ENCONTROS DE NÚCLEOS: Anfitriãs do evento do Centro-Sul destacam a importância da intercooperação
- Artigos em destaque na home: Nenhum
Representantes das cooperativas anfitriãs do Encontro de Núcleo da região Centro-Sul realizado na sexta-feira (15/03), em Carambeí, nos Campos Gerais, ressaltaram a importância da intercooperação para o avanço das atividades desenvolvidas por meio do modelo cooperativista. O presidente da Cooperativa Paranaense de Turismo (Cooptur), Dick Carlos de Geus, que já presidiu a Ocepar entre 1993 e 1995, fez questão de ressaltar sobre o "importante papel do sistema em trazer para o conhecimento da base, os mais diversos assuntos nos Núcleos. As principais iniciativas de intercooperação nasceram em reuniões como essas", frisou.
Apresentação - O vice-presidente Márcio Canto iniciou sua apresentação sobre a Cooptur, que faz 20 anos em 2024, afirmando que dificilmente ela sobreviveria se não fosse o fato de ser uma cooperativa. “Nascemos dentro da Ocepar, que encampou esse projeto e viabilizou a primeira cooperativa de empreendedores de turismo do Brasil. Nossos cooperados são donos de hotel e de restaurante, artesãos, todos os profissionais ligados ao nosso segmento estão contemplados”, afirmou. “Nós somos uma cooperativa diferente de todas. Senão a única, uma das pouquíssimas que atuam como operadora de turismo do Brasil. E nós só existimos por causa do cooperativismo”, complementou.
Roteiros técnicos - De acordo com ele, o negócio da Cooptur é levar as pessoas para viajar, principalmente pelo Paraná. No entanto, o estado não é reconhecido por suas atrações turísticas. “O ponto mais conhecido é Foz do Iguaçu. Ninguém se lembra de Carambeí, Lapa, Guarapuava, Palmeira, Prudentópolis, esses outros lugares. E a gente nasceu com essa missão de levar o turismo para dentro desses lugares”, frisou. Canto também citou que, com apoio do Sistema Ocepar, a cooperativa passou a desenvolver o projeto Imersão em Cooperativismo. “Foi um sucesso. Nós começamos a operar roteiros com cooperativas, conhecendo cooperativas e cooperados, além de sistemas produtivos. A Cooptur se viabilizou dessa forma. Nós fomos aprendendo mais e hoje nós somos uma cooperativa, uma operadora de turismo especializada em roteiros técnicos voltados ao agronegócio e cooperativismo.”
Impacto positivo - Canto prosseguiu, destacando o impacto positivo da conjugação do turismo com o cooperativismo. “O turismo é a soma de várias pessoas, de várias cadeias produtivas. E por que não unir mais o cooperativismo e o turismo, nos moldes que a gente faz? Se a gente juntar esses dois setores, nós temos 14% do PIB. Então, nada mais inteligente do que unir isso, inclusive em nível de Brasil. O turismo é uma indústria limpa, uma indústria do futuro. É onde a gente gera receita para uma cadeia muito grande de pessoas e players. E, se nós juntarmos essas duas atividades, nós podemos prospectar e expandir novos negócios, agregar valor por meio de atividades turísticas nas regiões onde as cooperativas estão, estimular o empreendedorismo, integrar as cooperativas às comunidades, seguindo o sétimo princípio do cooperativismo, que é o interesse pela comunidade. Quantos lugares pequenos existem no Paraná que poderiam estar recebendo turistas e se desenvolvendo mais, que é um modelo que a gente pratica aqui. Ou seja, se não fosse essa integração com as cooperativas, essa intercooperação, a gente nem existiria”, acrescentou.
