ATLAS RURAL: Campo avança com mais capital intelectual

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atlas rural 30 10 2012Nas últimas três décadas, a agricultura brasileira passou por uma reestruturação na forma de administrar as propriedades. O setor dominado pelas máquinas e insumos agora também exige capital intelectual do agricultor. Apesar do baixo índice de escolaridade (apenas 18,58% dos produtores têm ensino médio ou superior no Brasil), o homem do campo está mais preparado para comandar maquinário de alta precisão, conhecer as modernas técnicas de plantio e acompanhar as informações dos mercados local e internacional para comercializar a produção.

Atlas - O novo perfil do agronegócio brasileiro está no Atlas do Espaço Rural Brasileiro, que usa dados do Censo de 2006 e acaba de ser divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo retrata que o amadorismo deu lugar à era do conhecimento, apontou o órgão de pesquisa. Ou seja, o agricultor que antes utilizava a enxada para preparar a terra agora lida com novos sistemas de irrigação, biotecnologia e o plantio de precisão.

Conhecimento - Em Pato Branco, Sudoeste do estado, Eucir Brocco, 47 anos, faz parte da parcela de agricultores que investe em conhecimento voltado ao negócio. No currículo, além de uma série de palestras e “dias de campo”, Brocco realizou quatro viagens internacionais (duas para os Estados Unidos e duas para a Europa) onde conheceu técnicas que, posteriormente, foram implantados nas suas lavouras de soja, milho, feijão e trigo na propriedade de 200 hectares.

Experiência adquirida - “Às vezes, as pessoas perguntam qual a minha formação. Respondo que são as experiências que adquiro visitando outras áreas, empresas e produtores”, diz Brocco, que tem o ensino médio completo. “Hoje tenho conhecimento para assessorar outros agricultores da região e indicar formas de plantio e produtos”, complementa.

Formação contínua - Para Brocco, o processo de formação precisa ser contínuo. O agricultor planeja começar o treinamento de lideranças, promovido pela Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), no próximo ano. Caso o projeto se concretize, serão três anos visitando lavouras norte-americanas, da Argentina, Canadá, China, Rússia e no velho continente.

Juventude - A mudança de comportamento também pode ser notada principalmente na nova geração de agricultores. Em Vera Cruz do Oeste, distante 55 quilômetros de Cascavel, Oeste do Paraná, o produtor de soja e frango José Cândido da Silva, 55 anos, decidiu investir na formação do filho Fernando, 18 anos. O jovem completou o curso técnico agrícola e está cursando a faculdade de desenvolvimento de sistema.

Transferência - “Eu transferi a necessidade de adquirir conhecimento que o mercado exige para o meu filho. Tudo o que ele fala eu coloco em prática”, conta Silva, que terminou o primário em 1969 e nunca mais voltou a sala de aula. “Por aqui, muitos filhos de agricultores estão querendo ficar no campo e se preparando para isso”, complementa.

Máquinas tornam trabalho mais rápido - O Atlas Rural ainda mostra que os agricultores brasileiros investiram em maquinário agrícola para aumentar a produtividade. Segundo Censo, até 2006 havia pouco mais de 820 mil tratores e 116 mil colheitadeiras nas áreas agrícolas do território nacional. Nos últimos cinco anos, mais 229 mil tratores e 20 mil colheitadeiras foram adquiridas, elevando a frota nacional para mais de 1 milhão de unidades.

Renovação da frota - “Eu praticamente renovei a minha frota de máquinas nos últimos sete anos. É preciso investir para aumentar a produtividade”, conta o produtor de soja Eucir Brocco, dono de uma colheitadeira, quatro tratores, duas plantadeiras, um pulverizador e uma semeadeira. As máquinas não só reduziram o número de pessoas trabalhando no campo. Também tornaram a vida na agricultura mais confortável, inclusive com mais tempo para qualificação. (Caminhos do Campo / Gazeta do Povo)

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