PEDÁGIO I: Agronegócio pagou R$ 126 mi somente em 2010

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Uma carreta de seis eixos que sai de Foz do Iguaçu para Paranaguá vai deixar - só na ida - R$ 442 em 10 praças de pedágio do anel de integração concedido pelo governo do Estado à iniciativa privada em 1997. Num percurso equivalente, de 720 quilômetros, entre Florianópolis e São Paulo, a mesma carreta vai pagar R$ 103 em 11 praças. Neste segundo caso, a concessão da Rodovia Régis Bittencourt foi dada pelo governo federal em 2008.

Mais alto - Com exceção dos cobrados nas principais estradas paulistas, o pedágio paranaense é o mais alto do País e tem forte impacto na economia estadual, principalmente no transporte de mercadorias de baixo valor agregado. Só para se ter uma ideia, ao fim do percurso entre Foz e o porto, em Paranaguá, uma carreta de cinco eixos deixa 26 sacas de milho ou 13 de soja para as concessionárias. Somente no ano passado, o agronegócio paranaense pagou R$ 126 milhões em pedágio para exportar 13,6 milhões de toneladas de grãos.

Dados - Os dados são do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Paraná (Setcepar) e da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar). Os pedágios representam em média 25% dos fretes de grãos, podendo chegar a quase 29% dependendo da região. Segundo o estudo realizado pela Ocepar, o pedágio representa 7,6% do custo de produção do milho paranaense e 4,6% do da soja, informou Pedro Loyola, economista da Faep. Não é de hoje que este 'Custo Paraná' revolta produtores e transportadores. E a possibilidade de o governo do Estado prorrogar os contratos das atuais concessionárias, que vencem em 2023, preocupa, mesmo que a contrapartida oferecida por elas seja uma redução nas tarifas. ''É tão caro que, por mais que se dilatem os prazos, o pedágio vai continuar muito alto'', justifica o presidente do Setcepar, Gilberto Antonio Cantu. Para ele, a melhor saída é esperar o vencimento e fazer nova licitação.

Abusivo - Cantu afirma que a entidade não é contra o pedágio, pois sabe que estrada em boas condições significa redução no custo do transporte. Mas diz que as tarifas são abusivas principalmente quando comparadas com as das concessões feitas no governo Lula. Na BR 116, em Rio Negro (PR), por exemplo, uma carreta de 5 eixos deixa R$ 15,50 na praça da concessionária Auto-Pista Planalto Sul. Já na de Jataizinho, da Econorte, o mesmo veículo paga R$ 50. ''Não tem como comparar uma coisa com a outra. Nas primeiras concessões, você tinha uma situação econômica diferente, situações jurídica e política diferentes'', defende-se o presidente da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), Moacyr Duarte, ao ser questionado sobre o porquê de valores tão distintos.

Situação especial - Segundo ele, além da diferença de conjunturas entre 1997 e 2008, o Paraná tem uma situação especial quando o assunto é pedágio. Ele lembra que, um ano após ter feito as concessões, o ex-governador Jaime Lerner reduziu as tarifas pela metade com medo de não ser reeleito em 1998. Com isso, teve início uma guerra judicial entre Estado e concessionárias que se arrasta até hoje.

Conversação retomada - Duarte diz que, durante oito anos (governo Requião), não houve condições de as duas partes sentarem à mesma mesa. Mas que, com o governador Beto Richa (PSDB), a conversa foi retomada. As ações judiciais foram suspensas de um lado e de outro. Mas a possibilidade de redução de tarifas só se viabiliza, de acordo com ele, se o governo não quiser novos investimentos. ''Vai depender do que se pretende: ou se prioriza a redução de tarifas ou novas obras'', afirma. Ele lembra que qualquer acordo entre o Estado e as empresas dependem do aval do governo federal, tendo em vista que as rodovias são federais e estão apenas delegadas ao Paraná.

Secretário - A reportagem não conseguiu entrevistar o secretário de Logística e Transporte, José Richa Filho. Mas sua assessoria informou que não há nada definido quanto à prorrogação dos contratos. E que técnicos do governo estão discutindo uma proposta que inclui a duplicação do anel de integração com prioridade para o trecho entre Medianeira e Cascavel e do contorno de Campo Largo. (Folha de Londrina)

Clique aqui e confira o estudo completo da Ocepar sobre o pedágio

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