COOPERATIVISMO II: Setor investe na verticalização

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Nos cinco primeiros meses de 2011, a Coamo Agroindustrial Cooperativa, com sede em Campo Mourão, conquistou o status de maior exportadora do Paraná e a 34 do Brasil. A cooperativa contabilizou, em receita, US$ 1 bilhão segundo o levantamento realizado pelo Ministério de Desenvolviumento, Indústria e Comércio Exterior, junto à Secretaria de Comércio Exterior (Mdic/Secex). Nos últimos anos, este ranking havia sido ocupado predominantemente por empresas do setor automobilístico e tradings internacionais.

Plano de desenvolvimento - O presidente da Coamo, José Aroldo Gallassini, explica que esse resultado é devido ao empenho do cooperado e ao plano de desenvolvimento traçado pela cooperativa, principalmente na industrialização de seus produtos, modelo esse inspirado por muitas unidades do setor no Paraná.

Varejo - Hoje, boa parte das cooperativas do Estado tem produtos com as suas marcas nas gôndolas dos supermercados. Flávio Turra, gerente técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), explica que a necessidade das cooperativas em se industrializar surgiu na década de 1980, quando agregar valor à matéria-prima começou a remunerar mais do que a venda de um produto in natura, dependendo dos preços da commodity. ''Com a industrialização de produtos, é eliminado uma parte do processo produtivo, que é a indústria. Isso aumenta os ganhos da cooperativa e do produtor'', assinala. Entre os anos de 2001 e 2010, as cooperativas paranaenses movimentaram no sistema de agroindustrialização cerca de R$ 7,6 bilhões.

Agregação de valor - Gallassini reforça que a industrialização é o sonho de toda e qualquer cooperativa. Porém, segundo ele, agregar valor à produção por meio de produtos processados nem sempre é garantia de lucro. ''Tudo depende do mercado. Às vezes, vender in natura é mais lucrativo do que um produto industrial. Porém, se o preço do complexo soja, por exemplo, estiver baixo, o produto pronto ganha vantagem, garantindo o equilíbrio financeiro da cooperativa e do produtor'', assinala. De acordo com o presidente da Coamo, uma das vantagens de se ter uma alta produção é poder optar em vendê-la industrializada ou in natura. Tudo isso evita que a cooperativa e o produtor sofra com as constantes oscilações desses dois tipos de mercado.

Início - A industrialização da Coamo iniciou em 1975 com o moinho de trigo na região de Campo Mourão. Hoje, a cooperativa produz dois tipos de farinha de trigo (Coamo e Aniela), quatro tipos de margarina e óleo vegetal. Gallassini afirma que a cooperativa que investiu até agora na indústria está melhor do que aquelas que não investiram.

Diversificação - Ele reforça que parar de fomentar o setor agroindustrial é um erro. ''Não pode industrializar tudo porque tem que haver uma diversificação da produção. Mesmo assim, estamos sempre estudando a possibilidade de criar novos produtos'', sublinha o presidente da Coamo. Ele revela que tudo o que a Coamo produz é vendido. O foco da cooperativa com a industrialização, segundo ele, é o mercado interno. Isso porque muitos importadores como a China, por exemplo, só importam produtos in natura.

Principais produtos - Atualmente, a Coamo processa em seus dois principais produtos 660 toneladas por dia de óleo refinado e 180 toneladas de margarina, distribuídas no Paraná, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. ''Consolidar a marca é o nosso principal desafio, mas isso demanda estudo e estratégia'', aponta. O último lançamento da Coamo em produtos industrializados foi há dois anos com o café Coamo e Sollus.

Crescimento - O presidente da Coamo reforça que o investimento em capacitação da mão de obra, gestão de qualidade e fomento à produtividade das lavouras do cooperado, têm sido um dos motivos do crescimento da Coamo. Nesta safra, a cooperativa deverá receber 5,5 milhões de toneladas, mesmo índice registrado na safra anterior. ''Sempre tivemos o 'pé no chão' na administração da cooperativa, pois o nosso crescimento se baseou por meio de recursos próprios, apenas contamos com o apoio do produtor e sua matéria-prima'', assinala.

Social - Gallassini completa que as cooperativas são voltadas para o lado social, ou seja, se preocupam com o desenvolvimento do produtor, diferente, segundo ele, das empresas privadas que só visam o lucro. ''É um orgulho muito grande por parte do produtor ver o produto que processamos, que também é seu, no varejo''. (Folha Rural / Folha de Londrina)

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