Congresso Paranaense da Indústria: Carga tributária freia crescimento do setor produtivo

  • Artigos em destaque na home: Nenhum

“Estamos imersos em um cenário de competitividade mundial, no qual nos deparamos com concorrentes poderosos. Nesta arena, atuamos acorrentados à pesada carga tributária, com visão embaçada pela burocracia predominante e atormentados pela ultrapassada legislação trabalhista”. Com essa afirmação, o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures, abriu nesta manhã o Congresso Paranaense da Indústria, que contou com a participação, na solenidade de abertura, de aproximadamente mil pessoas. Entre as autoridades, o governador Roberto Requião, o vice-governador Orlando Pessuti, o presidente da Confederação Nacional da Indústria, Armando Monteiro Neto, os presidentes da Ocepar, João Paulo Koslovski, da Faep, Ágide Meneguete, da Fecomércio, Darci Piana. O congresso, que termina amanhã, tem o apoio de várias instituições, inclusive da Ocepar e da Faep.

Integração, cooperação, parcerias – Enquanto as indústrias brasileiras enfrentam barreiras ao seu crescimento, “junto de nós, nações bem treinadas, preparadas e reforçadas por mecanismos que permitem o desenvolvimento de suas forças produtivas”, afirmou, referindo-se as vantagens tecnológicas, de crédito de fiscal dos concorrentes brasileiros. “Apesar do contexto difícil, temos em nossas fronteiras um recurso de valor inestimável. Um recurso muito raro no resto do planeta, mas abundante no Brasil Temos a favor a facilidade de relacionamento, de integração, de cooperação, de união. Estão aí os exemplos das nossas cooperativas agrícolas, da Pastoral da Criança e até das nossas escolas de samba para ilustrar os resultados extraordinários que advém da facilidade natural que temos para trabalhar em conjunto”, frisou Loures.

Alianças – Realizar alianças “de toda sorte, com outras instituições, com a sociedade, com o governo ou com os políticos e, sobretudo, entre nós mesmos” é a proposta do presidente da Fiep para superar o adversário que “ tem armais mais bem elaboradas e muito mais munição e escudos relacionados à tecnologia, ao sistema financeiro, eficiÊncia carga tributária e ao ambiente institucional”, enquanto o Brasil “se debate em maio à pirataria e à informalidade, sufocado pelos tributos e pela falta de acesso ao crédito, algemado pelas elevadas taxas de juros, pela falta de diálogo e pela morosidade do setor”.

Reforma sindical e tributária – Criticou os exageros do projeto de reforma sindical que o governo pretende encaminhar ao Congresso, por representar um “retrocesso institucional para a relação capital-trabalho, já que inverte completamente os valores que sustentam a representação sindical de empresários e trabalhadores”.Também criticou o “lamentável conjunto de propostas que ora tramita no Congresso Nacional”. Frisou que essa proposta dever ser inteiramente rejeitada, por representar um enorme agravamento dos encargos fiscais já existentes, transformando a indústria “em avalista e financiadora de toda a cadeia de consumo até o seu final”. A aprovação da proposta de reforma tributária do governo “praticamente equipararia os industriais do século 21 aos coletores de impostos dos senhores feudais da Idade Média”, disse.

Propostas ao governo – Rocha Loures afirmou que a Fiep apresentou ao presidente Lula, no mês passado, um documento com dez propostas para alteração da política econômica do governo federal em prol do desenvolvimento do país. “Porque posso dizer que hoje o Brasil está dividido entre o setor produtivo, que quer atuar na linha de frente do desenvolvimento, e o sistema financeiro, que ainda defende uma linha ortodoxa na condução da economia nacional”. Entre as sugestões estão “a criação de um programa efetivo para reduzir as margens operacionais do sistema bancário e a redução progressiva dos depósitos compulsórios, para baixar os spreads bancários; e a adoção de uma política tributária favorável à reinversão dos lucros pelas empresas e ainda a redução do peso da tributação incidente nas operações financeiras para o setor produtivo”.

Uma cooperativa de crédito – As ações da Fiep visam tornar as empresas mais sólidas, competitivas, visando direciona-las para conquistar o mercado mundial. “A Fiep, com seu novo núcleo de captação e fomento, está trabalhando na montagem e organização de uma cooperativa de crédito como alternativa para alavancagem financeira do setor”, anunciou Loures, enfatizando a necessidade de obtenção de crédito a custo mais acessível para elevar a produtividade das indústrias.
Para a CNI, “custos são asfixiantes” – Também o presidente da Confederação Nacional da Indústria, o empresário Armando Monteiro Neto, criticou a elevação da carga tributária nos últimos anos, que está impedindo o crescimento sustentável das empresas. “As limitações ao crescimento sustentável não foram superadas”, afirmou, referindo-se aos “custos asfixiantes” dos tributos. A alta tributação tem impedido o crescimento do setor, fazendo muitas empresas “sucumbirem pelo caminho porque não puderam suportar os custos”. Lembrou que a carga tributária pulou, na última década, de menos de 25% do PIB para 36% do PIB e poderá chegar a 38% até o final deste ano.

Requião – O governador Roberto Requião aproveitou a solenidade de abertura do Congresso da Indústria do Paraná para falar do saneamento das contas públicas pelo governo do Estado, que cancelou contratos e parcerias que lesavam o Estado, entre os quais o pool nacional de energia e a compra de uma termoelétrica, efetivados pelo governo anterior. "A manutenção de contratos ilegais e espoliadores do patrimônio público não pode ser a bandeira da estabilidade, tão defendida pela iniciativa privada", destacou o governador. Disse que o cancelamento dos contratos lesivos ao Estado está propiciando, além da economia de recursos, a redução dos custos da energia. Frisou que o Paraná tem a energia elétrica mais barata do Brasil. Elogiou as ações da “nova Fiep” na defesa dos interesses do setor industrial e discorreu, em seguida, sobre a drástica mudança ocorrida na tributação, “que desmontou o Estado”. A predominância do capital financeiro. No seu governo o Paraná criou 75 mil novas empresas e 655 novos postos de trabalho.

Cadeias dos agronegócios – Na tarde hoje, o presidente da Ocepar, João Paulo Koslovski, participou, no Congresso da Indústria do Paraná, do workshop “O fortalecimento das cadeias produtivas do Paraná”, onde expôs o crescimento do sistema cooperativista na produção de grãos, carne e fibra, bem no na exportação de produtos processados. Durante o workshop foi apresentado o relatório setorial preparado pela Fiep, que fez uma avaliação do setor.

Conteúdos Relacionados