IBGE: Indústria do PR tem maior expansão desde 1992
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A indústria paranaense teve o quinto melhor desempenho de 2010 entre as 14 regiões pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Depois da retração de 2,1% sofrida em 2009, o ano da crise, a produção estadual cresceu 14,2% no ano passado. A expansão, superior à da média da indústria brasileira (10,5%), foi a mais forte desde 1992, quando teve início a série do IBGE. Além do Paraná, outros quatro estados tiveram índices superiores à média nacional: Espírito Santo (22,3%), Goiás (17,1%), Amazonas (16,3%) e Minas Gerais (15,0%).
Veículos - A indústria de veículos foi o segmento que mais contribuiu para que o estado crescesse acima da média nacional. A produção das montadoras aumentou 57,6%, consolidando 2010 como o melhor ano da história do polo automotivo da Grande Curitiba. Na sequência, as maiores expansões se deram nos ramos mobiliário, com alta de 28%, de máquinas e equipamentos (24,5%) e de produtos de metal (21,6%).
Mercado - "Em 2009, o parque industrial automotivo estava voltado para o mercado externo. No ano passado, o setor direcionou uma fatia maior da produção para o mercado interno e o restante continuou para o mercado externo, que contou com a recuperação internacional", diz o economista Roberto Zürcher, da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep). Entre os 14 ramos analisados, apenas dois sofreram retração no estado: refino de petróleo e álcool - cuja produção caiu 8,4%, influenciada por uma parada de manutenção na refinaria Repar, de Araucária - e produtos químicos (-14,0%).
Infraestrutura - Para o professor de Economia Evaldo Alves, da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV-Eaesp), alguns estados cresceram mais em razão da melhor infraestrutura. "O Espírito Santo investiu bastante em portos e o Amazonas tem a estrutura de transporte natural dos rios, que facilita o escoamento. Se o Paraná tivesse uma boa situação nesta área, a indústria do estado cresceria ainda mais", afirma.
Oscilação - Apesar do bom desempenho no acumulado de 2010, as indústrias do Paraná passaram por altos e baixos ao longo do ano (veja gráfico nesta página). Para Zürcher, essa "montanha-russa" está relacionada diretamente aos períodos de safra no estado. "O Paraná tem um polo automotivo importante, que faz com que o estado não seja tão dependente da agricultura como antigamente. Mesmo assim, ainda sente quando ocorre boa safra. Os diferentes períodos no campo são os responsáveis por esse sobe e desce", explica Zürcher. "Tanto que, para o Paraná continuar a crescer, é fundamental que não ocorra excesso de chuva ou seca."
Dezembro - Depois de crescer 11,7% em novembro, a produção do Paraná recuou 5% em dezembro, o segundo pior índice do país no mês. A produção industrial caiu em 11 dos 14 locais pesquisados. Além do Paraná, os destaques negativos foram Rio de Janeiro (com queda de 5,7%), Bahia (-3,9%), Goiás (-3,8%) e Rio Grande do Sul (-3%). Segundo o economista da Fiep, a explicação está nas férias coletivas das empresas. "A partir de novembro, o polo industrial diminuiu a produção por causa das férias coletivas, que se estendem até janeiro. Historicamente, fevereiro é um mês de baixa produção por ser curto. As empresas só retomam 100% em março."
Projeções - Para Zürcher, os investimentos que as empresas estão fazendo nas suas plataformas produtivas demostram que a expectativa de crescimento é boa. "O desempenho do setor de equipamentos é um sinal do que pode acontecer no futuro. As empresas estão comprando máquinas para melhorar ou aumentar a produção", aponta.
Potencial - Evaldo Alves, da FGV, acredita que alguns estados têm potencial para crescer dois dígitos neste ano. Mas questiona se o Brasil terá fôlego para repetir o índice. "A média nacional deste ano deve ficar abaixo de 2010. Acredito que o crescimento da produção fique entre 6% e 7%, embora alguns estados possam ter desempenho superior ao do ano passado", diz. Mas, para o economista, se não houver investimento em infraestrutura, a indústria vai sofrer. "O setor portuário continua sendo o ponto de estrangulamento no Brasil", alerta Alves. "Em breve, outra limitação nacional será na área de energia, caso não ocorram investimentos." (Gazeta do Povo)