Seca faz SC perder 17% da produção de grãos

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A estiagem que assola as regiões do meio-oeste e oeste de Santa Catarina já causa perdas de cerca de 17% da produção prevista para as lavouras de milho e de 12% para as de soja. Para a cultura do feijão, as perdas estão estimadas em 12% e para a produção de leite, queda de 13%. Levantamento sobre os prejuízos com a seca, apresentado pelo secretário da Agricultura e Desenvolvimento Rural de Santa Catarina, Moacir Sopelsa, indica que a escassez de chuvas atinge especialmente as regiões de Campos Novos, Concórdia, Xanxerê, Chapecó e São Lourenço do Oeste. Sopelsa diz que a estiagem tem sido um problema recorrente em Santa Catarina. Das seis últimas safras, desde 1999/2000, três apresentaram perdas de produtividade. Somente na safra passada (2004/2005), as perdas chegaram a R$ 734 milhões, com a quebra de mais de 30% das lavouras de milho, por exemplo. Neste ano, até o momento, a soma dos prejuízos para a safra 2005/2006, alcança R$ 241,8 milhões, conforme dados da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri/Cepa). Segundo o secretário, para minimizar os efeitos da estiagem, o governo do Estado investiu R$ 23,7 milhões nos três últimos anos, na implantação e financiamento de sistemas de proteção de fontes, de abastecimento e de reserva de água, atingindo 36,6 mil propriedades rurais.

Medidas emergenciais - As ações foram realizadas por meio do Projeto Água da Chuva, financiado pelo Fundo de Desenvolvimento Rural, com recursos do Fundo Social, pelo Microbacias 2 e pelos serviços de assistência da Epagri. O secretário informou ainda que o governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB), vai anunciar em Chapecó medidas emergenciais de abastecimento de água para consumo humano e animal. Na próxima semana, a Secretaria da Agricultura lidera reunião de entidades de classe como a Faesc, Fetaesc e Fetraf-Sul, para que seja traçado com o setor agropecuário a estratégia para enfrentar os prejuízos com a seca.

Fundo - Sopelsa destaca que é preciso construir um fundo de emergência com a ajuda do governo federal, dos municípios e dos produtores. "Estaremos distantes da solução para problemas da estiagem enquanto não tivermos um sistema que garanta a reparação das perdas. O governo federal precisa implantá-lo, sob pena de termos mais famílias abandonando o campo", afirmou. Segundo o secretário, o sistema de seguro agrícola sequer cobre custos de produção e precisa ser aperfeiçoado.

Milho - O vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina, Enori Barbieri, afirma que os produtores iniciaram o ano de 2005 vendendo milho a R$ 22,00 e terminaram o ano vendendo a R$ 14,00, preço que permanece até agora." Além disso, salienta o dirigente, o Brasil importou 600 mil toneladas de milho e terminou 2005 com mais de 5 milhões de toneladas em estoque. "Este foi o problema que derrubou o preço do milho: a falta de informação do próprio governo que não tinha os números precisos. E quando o mercado se deparou com todo este produto, não teve como segurar o preço".

Estoques - Para ele, os estoques dos armazéns brasileiros não foram exportados devido ao câmbio desfavorável, e não há previsão de melhora de preço. No caso da soja, o produtor rural iniciou 2005 vendendo a saca com valor entre R$ 34,00 e R$ 35,00 e terminou vendendo na faixa dos R$ 27,00. Para ele, o PIB da agricultura em 2006 deverá cair. (Gazeta Mercantil)

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