Otimismo na OMC com a reunião de Davos
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Um ar de otimismo soprou no sábado, ao término da reunião informal convocada pela Organização Mundial do Comércio (OMC) com quase cinqüenta países, que se comprometeram a chegar a acordos preliminares no final de julho e a se reunir quantas vezes for necessário para manter o impulso. Os negociadores da Rodada de Doha se fixaram essa data como prazo para reduzir ao mínimo suas divergências quanto à liberalização do comércio mundial. Para aplanar o caminho decidiram se reunir de novo em março no Quênia, a convite do ministro de Comércio desse país, Mikhusa Kituyi. O objetivo é chegar à Conferência Ministerial da OMC, que será realizada de 13 a 18 de dezembro em Hong Kong, com avanços suficientes em temas-chave como agricultura, serviços e normas de acesso aos mercados para produtos não agrícolas, que estão muito atrasados.
Problemas pendentes - "Os ministros deverão se apresentar com os assuntos específicos não resolvidos até o momento por seus negociadores e, além disso, com possíveis soluções", disse o ministro da Economia da Suíça, Joseph Deiss, o anfitrião do encontro. Fontes da OMC disseram que antes das férias de agosto, "se deve ter um texto sobre agricultura e normas de acesso a mercados para produtos industriais" que deixe claro o trabalho a realizar nos meses seguintes. "A reunião teve um início muito construtivo e o ambiente das nego-ciações foi de sério compromisso para avançar em 2005 e concluir em 2006", disse o Representante de Co-mércio dos EUA, Robert Zoellick. Por sua vez, o comissário europeu de Comércio, Peter Mandelson, esteve de acordo em que há "evidente consenso" para avançar de maneira paralela em todos os temas pendentes nes-tas negociações que buscam aprofundar a liberalização do comércio mundial.
Avançar em todos os setores - Zoellick indicou ao término da reunião que os países presentes em Davos concordaram "que é preciso avançar em todos os setores, em agricultura, em serviços, em normas (incluindo a facilitação do comércio), e fazê-lo com um sentido de equilíbrio", aproveitando a "energia" do momento. "Até a conferência ministerial de Hong Kong o tempo é curto e a distância a percorrer muito longa. Temos que trabalhar muito duro e necessitamos de ambição e equilíbrio em todos os temas a negociar", disse Man-delson. Os ministros aplainarão suas diferenças através de várias reuniões informais ao longo do ano, das quais a primeira será a do Quênia, e depois fixarão outras duas ou três até chegar a Hong Kong nas melhores condições possíveis. No entanto, as decisões que adotarem terão que ser consultados com os demais membros da OMC, que no total são 148. Em Davos estiveram presentes 22 países, mais os 25 da União Européia (UE), representados pelos comissários europeus de Comércio, Peter Mandelson, e de Agricultura, Mariann Fischer. Até agora, países desenvolvidos e em desenvolvimento se responsabilizaram mutuamente pela lentidão da Rodada de Desenvolvimento de Doha (2001), atrasada desde o fracasso da Conferência Ministerial de Cancún em setembro de 2003.
Prioridade para a agricultura - Para o ministro de Exteriores do Brasil, Celso Amorim, se deve dar priori-dade "ao tema agrícola porque é o que ficou para trás. É preciso fazer mais para chegar, não digo a um nível igual, mas próximo ao alcançado em outros setores". Em paralelo a esta reunião informal, os países do Grupo dos Vinte (G20) -formado por países em desenvolvimento economias emergentes como Brasil, China e Índia- realizaram outro encontro para perfilar seus interesses frente à UE e os EUA. "O G20 é um instrumento fun-damental para chegar a um acordo nesta Roddaa. O G20 organizou as posições dos países em desenvolvimen-to, não somente dos grandes, mas também de outros menos desenvolvidos como a Tanzânia", disse Amorim.