OPINIÃO: O cooperativismo dos meus sonhos

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·      Ademar G. Bianchi

·      Sabemos da necessidade de adaptação constante do cooperativismo, para atuar em um mercado cada vez mais globalizado e competitivo, onde a força do capital fala mais alto. Neste cenário, apesar de todos os desafios, o cooperativismo continua seu trabalho como uma “revolução silenciosa”, gerando inúmeros benefícios  a economia e a sociedade através de suas  13 (treze) formas/segmentos.

·      Nos últimos anos, observamos crescimento em vários setores, principalmente no agropecuário, crédito, infraestrutura, transporte, saúde e trabalho, mostrando que a sociedade está entendendo que não é somente pela simples competição, mas também pela cooperação e união de forças, que podemos resolver nossos problemas coletivos de uma forma mais  humana e inteligente.

·      E, nesta caminhada,  utopias de ontem já viraram realidade, entre elas: a organização da representatividade, as conquistas constitucionais que  asseguraram o fomento do Governo Federal, através dos Ministérios da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e outros, a lei das sociedades cooperativas e as resoluções complementares, a formação e atuação  das frentes parlamentares cooperativas, a criação do serviço nacional de aprendizagem do cooperativismo, o reconhecimento do cooperativismo de crédito como integrante do sistema financeiro nacional, convênios e intercâmbios internacionais, faculdades de tecnologia do cooperativismo e pós graduação em várias instituições de ensino e outros desafios que ainda fazem parte de meus sonhos, entre eles:

·      - As escolas, de todos os graus, precisam mudar o foco da competição como sendo o  único caminho e orientar para a alternativa da cooperação, organização das pessoas e fortalecimento das instituições, somando esforços parceiros,  racionais e solidários  na solução de  problemas comuns no desenvolvimento das regiões.

·      - O desenvolvimento sustentável de uma cooperativa, município, estado ou país, somente acontece com educação, capacitação, disciplina  e trabalho, para isto todos devem estar envolvidos  e fazer sua parte, no campo e nas cidades. A história de grandes potências mundiais servem de exemplo

·      - A forma amadora de administrar precisa ser mudada de forma urgente por uma  gestão  profissional  e de resultados.

·      - As novas lideranças precisam ser preparadas para dar continuidade à missão maior da cooperativa no cumprimento de seus objetivos, com eficiência e transparência, evitando a longevidade excessiva das diretorias e seus vícios decorrentes.

·      - Cooperativas não devem ser usadas para promoção particular e nem servir de trampolim político. Podem, sim, apoiar lideranças e  instituições identificadas com suas causas e necessidades.

·      - A assistência técnica, educação, capacitação e marketing precisam ser desenvolvidas e apoiadas efetivamente pelas diretorias. Sem este comprometimento, estas práticas serão tratadas sem prioridades, com sérios prejuízos para todos, colocando em risco a existência da própria entidade.

·      - As cooperativas devem ser fiscalizadas de forma permanente pelo conselho fiscal e auditorias internas e externas, exercendo um trabalho preventivo, apontando problemas e desvios, os quais devem ser punidos com rigor conforme a lei e estatutos.

·      - A sustentabilidade deve ser preocupação permanente, inclusive no planejamento estratégico a médio e longo prazo, com ações concretas, buscando respostas  econômicas, sociais e ambientais em sintonia com a  comunidade.

·      - A intercooperação precisa ser exercida efetivamente como uma estratégia de competição nos mercados, trocando produtos, serviços e formando redes e centrais,  independente de  bairrismos  locais ou regionais

·      - Buscar e manter o equilíbrio permanente entre o econômico e o social, não esquecendo a filosofia e princípios  que identificam  o sistema cooperativo.

·      - As entidades fomentadoras, públicas e privadas, precisam dialogar mais, trocar informações sobre os programas de apoio em atendimento as  demandas, buscando melhores resultados e  evitando trabalhos paralelos. 

·      - Os benefícios do cooperativismo precisam ser melhor  divulgados à sociedade através de campanhas permanentes, principalmente seu diferencial de valorização do trabalho e do ser humano, organização das pessoas para a solução de problemas coletivos, equilíbrio de mercado, combate a intermediação, geração e distribuição de renda, atendimento da necessidade de economia de escala para viabilizar empreendimentos, representatividade, inclusão e responsabilidade social.

·      - O trabalho cooperativo deve ajudar as pessoas e a sociedade a entender que a missão do ser humano não é apenas nascer,  produzir, competir, consumir, poluir e morrer. A esperança está na nova geração para continuar trabalhando por um mundo mais equitativo, com menos violência, produzindo alimentos saudáveis e cuidando melhor do  meio ambiente para deixar  um mundo um pouco melhor.

·      *Ademar G. Bianchi é Engenheiro de Operações do Cooperativismo do  Ministério da Agricultura de Passo Fundo (RS) / Pós Graduado em Gestão de Cooperativas

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