Área plantada no Arenito Caiuá cresce 18% em um ano

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O espaço ocupado por pastagens na única fronteira agrícola do Paraná, o Arenito Caiuá, vem diminuindo nos últimos oito anos. A criação de gado é substituída por culturas como soja, milho, trigo e aveia em um programa de recuperação do solo que promete devolver ao Noroeste do estado a produtividade perdida durante anos de exploração descontrolada. Nesta safra de verão, perto de 720 mil hectares da região estão ocupados com plantações – espaço 18% maior do que no ano anterior. A tendência é que esse movimento de expansão continue nos próximos anos.

Recuperação - Em 1997, quando começou o programa de recuperação das terras na região, o cenário no Caiuá era desanimador. A área de 3,2 milhões de hectares – cerca de 16% do território paranaense – era ocupada, na maior parte, por pastagens pouco produtivas que substituíram o café, cultivado até 1975, quando uma forte geada destruiu as plantações. As duas atividades foram conduzidas sem maiores cuidados com adubação e reposição de nutrientes, o que levou à degradação do solo. “As pastagens estavam completamente degradadas e pouco produtivas. Mas isso não significa que a terra seja ruim. Só precisa de um manejo diferente”, conta o engenheiro agrônomo Antônio Sacoman, da Cocamar. O ponto de partida do projeto de recuperação do solo foi o desenvolvimento de técnicas adaptadas à região. Técnicos do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), da Emater, da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e da própria Cocamar participaram do desenvolvimento da idéia.

Potencialidade - A chave para fazer pastagens sustentáveis está na rotação de lavouras. Durante alguns anos, as áreas degradadas recebem o plantio direto de culturas como soja e aveia. Os agrônomos recomendam que a terra seja semeada no inverno para que fique protegida das chuvas fortes do início do verão. Em seguida, o agricultor pode optar por outra variedade. A perspectiva de atingir uma boa produtividade em uma região onde as terras são mais baratas do que no Norte do estado e com vantagens logísticas sobre outras fronteiras agrícolas tem atraído produtores que desejam ampliar a área plantada. O agricultor Josias Lopes, por exemplo, arrendou 80 alqueires em Umuarama para semear soja. Neste ano ele fez o primeiro plantio e diz estar empolgado. Lopes mantém há décadas uma fazenda em Maringá e decidiu investir no Noroeste após ouvir sobre o potencial do arenito. “Se a produção for boa, pretendo me mudar para a região de Umuarama, onde ainda tem muita terra para ser explorada”, afirma.

Expectativa - As altas cotações da soja nos últimos dois anos fizeram com que os agricultores do Noroeste atrasassem a opção pela combinação lavoura/gado. A partir de 2005, com o retorno dos preços do grão para os patamares “normais”, algumas fazendas devem voltar para a pecuária. A produtividade promete ser pelo menos dez vezes maior do que antes da rotação, chegando a 600 quilos de carne por ano em cada hectare. Isso não significa que a introdução de outras culturas será interrompida. Segundo Sacoman, os 2 milhões de hectares que ainda têm pastagens precisam ser recuperados. A estimativa da Cocamar é que a área plantada com soja em 2010 passe dos 900 mil hectares, com uma produção de 2,7 milhões de toneladas.

Crescimento - Há 20 anos Lugnani acompanha o processo de desenvolvimento do Noroeste e pela primeira vez, segundo ele, a perspectiva de crescimento econômico parece sólida. “Os municípios que entraram no projeto de revitalização do solo já sentem o valor adicionado ao comércio e à arrecadação”, diz. “Tentamos outras atividades alternativas, como a criação do bicho da seda e a introdução de frutas, mas nada se iguala à soja e ao milho”, comenta. Na opinião do professor, o único risco para a tendência de expansão no Noroeste é necessidade de manutenção contínua da terra cultivada. “Se os agricultores não seguirem à risca a metodologia criada pelos agrônomos, o crescimento não será sustentável.”

Sucesso - Um dos sinais do sucesso do projeto no arenito é o inchaço nos preços da terra. Até 1997, o alqueire era negociado por valores entre R$ 3 mil e R$ 4 mil. O plantio de soja e outras variedades atiçou a cobiça de agricultores de outras cidades e agora o alqueire é vendido por no mínimo R$ 25 mil – até mesmo em locais que ainda não foram recuperados. O motivo para a valorização é simples: como não há outras fronteiras agrícolas no estado, o produtor que quiser aumentar a área plantada pode ir para o Centro-Oeste, para o Norte do país ou para o Caiuá, que é mais perto do Porto de Paranaguá. (Gazeta do Povo)

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