BALANÇA COMERCIAL: Agronegócio deve perder R$ 10,25 bilhões em 2006, diz Cepea

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Indiferente a importância decisiva do agronegócio para o superávit da balança comercial e o crescimento e desenvolvimento da economia brasileira, estudo do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq-USP, em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), estimada que neste ano teremos queda de 1,91% na renda do produtor rural em relação a 2005. Ou seja, a retração será de R$ 10,25 bilhões em relação ao mesmo período de 2005, assim, a projeção anual do CEPEA-USP/CNA indica que o PIB do setor será de R$ 527,38 bilhões em 2006, contra os R$ 537,63 bilhões de 2005. Em 2005 o país registrou queda de 4,66%.

Retração - Segundo os dados dos cálculos do PIB do Agronegócio Cepea-USP/CNA, que utilizada dados dos insumos não agropecuários, da agropecuária, Industria, Distribuição e ainda segmenta separadamente os números dos setores da agricultura e da pecuária, com dados do mês de maio de 2006, sobre o PIB do agronegócio, os números evidência que há tendência de manutenção da crise no setor rural brasileiro. No setor da agropecuária brasileira a retração é de 3,99% na renda rural em 2006, o que corresponde a perdas de R$ 6,1 bilhões, se mantidas as mesmas taxas de crescimento mensais para os próximos meses do ano. Com isso, o PIB da agropecuária (setor primário) atinge uma projeção negativa para 2006, que será de R$ 146,94 bilhões, ante os R$ 153,04 bilhões de 2005.

Estimativa - A projeção nos segmentos agrícola e da pecuária, que acusaram retração de 1,61% na agricultura e 1,78% na pecuária nos primeiros cinco meses de 2006. As quedas projetam, para 2006, o PIB da agricultura no patamar de R$ 81,95 bilhões, ante os R$ 85,20 bilhões de 2005 (queda de 3,81%). Para a pecuária, as estimativas para o ano são de R$ 64,99 bilhões, contra os R$ 67,84 bilhões obtidos em 2005 (queda de 4,21%). O resultado para maio, do PIB da agricultura, acusou redução da taxa de crescimento de 0,19%. O PIB da pecuária apresentou variação negativa de 0,30% no mês analisado. Com esses desempenhos, o setor da agropecuária acusou uma retração do seu PIB, no acumulado de janeiro a maio de 1,68%, registrando uma taxa de variação negativa de 0,24% em maio. Essas estimativas nos dão uma dimensão da dificuldade financeira do agricultor, em que uma das principais causas se encontra na queda dos preços pagos ao produtor, com reflexos negativos sobre todo o sistema do agronegócio brasileiro.

Preços em queda - Os dados da pesquisa mostram que embora nos cinco primeiros meses desse ano a lavoura (agricultura) registrou expansão de 1,58% na produção física, os preços médios reais apresentaram quedas de 3,13%. A pecuária apresentou retração dos preços médios reais dos seus produtos em torno de 3,25%, enquanto a produção física aumentou ao redor de 1,52%. Assim, o PIB (Produto Interno Bruto) do agronegócio, mensurado pelo conceito global, nos cinco primeiros meses desse ano, registrou quedas generalizadas na pecuária (-1,84%), agricultura (-0,41%) e na agropecuária (-0,83%). Segundo o CEPEA-USP/CNA, em maio, as taxas mensais de crescimento do PIB do agronegócio registraram retrações para a pecuária (-0,32%), para a agricultura (-0,07%) e para a agropecuária (-0,14%). A justificativa para essa queda se localiza no setor primário.

Insumos - A pesquisa registrou, também, significativa retração nos índices econômicos relativos aos setores que operam no fornecimento de insumos, refletindo, novamente, a crise do campo. Para a agricultura, o setor de insumos acusou retração de 0,36% em maio e decréscimo acumulado de 2,68% de janeiro a maio. A taxa relativa aos insumos utilizados pelos pecuaristas apresentou queda percentual de 0,33%, em maio, e taxa acumulada negativa de 1,37% de janeiro a maio. Para a agropecuária, o segmento de insumos apresentou retração de 2,16% no PIB do setor no acumulado dos cinco primeiros meses do ano, com desaceleração de 0,35% em maio. Indústria empata no acumulado do ano, mas tendência é de queda

Agronegócio - Apesar do complexo industrial do agronegócio brasileiro da agropecuária e do processamento vegetal apresentarem altas no acumulado do ano, em maio, os resultados foram negativos. O PIB do setor industrial do agronegócio da agropecuária, em maio, acusou retração de 0,06%, mas acumula, de janeiro a maio, crescimento de 0,07%. O setor de processamento vegetal (agricultura) registrou redução de 0,02% em maio, mas expansão de 0,41% no acumulado dos cinco primeiros meses do ano. O PIB do setor de processamento pecuarista apresentou retração de 0,33% em maio, fazendo com que o valor de seu PIB, no acumulado de janeiro a maio, registre um decréscimo de 1,9%.

Crise - O segmento de distribuição também apresenta estatísticas de evolução negativa do PIB de 0,07% para o complexo do agronegócio da agricultura, no acumulado do ano. Em maio, a taxa foi de expansão de 0,02%. Para a pecuária, o PIB dos serviços decresceu em maio 0,35%, e no acumulado do ano, atingiu o índice negativo de 2,08%. O PIB de distribuição da agropecuária como um todo decresceu 0,68% no acumulado do ano, registrando redução de 0,09% em maio. Esses resultados chamam a atenção, mais uma vez, para a crise atual da agropecuária brasileira que dificilmente será resolvida com medidas de curto prazo, e deveria ser pontualmente observada pelos formuladores de políticas econômicas, assegurando um nível de investimento público capaz de manter a competitividade do agronegócio, uma vez que esse segmento tem sido decisivo para o superávit da balança comercial e para o crescimento e desenvolvimento da economia brasileira. A informação é do Cepea/CNA. (Portal do Fazendeiro)

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