CEVADA I: Produto domina lavouras no Centro-Sul

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O Centro-Sul paranaense concentra o principal polo produtor de cevada e malte do País. A Cooperativa Agrária, estabelecida em Entre Rios, distrito rural localizado a 17 km de Guarapuava, é responsável por 20% do mercado nacional de malte e por 60% da área de cultivo de cevada do Estado. Na safra 2010/11, o Paraná cultivou 51.242 hectares do cereal, totalizando uma produção de 195.425 toneladas. Somente a região de Guarapuava, planta 30.200 hectares de cevada.


RS e SC - Segundo o técnico do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), Methodio Groxko, toda a região Sul do País possui 88.192 hectares cultivados com cevada, sendo 34.100 hectares no Rio Grande do Sul e 3.030 hectares em Santa Catarina. Fundada em maio de 1951 por imigrantes suábios - etnia de origem alemã -, a Agrária reúne 550 cooperados e tem na cevada um dos tripés de desenvolvimento, produzida em um sistema produtivo que envolve também plantio de trigo, aveia, soja e milho.


Cadeia produtiva - De acordo com o diretor presidente da Agrária, Jorge Karl, nas culturas de cevada e trigo, a cooperativa atua em toda a cadeia produtiva, desde a pesquisa em melhoramento genético, passando por produção e beneficiamento de sementes, assistência técnica, industrialização e comercialização. No total, são 160 mil hectares de área agrícola cultivada por ano, incluindo safras de verão e inverno. ''Todos os cultivos têm grande importância para a cooperativa devido ao seu papel no sistema de produção que contempla rotação de culturas''. afirma Karl.


Vantagens - Segundo Karl, a cevada apresenta vantagens em relação ao trigo, tanto em produtividade quanto em rentabilidade. ''No campo, existe pouca diferença, mas há uma leve tendência favorável à cevada, que nos últimos anos sofreu grande aumento de produtividade em razão do avanço da pesquisa'', argumenta. Como toda a produção é direcionada à Agromalte, os produtores cooperados não enfrentam dificuldade de liquidez para comercializar a cevada. Em contrapartida, o presidente da Agrária lembra que a cevada é uma cultura mais suscetível à intempéries climáticas e pode sofrer maior prejuízo com o excesso de chuvas.


Importação - Além da produção própria, a Agrária importa em torno de 10% a 15% do total de cevada utilizada para produção de malte para atender a demanda do mercado interno, tendo em vista que o Brasil não é autossuficiente no setor. De acordo com o analista de marketing do mercado malte da Agrária, Luciano Ducat, a venda anual da cooperativa chega a 260 mil toneladas de malte. Ao longo dos anos, a Agrária se industrializou, com a construção de moinho de trigo, maltaria, fábrica de ração e indústria de óleo. Em 2009, a maltaria passou por reforma para ampliação da capacidade produção e, atualmente, a capacidade é de 240 mil toneladas de malte por ano. Atualmente, a Agromalte é a maior maltaria do Brasil e a décima primeira do mundo. ''Quase todas as cervejarias brasileiras usam malte produzido pela Agrária'', revela.


Qualidade - Ducat ressalta que a busca por uma cerveja de maior qualidade exige matéria-prima de qualidade superior, influenciando a produção de cevada e de malte. ''O mercado de cervejas especiais está em ebulição, e a venda de malte especial cresce de 40% a 60% ao ano''. A Agrária comercializa também malte para produção de cervejas especiais e representa a maltaria alemã Weyermann. ''A busca incessante por qualidade está presente em todos os trabalhos da cooperativa, desde a criação e teste de novas cultivares até a produção de malte na cervejaria'', salienta.


ISO - A maltaria da Agrária foi a primeira do País a obter a ISO 22000, uma certificação relacionada à segurança alimentar. O coordenador da Agromalte, Vilmar Schussler, afirma que o processo de produção de malte dura seis dias. Ele explica que, após secar, a cevada é beneficiada e armazenada, onde passa por classificação. ''No início, aumentamos a umidade da cevada para estimular a germinação. O processo de germinação dura quatro dias, com temperatura e umidade controladas. O produto segue, então, para a estufa, onde permanece por 20 horas para secagem'', explica. Schussler lembra que a cor e o aroma da cerveja são resultado do malte utilizado. (Folha Rural / Folha de Londrina)

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