Seminário de Tendências da OCB I
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Prossegue nesta quinta-feira o II Seminário Tendências do Cooperativismo Contemporâneo, que está sendo realizado no Recife Palace Hotel, na capital pernambucana. Na última terça-feira, durante o primeiro dia do evento aconteceu o painel "Experiências bem-sucedidas de profissionalização na gestão Cooperativista", coordenado pelo presidente da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), João Paulo Koslovski.
Mato Grosso do Sul - A primeira experiência de sucesso apresentada dentro do painel foi a da Cooperativa Agropecuária e Industrial Ltda. (Cooagri), que abrange cerca de 20 localidades no Mato Grosso do Sul, sob o título "As etapas de um bem-sucedido processo de reestruturação". O gerente de Desenvolvimento da Cooagri, Maurício Rodrigues Peralta, explicou como a cooperativa, criada nos anos 70, reergueu-se após um processo de auto-liquidação ocorrido entre os anos de 1996 e 1998. "A mudança está sendo feita pelo aprendizado. Fomos resgatados pelas ações do Sistema Cooperativista. Reabrimos há cinco anos com expectativa de atingir, nesse período, uma movimentação de 8 milhões de sacas de produtos. Mas já atingimos 18 milhões", revelou Peralta. Ele contou que, após o saneamento financeiro da cooperativa, veio a profissionalização da gestão. "Tudo dependia da capacitação dos associados. Transformamos o perfil do profissional, voltando-o para os negócios. Aumentou-se o faturamento e o investimento e diminui-se a dívida?.
Bahia - Por meio do trabalho "Gestão orientada para o mercado", o diretor-executivo da Cooperativa Agrícola Juazeiro da Bahia (CAJ), Avoni Pereira dos Santos, expôs o caso de sucesso baiano. Criada em meio a dificuldades no ano de 1994 por ex-associados da Cooperativa Agrícola de Cotia (CAC), a CAJ é atualmente a maior cooperativa de exportação de uva do Brasil. Superou a fase difícil, quando não obtinha crédito, com a participação dos próprios funcionários, que participaram da construção da nova cooperativa. "Tivemos que criar um sistema que atendesse às necessidades dos produtores e do mercado. Definimos um modelo de gestão que incrementou treinamentos para técnicos e produtores, inclusive viabilizando viagens para o mercado consumidor", relembrou Santos. "Procuramos colocar o produtor dentro da sala de aula e ensiná-lo o que ele nunca se preocupou em aprender - focar o mercado e descobrir as potencialidades".
Minas Gerais - "Gestão comercial e qualidade do produto conquistam o mercado japonês" mostrou o caso da Cooperativa Nacional de Apicultura Ltda. (Conap), de Minas Gerais. Fundada em 1991, passou por dificuldades nos primeiros oito anos. De acordo com o presidente da Conap, Paulo Rettore, um novo modelo de gestão foi criado a partir de 1999, com estabelecimento de uma nova diretoria. "Enviamos nosso produto para o Japão e atualmente temos um faturamento anual de US$ 1 milhão". A Conap também ingressou no mercado norte-americano e, nos últimos oito meses, exportou 700 toneladas de mel para os Estados Unidos. O segredo para o sucesso da Conap pode ser explicado pela participação maciça dos cooperados nas decisões - as assembléias contam com a presença de cerca de 90% do quadro.
São Paulo - Após a apresentação dos três casos, foi a vez da experiência da Cooperativa de Trabalho e Produção de Clementina (Cooperclem), de São Paulo. De maneira descontraída, a presidente Marlene Pinheiro Ghetti fez um trocadilho com o título do trabalho da sua cooperativa - "Gestão participativa em cooperativa de pequeno porte, um modelo que deu certo". "Frente a esses casos, somos uma microcooperativa. Mas quem não é maior, tem que ser melhor", sentenciou. A afirmação de Marlene retrata bem a realidade da Cooperclem. Formada por 80 cooperados (76 mulheres e quatro homens), a instituição surgiu em 1998 para resolver o problema de postos de emprego e geração de renda, já que todos os fundadores eram ex-trabalhadores rurais, sem qualificação e com idades entre 40 e 60 anos. "Sempre tivemos bem claro que trabalhar e sustentar-se é bem melhor que receber cestas básicas de políticas públicas". O destaque na Cooperclem é a gestão participativa, facilitada pelo número de cooperados. Mas outros fatores colaboraram para o sucesso da cooperativa e o conseqüente aumento da produção: cursos com apoio do Sescoop e a experiência dos dirigentes na área educacional que, de acordo com Marlene, facilita o diálogo com os cooperados. A Cooperclem é formada por dois núcleos: de costura (em parceria com grandes empresas e multinacionais) e de pintura manual, embalagem e montagem de brindes.