CRISE NA AGRICULTURA: Presidente Lula recebe lideranças do agronegócio

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acompanhado do ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, recebeu ontem (8) no Palácio do Planalto, em Brasília, líderes da agropecuária brasileira, entre eles o presidente da OCB, Márcio Lopes de Freitas e o vice-presidente do ramo agropecuário da entidade e diretor da Ocepar, Luiz Roberto Baggio, além de presidentes de entidades que integram a Rural Brasil. Na ocasião, as lideranças fizeram uma explanação detalhada sobre a crise que atinge o setor e solicitar do Governo medidas urgentes de apoio ao campo. Segundo Baggio, o presidente foi bastante receptivo e disse que já havia tomado conhecimento da situação através do próprio ministro Roberto Rodrigues e que providências estão sendo estudadas. As lideranças lembraram ao presidente de que os produtores pretendem realizar no próximo dia 21, em Brasília uma grande manifestação para pressionar no atendimento às reivindicações.

Perdas - “A renda da agricultura, mensurada pelo Produto Interno Bruto (PIB), caiu 1,7% em 2004 e, para 2005, a projeção é de queda de 6% em decorrência da perda de 18,2 milhões de toneladas da produção de grãos e da redução dos preços de comercialização de importantes produtos agropecuários”, cita documento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) entregue ao presidente da República.

Gravidade – Márcio Lopes de Freitas, da OCB considera a situação da agricultura de gravíssima. “Se perguntarmos a um produtor hoje sobre o que mais lhe aflige, ele terá dificuldade em listar todos os problemas que afetam a sua atividade. Ele sabe que teve uma perda de renda pesada, mas não sabe identificar se é resultado de uma única origem. Na realidade elas são diversas e devemos tomar cuidado na avaliação dos problemas”. Ele afirma que é nesta hora o governo precisa ser sensível e tomar medidas urgentes, pois a agropecuária é quem vem carregando o País nas costas, tanto na área internacional como interna. “Tenho plena certeza de que o governo será sensível aos nossos reclamos e temos o melhor advogado que é o ministro Roberto Rodrigues e acreditamos que podemos reverter tudo isso”, destaca Márcio Lopes de Freitas.

Compromissos - O presidente da CNA, Antônio Ernesto de Salvo, argumentou ao presidente Lula que o setor agrícola tem sido responsável pelo bom desempenho da balança comercial e garantido alimentos a preços baixos no mercado interno, mas tem sofrido perda de renda, o que pode comprometer a capacidade de investimento em médio prazo. “Embora a economia nacional se tenha beneficiado dos resultados do agronegócio, parte dos produtores rurais ficou alijada desse processo e encontra-se, eventualmente, impossibilitada de honrar os compromissos financeiros”, cita o documento da CNA.

Relação de troca - As lideranças ainda lembraram ao presidente da República que a perda de renda, que reflete na incapacidade de pagamento de dívidas, pode comprometer também a geração de empregos no campo. A perda de renda do setor rural pode ser medida também quando considerado o critério de “relações de troca”. Na safra 2003/2004, o produtor precisava vender 17,65 sacas com 60 quilos de soja para comprar uma tonelada de fertilizante. Na safra 2004/2005, era necessário vender 31,1 sacas de soja para comprar a mesma tonelada de fertilizante.

Propostas – Baggio informa que as lideranças rurais solicitaram ao presidente da República a implantação de quatro medidas em caráter emergencial: 1) alocação de R$ 2,4 bilhões no orçamento das Operações Oficiais de Crédito (2OC) para suporte à comercialização agropecuária na Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM); 2) prorrogação dos financiamentos bancários dos empréstimos de custeio, investimento e das parcelas vencidas e a vencer em 2005 do Programa Especial de Saneamento de Ativos (Pesa) e da securitização das dívidas rurais; 3) alocação de recursos em linha de crédito para refinanciar dívidas dos produtores junto a fornecedores de insumos e máquinas; e 4) suspensão das importações predatórias de produtos agrícolas, a exemplo do arroz, trigo e milho, no âmbito do Mercosul. No ano passado, por exemplo, o setor rural exportou US$ 39 bilhões e importou apenas US$ 4,8 bilhões, gerando um superávit de US$ 34 bilhões. Ou seja, a agropecuária sustentou o saldo positivo de toda a balança comercial brasileira, que foi superavitária em US$ 33,6 bilhões no ano passado.

Presenças – Participaram da reunião no Palácio do Planalto os presidentes das Federações de Agricultura de 13 Estados, nos quais houve protesto de produtores rurais em 31 de maio contra a crise da agricultura. Estiveram presentes, portanto, os presidentes das Federações de Agricultura da Bahia (Faeb), João Martins da Silva Júnior; Distrito Federal (FAPE-DF), Renato Simplício Lopes; Goiás (Faeg), Macel Caixeta; Mato Grosso (Famato), Homero Alves Pereira; Mato Grosso do Sul (Famasul), Leôncio de Souza Brito Filho; Minas Gerais (Faemg), Gilman Viana Rodrigues; Pará (Faepa), Carlos Xavier; Paraíba (Faepa), Mário Antônio Pereira Borba; Pernambuco (Faepe), Pio Guerra Júnior; Rio de Janeiro (Faerj), Rodolfo Tavares; Rio Grande do Sul (Farsul), Carlos Sperotto; São Paulo (Faesp), Fábio de Salles Meirelles; e Tocantins (Faet), Kátia Abreu. Também participaram da reunião Tirso de Salles Meirelles, diretor da Faesp; o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues; e os presidentes da Sociedade Rural Brasileira (SRB), João de Almeida Sampaio; da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas; e da Federação dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Walter Potter e Luiz Roberto Baggio (OCB/Ocepar).

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