TRITICULTURA PRECISA DE POLÍTICA DE LONGO PRAZO

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Embora haja expectativa de aumento de 15% na área de plantio de trigo nesta safra, o Brasil ainda está longe de colher as 6,2 milhões de toneladas obtidas na maior safra da história, em 1987. Segundo estimativa do governo, neste ano a safra nacional deverá chegar a 3,8 milhões de toneladas, contra 3,0 milhões na última safra. O presidente da Ocepar, João Paulo Koslovski, avalia que o governo está avançando em suas políticas de incentivo à produção nacional, estabelecendo um preço próximo ao reivindicado e prometendo bons mecanismos de comercialização. No entanto, Koslovski defende o estabelecimento de "uma política duradoura e estimulante para o trigo, contemplando também a alocação de recursos para custeio e comercialização, seguro rural e, sobretudo perspectivas futuras com sinalização clara e objetiva que teremos uma política consistente de médio prazo".

Seguro rural - A Ocepar considera que, apesar de muitos produtores ainda preferirem plantar o milho safrinha no período do inverno, ainda há muitas áreas propícias para a expansão das lavouras de trigo, mesmo porque o clima não é propício ao milho de inverno na maior parte do território paranaense. O estabelecimento de um seguro à produção de trigo - e não apenas ao crédito bancário - é uma das condições, segundo o presidente da Ocepar, para o aumento significativo da área de plantio. O Proagro, seguro adotado atualmente, em caso de frustração da safra cobre apenas o custo do financiamento obtido para o plantio, obrigando o agricultor a arcar com os demais custos de produção, que podem representar mais de 50% dos investimentos no plantio.

Área e produção - O Paraná deve continuar sendo o principal produtor nacional de trigo também na próxima safra, quando colherá cerca de 2,2 milhões de toneladas. Nesta safra, segundo informa a área técnica da Ocepar, a semente disponível permitirá aos produtores o plantio de 1 milhão de hectares de trigo, contra 870 mil hectares na safra anterior. A safra nacional prevista, de 3,8 milhões de toneladas, representará cerca de 36% das necessidades de consumo, estimadas em 10,5 milhões. "Já produzimos, 15 anos atrás, 3,2 milhões de toneladas. Se houver políticas consistentes, crédito e seguro da produção, em poucos anos o Paraná poderá ultrapassar a produção de 4 milhões de toneladas", estima João Paulo Koslovski. Para ele, os produtores tiveram muitas decepções do passado e observarão com cuidado o cumprimento das políticas estabelecidas antes do plantio para voltarem a adquirir confiança. De qualquer forma, Koslovski acredita numa retomada do plantio, incentivada também pela conjuntura externa, onde se observa uma redução dos estoques mundiais do produto e quebra da safra da Argentina, que é o principal país fornecedor de trigo ao Brasil.

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