A crise e o desempenho do agronegócio em 2005

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Dilceu Sperafico(*)
O agronegócio brasileiro continua rendendo boas safras e excelentes notícias. Em 2005, apesar da estiagem, juros altos, tributação excessiva, falta de garantia aos preços mínimos, queda do dólar e preços dos produtos agrícolas e volta da aftosa, as exportações e saldo comercial da agropecuária nacional foram novamente recordes.

No período, as vendas externas somaram 43,6 bilhões de dólares, valor 11,8% superior ao montante das exportações em 2004, de 39 bilhões de dólares. O saldo comercial do setor somou 38,4 bilhões de dólares, 12,6% maior que o resultado de 34,1 bilhões de dólares alcançado no ano anterior.

As exportações do agronegócio representaram 37% de todas as vendas externas do País em 2005, o que dá a dimensão exata da importância do setor para a economia nacional. A atividade, como se sabe, abrange geração de empregos, agregação de valores à produção primária, recolhimento de tributos e captação de divisas.

Os números positivos são oficiais, da Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio (SRI), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), divulgados há poucos dias. O balanço comercial do setor agropecuário nacional revelou também os grupos de produtos que mais contribuíram para o aumento das exportações.

Foram os de carnes, com 31% das vendas externas; de café, com 42%; e de açúcar e álcool, com 49%. Eles compensaram perdas do complexo soja, cujo valor comercializado caiu 5,7%. O valor obtido nas vendas externas da oleaginosa totalizou 9,4 bilhões de dólares em 2005, contra 10 bilhões no ano anterior.

A queda deveu-se à redução de 15% nos preços do grão e derivados da soja no mercado internacional. Este, no entanto, foi apenas um dos fatores negativos enfrentados pelo agronegócio brasileiro no período. Os problemas sanitários, com focos da febre aftosa, por exemplo, também atingiram as vendas externas da agropecuária nacional.

Mesmo assim, as exportações de carnes somaram oito bilhões de dólares em 2005, contra 6,1 bilhões em 2004, graças à elevação de 5% nos preços da carne bovina, de 17% nos preços da carne de frango e 22,6% nos preços da carne suína.

Os aumentos nas cotações das proteínas de origem animal no mercado internacional de alimentos, tiveram reflexos altamente positivos nas cadeias produtivas da suinocultura e da avicultura de corte do Oeste do Paraná, beneficiando empresas, cooperativas e produtores.

Em nível nacional, o valor das exportações de carne de frango cresceu 33% em 2005 na comparação com 2004, chegando a 3,3 bilhões de dólares. Já as vendas externas de carne suína apresentaram expansão ainda maior, de 50,9%, somando 1,1 bilhão de dólares.

São números animadores, mas que dificilmente serão superados em 2006, porque as culturas de milho e soja enfrentam nova estiagem no Sul do País e houve redução do uso de tecnologia no Centro-Oeste, onde muitos produtores não conseguiram cultivar as terras como desejavam.

As previsões oficiais ainda são de aumento na produção de grãos na safra 2005/2006, mas somente a colheita vai confirmar a estimativa otimista. Já as exportações de carne bovina iniciaram o ano enfrentando restrições de países importadores, devido ao retorno da aftosa ao rebanho nacional.

Restam ainda os problemas climáticos, com enormes prejuízos aos agricultores. Livres dessas dificuldades talvez somente os produtores de álcool e biodiesel, pois os combustíveis alternativos têm mercado em expansão, devido aos preços do petróleo, cujas reservas são finitas, e preocupações crescentes com as questões ambientais.

Mesmo assim, estamos torcendo e contribuindo no possível, para que nossos bravos agricultores resistam mais uma vez às adversidades e continuem contribuindo decisivamente para o desenvolvimento econômico e bem-estar social do País.

(*) Deputado federal pelo Paraná.


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