AGRICULTURA: Estiagem no PR provoca prejuízos de R$ 1,5 bilhão na safra de verão

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A estiagem que afetou o Paraná com mais intensidade entre os meses de novembro e dezembro provocou prejuízos à safra de verão 2008/09, a mais importante do Estado. Em entrevista coletiva realizada na sexta-feira (19/12), o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Valter Bianchini, disse que os prejuízos causados pela estiagem foram avaliados em R$ 1,5 bilhão com a perda de 2,97 milhões de toneladas nas lavouras de feijão, milho, soja, fumo, batata e cebola.

Produção - Segundo o secretário, o Paraná vai colher 19 milhões de toneladas, considerando somente os grãos, e não mais os 21,7 milhões de toneladas, conforme a previsão inicial. "Como tudo o que acontece na agricultura paranaense tem reflexos no cenário nacional, os prejuízos apurados até agora certamente vão atingir o bolso do consumidor", avaliou Bianchini.

Feijão - O primeiro impacto já será sentido no preço do feijão, que foi a cultura mais atingida até agora com a falta de chuvas. Relatório do Departamento de Economia Rural (Deral) sobre os impactos do clima na safra de verão 08/09, aponta quebra de produção de 25,5% da safra de feijão. O Paraná é o maior produtor de feijão do País e previa colher 610,5 mil toneladas na primeira safra. Com a estiagem, deverá colher 454,8 mil toneladas, uma redução de 155,7 mil toneladas, que deverá acarretar prejuízos de R$ 260,8 milhões aos produtores.

Preços - Segundo Bianchini, historicamente um volume colhido de 450 mil toneladas de feijão representa uma boa produção no Estado, mas aguardava-se um volume maior na colheita para contribuir com a estabilização dos preços no mercado. Com a quebra de safra, os preços que vinham começando a cair para o consumidor retomaram a tendência de alta.  No mercado atacadista, o preço da saca de feijão já reagiu 25%, passando de R$ 80,00 a saca para R$ 100,00 a saca.

Milho - O milho, outra cultura que o Paraná se destaca como maior produtor do País, foi bastante prejudicado, com uma quebra de 20%. A falta de chuvas ocorrida entre meados de novembro a dezembro foi muito prejudicial às lavouras porque elas estavam nas fases de floração e frutificação, que são as mais vulneráveis ao déficit hídrico, portanto as perdas foram irreversíveis. Conforme levantamento do Deral, foi a maior quebra em volume de produção. A previsão inicial era colher 8,73 milhões de toneladas de milho e a estimativa atual prevê a produção de 6,98 milhões de toneladas, que corresponde a uma perda de 1,75 milhão de toneladas e prejuízos avaliados em R$ 443,8 milhões. Bianchini acredita que o volume de milho perdido poderá ser recuperado na safrinha. "Se o preço do milho reagir acima de R$ 15,00 a saca a tendência do agricultor será recuperar as perdas na safrinha", afirmou.

Áreas mais afetadas - As regiões mais castigadas com a perda do milho foram Campo Mourão, Cascavel, Francisco Beltrão, Guarapuava, Irati, Laranjeiras do Sul, Pato Branco e Ponta Grossa. Juntas essas oito regiões respondem por 60% da produção estadual.

Soja - A soja, por ser uma cultura que foi plantada mais tarde, sofreu menos. Mas o prejuízo financeiro é maior em decorrência do valor do grão nos mercados interno e externo. O Deral estima uma redução de 8,3%, que corresponde a uma quebra de produção de 1,02 milhão de toneladas e prejuízos avaliados em R$ 673,5 milhões. A estimativa inicial previa uma produção de 12,23 milhões de toneladas, que foi reduzida para R$ 11,21 milhões. As lavouras prejudicadas estavam em floração e iniciaram a frutificação em pleno período de estiagem. Lavouras plantadas no início de novembro ainda podem se desenvolver e ter boa produtividade. As maiores perdas foram verificadas nas regiões de Campo Mourão, Cascavel, Cornélio Procópio, Francisco Beltrão, Londrina e Toledo. Essas seis regiões respondem por 53% da produção estadual.

Recuperação - De acordo com o gerente técnico e econômico do Sistema Ocepar, Flávio Turra, a expectativa é que algumas culturas, em especial a soja, se recuperem. "A maior parte das lavouras está na fase de floração e granação, mas se as condições climáticas colaborarem, ou seja, se o verão apresentar um regime de chuvas normal no Paraná, há grandes chances de recuperação", afirmou.

Seguro Agrícola - Bianchini anunciou ainda que já foram feitas 10 mil solicitações de seguro agrícola em decorrência da estiagem. Para agilizar o levantamento de campo, a Emater-PR irá colocar cerca de 100 técnicos de campo para atender os agricultores. Segundo o secretário, as lavouras asseguradas por financiamentos agrícolas e principalmente junto ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) terão o amparo do Proagro que prevê uma receita adicional de R$ 1.500,00 para o agricultor familiar esperar até a próxima safra. Para as demais culturas, a previsão é solicitar junto às instituições financeiras a criação de novas linhas de crédito a partir de janeiro de 2009 para financiar novos plantios de feijão e milho. (Com informações Agência Estadual de Notícias)

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