AGRONEGÓCIOS II: Milho em alta faz oferta escassear

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A perspectiva de uma produção recorde de 56,2 milhões de toneladas de milho em 2007/08 não tem sido garantia de dias tranqüilos para a indústria de aves e suínos. Diante dos preços elevados do milho nos mercados interno e externo, e a possibilidade de novas altas, produtores estão restringindo as ofertas do grão, o que torna a comercialização mais lenta, segundo fontes da indústria e analistas. "A comercialização de milho está lenta, o produtor está vendendo soja para a aproveitar os preços bons", comenta Paulo Molinari, da Safras&Mercado.

Variação de preço - Uma fonte da indústria de aves diz que o quadro preocupa e que não é possível repassar toda a alta do milho para o produto final. Conforme a Safras, os preços atuais do milho no mercado disponível do Paraná variam entre R$ 22,50 e R$ 24,00 a saca, em média. Em abril de 2007, a média era de R$ 16,20. No porto de Paranaguá, a saca de milho estava entre R$ 25,00 e R$ 26,50 na última sexta-feira, segundo a Safras. Considerando um frete de R$ 4,00 até a região de produção, no interior paranaense, o preço no mercado doméstico estava mais atraente.

Alta dos insumos - Outro representante de grande indústria admite que há risco de a alta dos insumos atingir as margens da empresa, já que o repasse de custos pode ser acompanhado de menor volume. Molinari avalia que o setor de aves e suínos terá de se adaptar ao novo quadro e corrigir os preços para cima. "Não se trata de uma bolha especulativa. Estamos num cenário de mudança de patamar de preços [dos insumos]", afirma. Essa mudança decorre principalmente da maior demanda pelo milho para produção de etanol nos EUA. Nesse quadro, o Brasil avançou no mercado externo e a expectativa é de que exporte 11 milhões de toneladas na atual safra.

Custo de produção - As grandes empresas de aves e suínos têm mais mecanismos para minimizar a elevação dos preços do insumo, mas as menores já sofrem e algumas podem não agüentar a pressão de alta. Enquanto o custo de produção em São Paulo, onde existem avicultores independentes, já alcança R$ 1,65 a R$ 1,70 por quilo, a cotação do frango vivo na granja está em R$ 1,35 por quilo, conforme levantamento da Jox. Além de enfrentar maiores custos, o setor de aves também vive pressão de oferta. Dados do mercado indicam que o alojamento de pintos alcançou entre 440 milhões e 442 milhões de cabeças em março. (Valor Econômico)

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