Custo da pecuária subiu 9% até outubro, diz CNA

Exportações em alta, preços internos em queda. Esse é o cenário atual da pecuária de corte, segundo um estudo encomendado pela Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) ao Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo.

Custos - De janeiro a outubro, os preços pagos ao produtor caíram 2,13% enquanto os custos de produção ficaram 9,04% mais altos, em média. A expectativa do setor é de que esses custos acumulem, até o fim do ano, alta superior a 10%. Já os preços externos da carne "in natura" registraram alta de 19% este ano, passando de US$ 1.797 por tonelada para US$ 2. 141 por tonelada, em média. No caso da carne industrializada, o aumento foi de 12,28% em média.

Pecuária - "Seria preciso que o preço do boi recuperasse pelo menos essa perda para manter as margens do pecuarista", defendeu o presidente do Fórum Nacional da Pecuária de Corte da CNA, Antenor Nogueira. O setor quer que os ganhos obtidos pelo setor exportador, que se beneficia com preços mais atrativos da carne bovina no exterior, sejam divididos com o produtor. Apesar do período de entressafra, quando os produtores esperavam recuperar parte dessas perdas, não houve reação de preços. Ao contrário, só em outubro, a queda foi de 0,4% em relação aos preços médios de setembro enquanto os custos de produção cresceram 0,7% no mês, de acordo com a CNA.

Exportação - Mesmo assim, o setor esbanja vitalidade quando o assunto é exportação. De janeiro a outubro, as exportações de carne bovina foram recordes e bateram a marca dos US$ 2 bilhões, com embarques de 1,5 milhão de toneladas, antecipando em dois meses os números estimados para todo o ano. A expectativa do setor exportador é fechar o ano faturando entre US$ 2,2 bilhões e US$ 2,3 bilhões. Por blocos de países, a União Européia segue sendo o maior comprador do Brasil, responsável por 35% da receita com exportações este ano. A Rússia, que manteve o embargo às carnes brasileiras, importou US$ 196 milhões até outubro, 162% mais que no mesmo período de 2003. Em volume, o avanço foi de 147%, para 127,2 mil toneladas. (Valor Econômico)