FEIJÃO: Perdas com feijão devem chegar a 40%

  • Artigos em destaque na home: Nenhum

Os produtores de feijão já estão começando a contabilizar os prejuízos provocados pelo excesso de chuva para a 1ª safra deste ano, também chamada de safra das águas, onde predomina o feijão preto. Com produtividade inicialmente estimada em 1,6 mil quilos por hectare, os primeiros dados do início da colheita (que começou na semana passada e vai até início de fevereiro) apontam para uma colheita por volta de 1 mil quilos por hectare, com possibilidade de redução ainda maior. A área total plantada nos 18 municípios que compõem a região é de 54,5 mil hectares. Desse total, entre 2% e 3% já foram colhidos. As perdas na lavoura são resultado do excesso de chuvas, que nos meses de agosto, setembro e outubro, período de plantio e início da germinação das plantas, ultrapassou em 350 milímetros a média normal. “Como o feijão é muito sensível, isso tudo resultou na queda de produtividade”, destaca José Roberto Tosato, engenheiro agrônomo do Departamento de Economia Rural da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Deral/Seab).

Chuvas - Tosato acrescenta que o plantio teve início no final de julho, mas o período mais intenso é de agosto a setembro, embora neste ano tenha se estendido até outubro por causa da chuva. Isso, segundo ele, facilita a incidência de doenças, dificulta a germinação dos grãos, que necessitam de sol e calor, e acarreta desenvolvimento vegetativo lento - as plantas demoram mais para crescer. Tanto que em boa parte das lavouras o porte das plantas está abaixo do normal. “Mas o excesso de chuvas, dificultando a germinação e o desenvolvimento vegetativo, foi pior que a incidência de doenças”, diz. Segundo Tosato, o cenário da região é de desuniformidade quanto ao estado da cultura. Ele explica que a variação é de acordo com a quantidade chuvas que incidiu em cada região. “Onde choveu mais prejudicou mais, onde choveu menos prejudicou menos”.

Perdas - R$ 6 mil. Esse é o valor das perdas com a safra de feijão estimado pelo produtor Cláudio Gunha, de Reserva, que plantou cinco alqueires. “Comprei fiado nas lojas e estou devendo tudo. Peguei um financiamento também. Mas apodreceu tudo, pesteou. Não vale nada o que sobrou”, lamenta o produtor. Gunha comenta que, quando começou o excesso de chuvas, tentou aplicar adubo foliar, herbicidas e fungicidas, mas nada adiantou. “Passava de manhã, quando era de tarde vinha a chuva e lavava tudo”, diz. Ele comenta que na safra passada colheu uma média de 40 sacos de 60 quilos do grão por alqueire.
Mercado - Apesar da quebra na safra, estimada em 40%, os produtores têm ainda um motivo para comemorar. O preço da saca melhorou consideravelmente em relação ao ano passado. Enquanto em 2004 a saca de 60 quilos era cotada entre R$ 65 e R$ 73, neste ano o preço vai de R$ 90 a R$ 95. “Mas tudo depende do clima. Aumentando a colheita, aumenta a oferta e o preço pode cair”, diz o engenheiro agrônomo do Departamento de Economia Rural da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), José Roberto Tosato.

Reserva - O Município de Reserva é o maior produtor de feijão da região. Com cerca de 20 mil hectares plantados com a cultura por entre 1,5 mil e 2 mil produtores, detém quase 37% da área total destinada ao feijão (54,5 mil hectares) nos 18 municípios que compõem a região. Desse total, por volta de 1 mil hectares tiveram de ser replantados devido ao excesso de chuvas, que destruiu as plantações. “Para esse ano, esperávamos um aumento da área e de produção, mas acabou ocorrendo o inverso. Muita gente esperou muito para plantar, por causa da chuva, e acabou perdendo o período de plantio”, diz Maurício Leniar, engenheiro agrônomo da Emater (Empresa Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural) do Município. No ano passado, foram plantados no Município entre 15 e 18 mil hectares. Neste ano, foram 20 mil. Entretanto, 2 mil hectares com a cultura foram perdidos devido ao clima. (Diário dos Campos)

Conteúdos Relacionados