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A ECONOMIA DA COOPERAÇÃO1
Prof. Sigismundo Bialoskorski Neto2
Quando se faz referencia a economia da cooperação pode-se ter como foco níveis microeconômicos, mesoeconômicos e macroeconômicos, bem como diferentes abordagens, isto é, quanto à lógica neoclássica e da teoria de jogos, quanto à análise da NEI - Nova Economia Institucional e de Custos de Transação, da agency theory ou ainda quanto aos impactos do cooperativismo na economia e no desenvolvimento local.
Desta forma, objetiva-se com o tema Economia da Cooperação no Seminário Internacional de Tendências do Cooperativismo Contemporâneo a discussão da importância da cooperação e do cooperativismo na economia das nações, permeada por seus preceitos doutrinários fundamentais e pela lógica socialista utópica, criando-se condições para o desenvolvimento, para a geração de renda, para a distribuição desta renda, bem como para regular mercados concentrados e incrementar o poder de barganha dos agentes econômicos sustentando assim a democracia e a paz.
Assim, o cooperativismo se coloca não somente como um movimento internacional de relevada importância, pois está presente na totalidade de países e é organizado pela maior e mais antiga ONG do mundo, mas ainda se coloca como uma importante organização permeada de objetivos econômicos que propiciam por um lado o estoque de capital social e de outro a geração de resultados econômicos.
Estes resultados diferem dos resultados de capital pois apresentam uma origem em demandas sociais e não da necessidade do capital ou de suas corporações. Estes resultados portanto, apresentam características diferenciadas na sua geração e na sua distribuição, uma vez que esta é proporcional ao fator de produção trabalho e não proporcional ao fator de produção capital, ainda o cooperativismo representa a possibilidade de acrescer regionalmente os níveis de capital e bem estar, pois a geração de renda e sua distribuição se estabelecem e ocorrem no próprio local.
A outra característica importante é o fato de que a cooperação se antepõe a idéia de concorrência, competição e marginalização, isto implica em uma diferente postura do agente econômico e de atuação em sua lógica.
A cooperação se coloca como uma possibilidade de abrandamento de desigualdades e marginalização, deste modo, a cooperação é a forma de organização econômica que propicia a integração econômica do agente marginalizado, ou seja, cria condições institucionais de construção de uma economia baseada no igualitarismo, na distribuição das oportunidades, e no crescimento. Esta situação pressupõe porém a existência de coalizão estável de interesses, um jogo sem assimetrias de informação, e uma situação onde a ética deverá se sobrepor aos interesses de maximização neoclássica.
Neste sentido, o igualitarismo no qual o cooperativismo está assentado possibilita a oportunidade de crescimento econômico, de bem estar, e de ética social essenciais para o estabelecimento de uma sociedade permeada de critérios mais justos, e deste modo, permite condições econômicas plenas de estabelecimento da democracia, hoje ameaçada pela violência da marginalização social criada no bojo da lógica do processo de maximização das funções de produção e de lucro, e assim permitiria a paz social.
O cooperativismo, fruto das discussões do socialismo utópico, se torna então uma via de desenvolvimento social e de organização da economia, mas somente se em seus objetivos econômico apresente eficiência econômica, em suas funções sociais apresente eficácia social, e deste modo, incrementando-se as oportunidades aos agentes econômicos, o igualitarismo, a geração de renda e a sua distribuição - proporcional ao fator de produção trabalho - o cooperativismo se insere como a condição institucional necessária para resguardar a democracia e a paz.
Cooperação, eficiência econômica, eficácia social, democracia e paz.
1 Texto especialmente preparado para a OCB.
2 Professor da FEA/Fundace/USP - Ribeirão Preto - Paulo -
