EXPORTAÇÕES:Agronegócio bate recorde, mas cresce menos que vendas gerais

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As exportações brasileiras do agronegócio bateram novo recorde, totalizando o montante de US$ 43,6 bilhões em 2005, com aumento de 11,8% (US$ 4,585 bilhões) em comparação com 2004, quando somaram US$ 39,016 bilhões. O saldo comercial do setor foi de US$ 38,4 bilhões, 12,6% superior aos US$ 34,1 bilhões registrados no ano passado. Robson Mafioletti, analista técnico e econômico da Ocepar, observa que apesar do bom desempenho do agronegócio em 2005, seu crescimento foi menor que o registrado pelas exportações gerais (confira abaixo as tabelas elaboradas pela Gerência Técnica da Ocepar). Segundo Mafioletti, enquanto as exportações do agronegócio cresceram 11,75% no ano passado, na comparação com 2004, as exportações gerais apresentaram incremento de 22,63% no mesmo período, percentual significativamente maior. “Os fatores que influenciaram no resultado do agronegócio foram a estiagem, o que reduziu o tamanho da safra, o câmbio desfavorável e redução dos preços internacionais de algumas commodities, principalmente a soja e o milho”, explica o analista da Ocepar. “O carro-chefe das exportações foi a soja, mas com um desempenho mais fraco”, completa.

Compensação - As importações tiveram uma variação anual de 6,2%, atingindo US$ 5,183 bilhões. As vendas externas da cadeia produtiva representaram 37% das exportações totais brasileiras. Os números constam da balança comercial do setor, divulgada na tarde de quinta-feira (05/01) pela Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio (SRI) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Contribuição - De acordo com a SRI, os grupos de produtos que mais contribuíram para o aumento das exportações foram carnes, açúcar e álcool, café e papel e celulose. O crescimento das vendas externas desses grupos de produtos compensou as perdas do complexo soja, cujo valor exportado caiu 5,7% por causa da queda de 15% nos preços da oleaginosa e seus derivados, destacam os técnicos da SRI. Segundo eles, as exportações do complexo soja totalizam US$ 9,476 bilhões em 2005, contra US$ 10,047 bilhões de 2004.

Commodities - A Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio aponta o crescimento da economia mundial como um dos principais fatores do desempenho positivo do agronegócio em 2005, quando houve maior demanda por itens da pauta brasileira de exportação, como açúcar, café e carnes.

Carnes - Além disso, avaliam os técnicos da SRI, a ocorrência de problemas sanitários continuou afetando o mercado mundial de carnes. Em conseqüência disso, houve aumento dos preços das carnes de frango e suína. As cotações da carne bovina também subiram, embora em menor medida. As vendas externas de carnes somaram US$ 8,066 bilhões em 2005, contra US$ 6,148 bilhões em 2004, ressaltam os técnicos da SRI. Isso ocorreu por causa do crescimento de 15,5% na quantidade e preços mais elevados da carne bovina in natura (5%), frango in natura (17%) e suína (22,6%). Os dados da balança comercial do agronegócio mostram também que as exportações de carne bovina in natura aumentaram 23,2% em 2005, totalizando US$ 2,4 bilhões, contra US$ 1,9 bilhão em 2004. O valor exportado de frango in natura cresceu 33,3%, chegando a US$ 3,3 bilhões. Já os embarques de carne suína tiveram um crescimento de 50,9%, somando US$ 1,1 bilhão.

Aftosa - Apesar do desempenho positivo, o setor de carne bovina in natura foi atingido pela ocorrência da febre aftosa no Mato Grosso do Sul e Paraná, o que provocou queda nas exportações do produto no quarto quadrimestre de 2005. O valor exportado foi 6,6% inferior em relação a igual período de 2004. Os preços tiveram um incremento de 14,2%, mas a quantidade exportada caiu em 18%.

Valores - O valor dos embarques do setor sucroalcooleiro saltou de US$ 3,1 bilhões para US$ 4,7 bilhões. No caso do açúcar, o maior valor das exportações foi resultado do aumento da quantidade embarcada (de 15,7 milhões para 18,1 milhões de toneladas) e da elevação de 30% nos preços. Já as vendas externas de álcool cresceram 53%, representando US$ 765,5 milhões. O aumento das cotações beneficiou ainda o setor cafeeiro. O valor exportado cresceu de US$ 2 bilhões para US$ 2,8 bilhões. Os preços do produto em grão foram 50% superiores aos de 2004, enquanto a quantidade embarcada apresentou redução de 4,2%. Em 2005, as vendas externas de papel e celulose somaram US$ 3,4 bilhões.

Blocos - No ano passado, as exportações apresentaram taxas positivas de crescimento para todos os principais blocos econômicos: União Européia (5,5%), Ásia (12,3%), Nafta, exceto México (4,5%), Oriente Médio (10,2%), Europa Oriental (53,3%) e África (27,9%). A União Européia continuou na liderança, absorvendo 32,5% das exportações totais do agronegócio brasileiro. Individualmente, os principais comprados de produtos agropecuários do Brasil são os Estados Unidos (US$ 5,9 bilhões), Países Baixos (US$ 3,9 bilhões), China (US$ 3 bilhões) e Rússia (US$ 2,7 bilhões). Em dezembro do ano passado, as exportações do agronegócio brasileiro totalizaram US$ 3,665 bilhões, representando um aumento de 23% em relação a igual período de 2004. As importações cresceram 26,3%, totalizando US$ 532 milhões. O saldo em dezembro passado foi de US$ 3,133 bilhões. (Com informações do Mapa e Getec da Ocepar)

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