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Fórum debate regulamentações ambientais internacionais

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Começou, nessa quarta-feira (23/10), o Fórum Exigências do Mercado Internacional do Sistema Ocepar. O evento discute os impactos das regulamentações ambientais internacionais para o cooperativismo paranaense. O primeiro encontro tratou do regulamento da União Europeia sobre produtos livres de desmatamento: a EUDR (sigla em inglês).

A expectativa era de que a regulamentação da União Europeia para o desmatamento passasse a vigorar a partir de dezembro deste ano. Porém, por pressão, a vigência será adiada em 12 meses.

Para entrar no mercado europeu, a EUDR exige que produtos como soja, gado, óleo de palma, madeira, cacau, café e borracha natural tenham comprovado a origem em área livre de desmatamento.

A preocupação em torno dos impactos dessa nova legislação é mundial e não apenas brasileira. As principais questões são quanto à viabilidade da comprovação e aos custos logísticos das adequações das diversas cadeias produtoras.

Defesa institucional

O presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, defende que o Brasil exija reciprocidade nas negociações. “Temos que exigir que determinado país nos cobre apenas o que ele mesmo consegue aplicar”, pontua.

O fórum, segundo Ricken, é essencial para tratar desta e de outras questões, além de reunir o apoio de entidades e somar forças na defesa institucional da cadeia produtiva. “Precisamos nos integrar nessa questão da legislação ambiental internacional porque afeta o mercado”, comenta.

O evento contou com a participação de quase 70 profissionais de equipes das cooperativas que atuam no dia a dia do mercado internacional. “Temos que entender profundamente essa questão, da mesma forma que acompanhamos de perto as questões sanitárias. Temos que estar preparados”, completa o presidente do Sistema Ocepar.

Indústria da soja

Na primeira tarde, quem abriu o debate foi o presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), André Nassar. Segundo ele, o adiamento da EUDR dá mais oportunidade e tempo para organização do setor. “Além disso, enquanto país, também temos tempo para tentar mudar a legislação”, comenta.

A maior incerteza, segundo Nassar, é como comprovar o que está sendo exigido, em vários aspectos, pela regulamentação; não apenas quanto à origem e rastreabilidade. Quanto a essa última questão, pontualmente, o presidente da Abiove afirma que “mesmo sem a lei, é tendência no mercado internacional”. “Quanto mais empresas se preparem com isso, melhor”, diz.

Atender às novas exigências do mercado europeu, para Nassar, será difícil inclusive no fluxo logístico. “Vai exigir segregação, transporte sinalizado, uso de terminais portuários individualizados; e não em pool. Vai gerar aumento de custos”, pontua.

Para o representante das indústrias, as tradings estão dispostas a mostrar como fazem - independentemente de EUDR – às cooperativas e demais produtores. “Nossas empresas estavam pressionadas a estabelecer esses corredores para fazer oferta, atender EUDR e não perder clientes. Temos que aproveitar este momento e avaliar se conseguimos trabalhar juntos. Pensar em uma estratégia política para ver se tem espaço de mudança na lei”, conclui.

Mercado do café

O segundo palestrante da tarde foi Marco Antônio Matos, diretor geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Lembrando que quase metade de todo o volume de café exportado pelo país vai para a União Europeia, Matos abriu sua fala destacam que quem deve estar de acordo com a regulamentação é o operador do mercado, independente do produto. “Para isso, são auditados os processos e por isso é importante uma relação próxima com o país de origem”, afirma.

Segundo ele, neste um ano de novo prazo para a EUDR começar a vigorar são muitos os pontos em aberto que precisam ser mais e mais bem desenvolvidos. “Se não está à mesa, está no cardápio. Eu sempre brinco com essa expressão para destacar a importância de estarmos preparados nas mesas de negociações. É nosso papel discutir e encontrar soluções”, diz Matos.

Com uma visão bem positiva sobre o momento, o representante dos exportadores brasileiros de café afirma que é possível olhar a exigência como oportunidade.

“Temos transparência, sustentabilidade é a barganha que a gente nunca teve para posicionar melhor nosso produto no mercado. Temos que colocar na balança que existe sim, se negociar com profissionalismo, a possibilidade de fazer desse limão, uma limonada”, conclui.

Próximo encontro

O fórum, voltado a gestores e profissionais das cooperativas, segue no próximo dia 4 de novembro, com um panorama sobre os desafios da cadeia produtiva da soja e café no Brasil frente aos impactos do Acordo Verde Europeu. O evento é online, com inscrições pelo https://forms.office.com/r/itNzKXy2i0.

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