ECONOMIA: Paraná deve crescer o dobro do Brasil em 2012

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A economia do Paraná remou contra a maré no primeiro semestre e conseguiu crescer em meio ao fraco desempenho brasileiro. O bom resultado, que vem sendo puxado pela indústria e pelo varejo principalmente, deve se acentuar no segundo semestre e fazer o estado fechar o ano com crescimento de 3%, segundo projeção do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico Social (Ipardes), Se confirmado, o Paraná crescerá o dobro da média brasileira, que deve ficar entre 1,5% e 1,7%, segundo previsões de mercado.

PIB - No primeiro semestre, o Produto Interno Bruto (PIB) do Paraná cresceu 2,6%, contra um avanço de apenas 0,6% no âmbito nacional. Segundo o presidente do Ipardes, Gilmar Mendes Lourenço, o desempenho no primeiro semestre só não foi melhor por conta de 20% de quebra na safra agrícola de verão, que fez o PIB da agropecuária encolher 10%. “Sem essa quebra, o PIB do Paraná no semestre teria crescido entre 3,5% e 4% no primeiro semestre”, afirma.

Acima da média - A indústria e os serviços, porém, têm resultados bem acima da média brasileira. Mesmo em desaceleração nos últimos dois meses, de janeiro a julho a produção industrial no estado cresceu 1,8% contra uma queda de 3,7% Brasil. As vendas do comércio varejista cresceram 13,5% no estado nos primeiros seis meses do ano, diante de um avanço de 9,1% no Brasil.

Mercado de trabalho - O mercado de trabalho também contribuiu para o resultado, com um ritmo de criação de vagas mais forte, especialmente na indústria, que tradicionalmente gera empregos mais qualificados e com melhores salários. “De janeiro a julho 13% das vagas geradas foram na indústria. No Paraná, essa proporção é de 26%”, diz Lourenço.

Desaceleração menor - De acordo com ele, o estado também vivenciou uma desaceleração da atividade em relação ao fim de 2011, mas ela foi menor que no Brasil. “O Paraná obviamente não é uma ilha. Se a recessão no país tivesse perdurado mais, seríamos mais afetados”, diz Lourenço.

Políticas de incentivo - Para Alexandre Alves Porsse, professor do departamento de economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a indústria do estado se beneficiou das políticas de incentivo adotadas pelo governo federal para driblar os efeitos da crise, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). A quebra de safra, por sua vez, foi parcialmente compensada pelo aumento dos preços das commodities agrícolas, impactados também pela redução da oferta de grãos dos Estados Unidos.

Histórico - Nos dois últimos anos, o estado já havia tido um resultado superior ao brasileiro. Em 2011, o PIB do estado cresceu 4%, para R$ 251,6 bilhões, diante de um avanço de 2,7% do Brasil, para R$ 4,14 trilhões. Com forte presença do agronegócio – que representa 30% do PIB estadual – a economia paranaense costuma ir bem quando o campo vai bem. “Essa dependência do agronegócio vem diminuindo, mas ainda é significativa”, acrescenta Lourenço.

Economia brasileira - O Ipardes acredita que a economia brasileira crescerá 1,5% em 2012, mas deve se recuperar em 2013, com avanço de 4%. Porsse, da UFPR, observa que o endividamento alto das famílias vem limitando os efeitos das políticas de incentivo ao consumo adotadas pelo governo. “Esse cenário de incerteza também influencia a tomada de decisão sobre investimentos por parte das empresas. Mas a tendência, para 2013, é que aos poucos o consumo volte a crescer.”

Até 2022, PR responderá por 7% da riqueza - Com um crescimento acima da média pelo terceiro ano consecutivo, o Paraná deve recuperar posições na economia brasileira. Entre 2003 e 2009, a participação do Paraná no PIB nacional caiu de 6,44% para 5,87%, impactado pela quebra de safra agrícola e por uma média de crescimento abaixo da régua nacional. “Nesse período, o estado cresceu em média 3,6% ao ano, contra 4% do Brasil”, diz o presidente do Ipardes, Gilmar Mendes Lourenço. A projeção é que em 2012 esta participação chegue a 6,2%.

Novos investimentos- No médio prazo, a expectativa é que os novos investimentos industriais contribuam para um avanço maior do PIB paranaense. Somente os investimentos anunciados até agora – R$ 18 bilhões nos últimos 20 meses – deverão ser responsáveis por um impacto positivo de 0,5% no PIB partir de 2013, segundo cálculos de Lourenço. “A expectativa é que em dez anos, a participação do Paraná na economia brasileira chegue a 7%”.

Setores - Pelo menos quatro setores devem puxar o desenvolvimento no estado nos próximos anos – entre eles o agronegócio, a indústria metalmecânica, em especial a automotiva, o setor de derivados de madeira (móveis, papel e celulose) e a construção civil, principalmente ligada a infraestrutura. Esses são os setores que também estão recebendo mais investimentos.

Renault - A montadora de automóveis Renault, por exemplo, está aplicando mais de R$ 1,5 bilhão na sua fábrica em São José dos Pinhais, na região de Curitiba. A japonesa Sumitomo está investindo R$ 560 milhões para fabricar pneus em Fazenda Rio Grande, também na região metropolitana.

Klabin - A Klabin já anunciou um investimento de R$ 6,8 bilhões em uma nova fábrica para produção de celulose em Ortigueira, na região dos Campos Gerais. A chilena Arauco está investindo R$ 272 milhões na sua fábrica de painéis de madeira em Jaguariaíva, também nos Campos Gerais. (Gazeta do Povo)

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