Cooperativismo se reúne para debater a importância da felicidade individual e coletiva
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No último final de semana, em Curitiba, pelo segundo ano consecutivo, os cooperativistas do Paraná se reuniram para falar de felicidade. Na sexta-feira (01/11) à tarde, durante o II Fórum do Programa Felicidade Interna do Cooperativismo (FIC), no Hotel Pestana, o tema foi pauta do evento organizado pelo próprio Sistema Ocepar. No sábado (02/11) e no domingo (03/11), no Centro de Eventos do Parque Barigui, o assunto seguiu no já conhecido e tão aguardado VII Congresso Internacional de Felicidade.
De ambos os eventos, a participação dos cooperados foi um investimento do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop/PR). Responsável pela criação e desenvolvimento do FIC, o Sescoop/PR considera o Índice de Felicidade Interna Bruta (FIB, criado pela ONU) como um indicador e passivo importante não apenas para mensurar o clima organizacional, mas, principalmente, para a produtividade e resultados.
“O Programa tem crescido bastante. Hoje, podemos dizer que o FIC tem indicadores muito claros”, afirma Eliane Goulart, coordenadora de Cooperativismo do Sescoop/PR.
Segundo ela, quando uma cooperativa inicia o programa, é feito um diagnóstico para saber se as pessoas se sentem felizes na cooperativa. Com os dados coletados, é traçado um plano de ação e o trabalho para melhorar os índices começa.
“Estamos muito felizes porque, à medida que os indicadores crescem e a demanda das cooperativas por ele aumenta significa que a metodologia é boa e tem trazido resultados de bem-estar, qualidade de vida e felicidade para as pessoas no ambiente de trabalho”, completa.
Ainda segundo Eliane, dentro do desenvolvimento do programa, o Fórum é um espaço de compartilhamento de experiências e propagação dos bons resultados e benefícios que o programa tem gerado.
Tarde de felicidade
A programação do II Fórum FIC começou com palestra de Gustavo Arns, mestre em estudos da felicidade e idealizador do Congresso Internacional de Felicidade. “É uma honra poder estar aqui contribuindo com esse Fórum tão importante que traz cooperativas que já trabalham a felicidade para, entre si, colaborarem. Estamos aqui criando toda uma inteligência coletiva em relação ao tema”, diz Arns.
Segundo ele, o tema é relativamente novo e, neste, as cooperativas têm atuado na vanguarda – aprendendo e ensinando – para desbravar esse caminho. “Ainda hoje é como se felicidade e trabalho fossem duas palavras que não pudessem andar juntas. Eu digo que esse é apenas um sintoma do adoecimento da nossa sociedade. Então, que bom que as cooperativas estão à frente de seu tempo, nos mostrando que a felicidade no trabalho não só é possível como, também, desejável tanto para o bem do colaborador quanto para o próprio negócio”, completa o doutor no assunto.
Na prática
Na sequência da tarde de Fórum, o Sicredi Centro Sul MS/Bahia (pelo Sescoop/MS), a cooperativa Capal e a Cooperativa de Trabalho de Executivos em Gestão e Treinamento (Pluricoop) trouxeram cases e apresentaram um balanço do desenvolvimento e investimento na melhora na cultura organizacional, através do FIC.
Como afirmou Aline Brizola Solda, analista de gestão de pessoas da Capal, para a cooperativa, investir em felicidade é olhar para o ser humano. “Sem as pessoas, não conseguimos fazer nada. Com o apoio do Sescoop/PR, o programa existe na Capal desde 2022. Começou na sede e, há um ano, foi estendido a outras unidades. Com o FIC, temos acesso a informações que nos permitem traz ações mais assertivas para os resultados”, afirma. Entre as ações destacadas por Aline, estão iniciativas de incentivo à saúde física e mental, ao voluntariado, promoção de qualificação do quadro, entre outras.
Renato Marcelino, coordenador de Promoção Social, trouxe ao Fórum o projeto Felicitadores e demais atitudes pela felicidade do Sicredi Centro Sul MS/Bahia, uma das iniciativas apoiadas pelo Sescoop Mato Grosso do Sul. “A gente tem investido fortemente no FIC, desde 2022. Desde então, temos incentivado cada vez mais as cooperativas do estado a também investirem no programa e participarem do Fórum”, comenta.
No estado, segundo Renato, os trabalhos começaram em cooperativas do agro, mas agora também já estão no ramo crédito. “Visamos mesmo promover o desenvolvimento das pessoas. Principalmente quando olhamos na qualidade das relações dentro das cooperativas, temos notado resultados bastante positivos. O programa tem gerado um processo mais célere de desenvolvimento integral”, diz.
Para Cristiane Mari Tomiazzi, facilitadora do FIC na Pluricoop, o programa é desenvolvido pelo e para os colaboradores. “Quando o colaborador responde o autodiagnostico do programa e recebe seu resultado individual, já consegue perceber como está o equilíbrio entre as dimensões que compõem o programa. Assim, consegue perceber o que está afetando o seu dia a dia”, afirma.
Esse, segundo ela, é o primeiro impacto do programa. A partir daí, nos workshops é possível trabalhar sobre a disposição de cada um em melhorar o que não está bom. “O índice FIC coletivo da Cooperativa será reflexo desses índices individuais. Nós só conseguimos melhorar o coletivo, quando melhoramos individualmente. As melhorias devem ser buscadas dentro e fora da cooperativa”, completa.
Ação
A programação do Fórum foi encerrada com um workshop de escuta e diálogo generativo, com Rafize Santos, mestre em filosofia, especialista em treinamento de lideranças e TEDx speaker.
“Foi maravilhoso. Tivemos oportunidade de trocar boas práticas a partir de cases trazidos pelas próprias cooperativas”, afirma Rafize. “A minha função foi ajudar esse grupo a realizar essas trocas entre si. Para mim, felicidade é estar presente, estar onde os meus pés estão”, pontua. Para a especialista, felicidade passa pela escuta atenta do mundo e “inclusive do nosso próprio corpo”.
Saiba mais sobre o FIC
Como traz o Guia Metodológico do Programa, lançado durante este II Fórum, o objetivo do FIC é equilibrar todas as nove dimensões (bem-estar psicológico, saúde, uso do tempo, vitalidade comunitária, educação, cultura, meio ambiente, governança e padrão de vida), “gerando benefícios pessoais e profissionais, impactando positivamente a vida dos colaboradores e os resultados da cooperativa. Além disso, esse impacto pode também se estender à família, à comunidade e aos grupos de amigos dos colaboradores”.
Há 11 anos, a concepção do programa foi conduzida pelo Comitê Nacional de Promoção Social do Sescoop, com o apoio de uma consultoria especializada. A iniciativa foi discutida no encontro em Porto Alegre, em julho de 2013, e finalizada no encontro de Belém, em setembro daquele mesmo ano. Nesses eventos, foi aprovada também a criação dos indicadores de Felicidade Interna do Cooperativismo.
O Paraná foi pioneiro e significativo na implementação bem-sucedida do programa FIC no Brasil. A primeira iniciativa foi no Sicoob Metropolitano, de Maringá. Atualmente, no Paraná, são 18 cooperativas que desenvolvem o FIC, totalizando 11.928 cooperados impactados pelo programa.