Outros grupos - O vice-presidente a Cooptur disse que a cooperativa também atende outros grupos que vêm de fora do estado e até de outros países, com foco em cooperativismo ou agronegócio. “A gente recebe pessoas da América Latina, Chile, Colômbia, de outros estados, outras instituições, outras Organizações Estaduais de Cooperativas. Nós conseguimos formatar roteiros pelo estado inteiro e também estamos levando pessoas do Brasil para outros países da América Latina. Por meio de parceiros, temos roteiros para Argentina, Chile, Colômbia, Paraguai, onde conseguimos mostrar os modelos produtivos desses países também para as pessoas da nossa região, do nosso estado e de outros estados também”, acrescentou.
Conhecimento - Canto também falou sobre os outros produtos e serviços que a Cooptur oferece, que alia o turismo e conhecimento sobre cooperativismo, como o intercoop, um programa de treinamento, e a Gincoop, Gincana do Cooperativismo, criada com apoio do Sistema Ocepar na época da pandemia, que estimula aprender mais sobre o movimento cooperativista de forma divertida e dinâmica. “A Gincoop nasceu no online e hoje é presencial. Temos feito com grupos de 20 até 400 pessoas, no Brasil todo”, disse. Além disso, atualmente a cooperativa também atua com palestras, produção de vídeo, iniciativas ligadas à cultura, capacitação em turismo, entre outras atividades. Também foi convidada pelo Sistema OCB a elaborar um Plano Nacional de Turismo Cooperativo. “Nossa trajetória foi difícil, apanhamos muito mas hoje estamos nesse estágio. Chegamos a esse ponto graças ao Sescoop/PR. Se não fosse esse apoio seria muito mais difícil”, ressaltou.
Alianças estratégicas - Renato Greidanus, presidente da Frísia, também anfitriã do evento ocorrido na sexta-feira (15/03), em Carambeí, iniciou sua fala lembrando que, em 2024, a cooperativa completa o seu centenário. Ele reforçou as palavras do vice-presidente da Cooptur, Márcio Canto, sobre a importância das cooperativas ser unirem para fortalecer os seus negócios. “Como o Márcio colocou, a gente tem que olhar cada vez mais para as alianças estratégicas no cooperativismo. A intercooperação nasceu na nossa região, tem sido um sucesso naquilo que a gente se propôs a fazer em conjunto como cooperativas, mas ainda há muitas oportunidades. Eu vejo que as oportunidades não precisam estar restritas somente à região onde estamos. Tem muitas coisas que podemos fazer em conjunto”, afirmou.
Maltaria - O nosso último exemplo é a Maltaria Campos Gerais. Nós conseguimos acomodar a identidade de cada cooperado, dentro da sua cooperativa. Estamos projetando um negócio que irá receber quase R$ 2 bilhões de investimento, em seis cooperativas: Agrária (Guarapuava), Bom Jesus (Lapa), Capal (Arapoti), Castrolanda (Castro), Coopagrícola (Ponta Grossa) e Frísia (Carambeí). Isso mostra que dá para fazer muita coisa. Quando a gente quer, senta-se à mesa e planeja como atuar no mercado”, disse. “Fico feliz em saber que nesse último movimento que fizemos com a Maltaria nós não ficamos restritos somete às cooperativas de origem holandesa. A gente conseguiu buscar cooperativas de outras regiões e fazer um projeto em conjunto. Temos que fazer mais esse exercício”, sublinhou.
Mercado - “Porque a gente consegue administrar muito bem a produção dentro dos ambientes de cada cooperativa. Mas para fazer um trabalho visando ir para um mercado, seja no B2B ou B2C, é preciso realmente pensar em fazer mais em conjunto, tentar construir modelos de nos fortaleçam. Que possam nos proteger principalmente de players que não são do modelo cooperativista. Esse é um reforço. Temos que continuar exercitando isso. Pensar de forma intercooperativista em outras regiões. Nesse sentido posso falar do nosso trabalho em Tocantins. De certa forma temos alguns projetos em que estamos focando em fazer em conjunto, não na base da produção, mas em investimentos da agroindustrialização. Vamos tentar achar o caminho para não precisar concorrer no mesmo ambiente. Estamos muito abertos e estamos evoluindo muito”, frisou.