TRIGO: MAIOR RENTABILIDADE AO PRODUTOR

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A redução dos estoques mundiais de trigo, a menor safra do grão na Argentina e a variação cambial devem garantir rentabilidade aos produtores nacionais de trigo este ano. Segundo estimativa feita pelo Cepea/Esalq, a produção de trigo no Paraná nesta safra deve alcançar uma margem bruta de 31,8% por hectare. No ano passado, de acordo com os cálculos do Cepea, a rentabilidade foi negativa, de 3,74%. A margem bruta é resultado da receita por hectare dividida pelos custos variáveis. Conforme a estimativa, o produtor do Estado desembolsou 13,6% a mais nesta safra para o plantio do trigo: R$ 748,59 por hectare. Em contrapartida, deve receber 55% a mais que em 2001. A projeção é de uma cotação de R$ 24,67 por saca - R$ 411 por tonelada - para outubro.

Paraná - A estimativa de orçamento para o trigo do Cepea considera a produção por meio de plantio direto, no norte do Paraná, com produtividade esperada de 2.400 quilos por hectare. Os preços de insumos e outros custos variáveis utilizados nos cálculos se referem aos meses de maio de 2001 e de 2002, época do plantio. Já os preços usados para a projeção são de outubro de 2001 e do dia 16 de agosto passado. A fonte é o Departamento de Economia Rural (Deral). A pesquisadora do Cepea Vânia Guimarães, que fez os cálculos, observa que o uso do preço de agosto é válido, uma vez que a perspectiva é de que preços não caiam tanto na safra.

Independentemente de quanto o produtor ganhará em rentabilidade este ano, um cenário é claro, segundo analistas e fontes do mercado: os preços do trigo devem se sustentar em patamares elevados, mesmo na colheita, porque há uma menor oferta mundial e a variação cambial encareceu o trigo da Argentina, de onde o Brasil adquire cerca de 90% do produto que importa. "Além dos menores estoques mundiais, o potencial de trigo exportável da Argentina deve ser menor na próxima safra", afirma Marcos Paulo Fuck, da Safras & Mercado.

Argentina - Números do governo argentino indicam uma queda de 12% na área plantada no país vizinho, para 6,285 milhões de hectares. O comportamento do dólar também deve dar sustentação ao produto nacional, avalia Fuck, porque encarece ainda mais o trigo argentino. A tonelada do produto da safra nova - que entra em dezembro - está sendo ofertada a US$ 142. Com o dólar atual, isso significa R$ 437, fora custos para internalizar o trigo. Um corretor paranaense lembra, ainda, que o produtor está capitalizado, por isso tem fôlego para segurar o trigo.

Ocepar - "Não há motivo para os preços caírem no mercado interno, já que somos importadores", avalia Flávio Turra, da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). Pelas projeções da Safras, o trigo deve alcançar R$ 450 a R$ 480 por tonelada no disponível do Paraná em setembro, ante R$ 282 em igual mês de 2001. Os moinhos de trigo reconhecem que seus custos vão crescer. Mas tudo dependerá da qualidade do cereal, observa Lawrence Pih, do Moinho Pacífico. Uma chuva na colheita, que acaba de começar, poderia afetar a qualidade do trigo e reduzir os preços. Se as condições continuarem favoráveis, porém, Pih não descarta uma cotação de R$ 450 no Paraná em outubro próximo. (Fonte: Jornal O Valor)

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