursos preparatórios sobre rastreabilidade. Perto da metade dos 3,2 mil funcionários do frigorífico não são de Palotina. A prioridade é buscar funcionários num raio de 100 quilômetros, mas nem assim as vagas que exigem mais qualificação são preenchidas.

R$ 1 bilhão recolhidos em impostos - As cooperativas do Paraná pagam R$ 1 bilhão em impostos ao ano, cerca de 4% do faturamento bruto. A proporção é menor que na indústria, por exemplo, mas o valor é considerado alto pelos técnicos do setor. "A cooperativa é uma empresa como qualquer outra, que paga imposto normalmente", afirma o gerente de Desenvolvimento e Autogestão da Ocepar, Gerson José Lauermann. Mas, pelas exigências do próprio sistema, que possui mecanismos de autofiscalização, é mais difícil uma cooperativa sonegar impostos que uma empresa comum, relata.

Outros impostos - Lauermann observa que a esse R$ 1 bilhão deve ser acrescentado o Imposto de Renda pago pelos cooperados, que não é descontado nas operações com os associados, além do ICMS, PIS e Cofins. As indústrias das cooperativas pagam ainda IPI. Já as cooperativas de trabalho e serviços estão sujeitas ao ISS. O valor pago em impostos é igual aos gastos com pessoal, considerando salários, treinamentos, programas sociais, previdência privada, planos de saúde e transporte (sem levar em conta os encargos que entram na conta dos impostos). Na comparação com os investimentos, os impostos representam 80%. (Caminhos do Campo / Gazeta do Povo)